UE prepara novo apoio financeiro para resolver crise de refugiados - TVI

UE prepara novo apoio financeiro para resolver crise de refugiados

Federica Mogherini

Plano, anunciado por Federica Mogherini, passa por investir 60 mil milhões de euros em países do Norte de África, um dos principais pontos de origem do fluxo migratório

A Comissão Europeia está a preparar um novo plano para resolver a crise de refugiados no continente. O anúncio foi feito por Federica Mogherini, Alta Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, após a reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros, esta segunda-feira.

"Não posso confirmar os números mas posso confirmar que Timmermans e eu estamos a trabalhar numa comunicação, que apresentaremos no início de junho e submeteremos ao Conselho Europeu", afirmou Federica Mogherini, no final do encontro entre os Ministros dos Negócios Estrangeiros, esta segunda-feira.

O objetivo passa por angariar 60 mil milhões de euros para investir em países do Norte de África, um dos principais pontos de origem do recente fluxo migratório. À semelhança do Plano Juncker - que tenta desbloquear investimentos públicos e privados - a maioria do financiamento viria de fontes privadas, com um contributo de 4,5 mil milhões de euros por parte da UE, que pertencerá a fundos estruturais não-utilizados, respetivos ao orçamento de 2007-2013.

O apoio financeiro seria sobretudo canalizado para reforçar o controlo fronteiriço e acelerar o processo de relocalização. Mogherini espera ainda que a nova proposta seja aprovada durante o encontro do próximo Conselho Europeu, que reúne a 28 de junho.

Impasse no processo de relocalização de refugiados da UE mantém-se

A estratégia de Mogherini surge numa altura em que os números, avançados na semana passada, apontam para uma nova desilusão na tentativa da UE em recolocar os migrantes chegados à Europa. Em setembro do ano passado, os líderes dos Estados-Membros aprovaram o Programa de Relocalização de Refugiados, comprometendo-se a repartir, em dois anos, 160 mil pessoas instaladas nos campos de Itália e Grécia. A meta eram 20 mil até meados de maio, mas até à data pouco mais de 1600 foram relocalizadas.

Uma realidade frustrante para Dmitris Avramopoulos, Comissário Europeu para a Migração, que não hesitou em mostrar a sua insatisfação publicamente e apelou a um maior esforço.

Dois dias depois destas declarações, a Comissão Europeia anunciou a libertação de um pacote de emergência com 56 milhões de euros à Grécia, para melhorar as condições dos migrantes nos centros de acolhimento, fortalecer os registos e os eventuais processos de asilo.

Turquia ameaça boicotar acordo com UE

Entretanto, a Turquia ameaçou boicotar o acordo com a UE, assinado no passado mês de março, com o intuito de repatriar refugiados chegados às ilhas gregas.

Esta quarta-feira, o presidente Recep Erdogan alertou que o parlamento turco iria bloquear a implementação do acordo, se não fosse alcançado qualquer progresso quanto à isenção de vistos para os cidadãos turcos viajaram no espaço Schengen. Erdogan até estipulou 30 de junho como prazo final.

O acordo prevê um apoio financeiro de 6 mil milhões de euros. Por cada migrante devolvido à Turquia, a UE acolherá um refugiado sírio. Atualmente, existem 2,7 milhões de sírios nos campos turcos e Bruxelas comprometeu-se a receber 72 mil pessoas.

Por outro lado, para a Turquia conseguir a isenção de vistos, o país terá de respeitar 72 condições impostas pela UE. O último relatório de progresso mostra que apenas cinco foram respeitadas. 

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