A União Europeia reagiu hoje à ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Irão insistindo na necessidade de evitar qualquer provocação desnecessária, de modo a diminuir a tensão na região do Golfo.
“A região não precisa de mais elementos de desestabilização, é algo que temos reiterado de forma consistente. Deve evitar-se qualquer provocação, assim como empreender todos os esforços para diminuir a tensão”, vincou a porta-voz para as relações externas da União Europeia (UE).
Maja Kocijancic, que falava na habitual conferência de imprensa da Comissão Europeia em Bruxelas, precisou que o seu comentário incidia na “situação geral” da crise do Irão e não particularmente no ‘tweet’ de Donald Trump.
O presidente norte-americano avisou no domingo o Irão para “nunca mais” ameaçar os Estados Unidos, e advertiu Teerão que, se quiser lutar, será o seu “fim oficial”.
“Se o Irão quiser lutar, esse será o fim oficial do Irão. Nunca mais ameacem os Estados Unidos!”, publicou o chefe de Estado na sua conta oficial na rede social Twitter, numa altura de crescente tensão entre Washington e Teerão.
If Iran wants to fight, that will be the official end of Iran. Never threaten the United States again!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 19 de maio de 2019
Donald Trump, que posteriormente recuou, admitindo não querer “lutar”, publicou a declaração horas depois de o líder dos Guardiães da Revolução, Hossein Salami, ter dito que o Irão não teme uma guerra, ao contrário dos Estados Unidos, advertindo que o Médio Oriente pode converter-se "num paiol" para Washington.
Salami avisou que, quando a ameaça é remota, as forças iranianas apenas planeiam uma resposta estratégica, mas que, quando a ameaça se aproxima, também entram em ação "em termos operativos".
Kocijancic recordou hoje que a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, já exortou na semana passada todas as partes a “exercerem da máxima contenção para evitar qualquer ação que possa contribuir para uma escalada geral da situação na região”.
“Mantemos essa posição”, concluiu a porta-voz do Serviço Europeu de Ação Externa.
"Sarcasmo genocida" de Trump não acabará com Irão
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, respondeu hoje às últimas ameaças do presidente norte-americano contra o seu país afirmando que “o sarcasmo genocida” de Donald Trump não acabará com o Irão.
“O senhor Trump espera ter sucesso onde Alexandre (o Grande), Gengis (Khan) e os outros agressores falharam”, escreveu Zarif na rede social Twitter, referindo-se a dois conquistadores estrangeiros que dominaram a Pérsia (antigo nome do Irão) num determinado período da sua história milenar.
“Os iranianos permaneceram de pé durante milénios, enquanto os seus agressores partiram todos. O #TerrorismoEconomico e o sarcasmo genocida não acabarão com o Irão”, adiantou o chefe da diplomacia iraniano.
Trata-se de uma resposta direta à última mensagem contra o Irão divulgada por Trump na mesma rede social.
“#NuncaMaisAmeaçarUmIraniano. Tente o respeito – funciona”, retorquiu Zarif.
A tensão entre Washington e Teerão registou uma escalada nas últimas semanas, depois de os Estados Unidos anunciarem um reforço da sua presença militar no Médio Oriente para enfrentar presumíveis “ameaças” iranianas.
Na última semana, a tensão aumentou após a sabotagem de quatro petroleiros num porto dos Emirados Árabes Unidos e de um ataque com 'drones' a um oleoduto saudita, reivindicado pelos rebeldes Huthis do Iémen, apoiados pelo Irão.
A maioria das autoridades iranianas, como o líder supremo, Ali Khamenei, descartou uma guerra com os Estados Unidos.