Mais de 700 migrantes da ilha grega de Lesbos, atualmente alojados num local provisório após os incêndios que atingiram o campo de Moria no início de setembro, serão transferidos para a Grécia continental, indicaram fontes oficiais.
O Ministério para as Migrações grego e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), as duas entidades que estão a coordenar a operação, informaram que 704 requerentes de asilo vão deixar esta segunda-feira a ilha de Lesbos, precisando que estes migrantes pertencem a grupos designados como vulneráveis, nomeadamente mulheres desacompanhadas, grávidas, deficientes e idosos, ou são pessoas que viram os respetivos pedidos de asilo aprovados.
Devido à sua condição, estas pessoas obtiveram o levantamento das medidas de restrição geográfica e podem ser transferidas para o território continental grego, segundo precisaram as mesmas fontes.
Um outro grupo de 700 pessoas será transferido na próxima quinta-feira, de forma a aliviar a pressão sobre a ilha de Lesbos, que acolhe atualmente mais de 14 mil requerentes de asilo.
De acordo com o ministério helénico, o objetivo é transferir um total de 2.500 migrantes e refugiados nos próximos dias.
Num comunicado, o ministro das Migrações grego, Notis Mitarachi, assegurou igualmente que nenhum “migrante menor desacompanhado” se encontra neste momento nos campos de processamento e de acolhimento de refugiados nas ilhas no mar Egeu (próximas da Turquia), também conhecidos como 'hotspots'.
Dez países da União Europeia (UE), incluindo Portugal, comprometeram-se a acolher cerca de 400 migrantes "menores desacompanhados" que foram retirados de Lesbos.
O Governo grego quer descongestionar gradualmente Lesbos, de forma a evitar a sobrelotação do novo campo de acolhimento provisório que foi erguido naquela ilha, logo após os incêndios ocorridos no início de setembro no campo de Moria e que deixaram milhares de refugiados desalojados.
Várias organizações não-governamentais (ONG) têm criticado as condições de vida no campo provisório, denunciando a falta de instalações sanitárias (chuveiros, casas de banho) e uma escassez de alimentos.
Todos os requerentes de asilo alojados no novo campo em Lesbos estão a ser testados ao novo coronavírus e só as pessoas com resultados negativos podem ser transferidas para o território continental grego.
Até à data, mais de 240 requerentes de asilo testaram positivo.
Entretanto, a polícia grega anunciou ter identificado 33 trabalhadores humanitários que alegadamente terão facilitado a imigração ilegal para a ilha de Lesbos.
A polícia helénica indicou que acredita que os suspeitos, que trabalham para quatro ONG, integram uma “rede organizada" que facilitou “sistematicamente” a imigração ilegal para Lesbos.
Uma investigação "preliminar" está em curso, avançou a mesma fonte.
Dois cidadãos estrangeiros, um afegão e um iraniano, também são suspeitos de pertencer à mesma rede, segundo avançou a televisão estatal grega ERT.
Estamos a cooperar com muitas organizações que nos estão a ajudar a lidar com a crise migratória. Mas nenhuma ação ilegal de ONG será permitida", afirmou o ministro das Migrações grego, numa reação à investigação em curso.