A União Europeia (UE) apelou esta quinta-feira a Moscovo para promover um inquérito em torno do opositor russo Alexei Navalny, que segundo o governo alemão foi envenenado por um agente neurotóxico, e não excluiu a aplicação de sanções.
O governo russo deve fazer o possível para promover um inquérito aprofundado sobre este crime e com toda a transparência”, referiu em comunicado Josep Borrell, o representante da diplomacia da UE em nome dos 27 estados-membros.
O texto admite ainda a aplicação de sanções: “A UE apela a uma resposta internacional comum e reserva-se no direito de efetuar ações apropriadas, incluindo medidas restritivas”.
O comunicado “condena com a maior firmeza a tentativa de assassínio de Alexei Navalny, que foi envenenado por um agente químico neurotóxico militar do grupo 'Novitchok', semelhante ao utilizado na tentativa de assassinato” contra o duplo agente russo Serguei Skripal e sua filha Ioulia em 2018 em Inglaterra.
“A impunidade não deve ser e não será tolerada”, acrescentou Borrell.
A União Europeia convida a Federação da Rússia a cooperar plenamente com a Organização para a proibição das armas químicas [OPAQ] para garantir um inquérito internacional imparcial”, acrescenta o comunicado.
Principal opositor do Presidente russo, Vladimir Putin, e conhecido pelas investigações anticorrupção a membros da elite russa, Alexei Navalny, 44 anos, está internado, em coma, desde 20 de agosto.
O político sentiu-se mal durante um voo de regresso a Moscovo, após uma deslocação à Sibéria. Foi primeiro internado num hospital de Omsk, na Sibéria, tendo sido transferido, posteriormente, para o hospital universitário Charité, em Berlim.
Na semana passada, os médicos alemães indicaram que Navalny apresentava indícios de ter sido envenenado por "uma substância do grupo dos inibidores de colinesterase".
O hospital pediu a colaboração do laboratório militar de farmacologia e toxicologia de Munique (Baviera), no qual trabalham os maiores especialistas alemães em substâncias tóxicas e agentes químicos.
O Novichok integra um grupo particularmente perigoso de agentes neurotóxicos russos que foram proibidos, em 2019, pela Organização para a Interdição das Armas Químicas (OIAC).
A conceção deste tipo de agente neurotóxico por cientistas soviéticos remonta aos anos 1970 e 1980, as últimas décadas da Guerra Fria.
Moscovo rejeitou qualquer envolvimento do Estado russo neste caso.