Um bebé que nasça no Paquistão tem 50,5 vezes mais probabilidade de morrer do que um bebé que nasça no Japão. É esta a diferença entre nascer no país com a mais alta ou a mais baixa taxa de mortalidade neonatal.
Os números são de um relatório da UNICEF sobre mortalidade de recém-nascidos, divulgado esta terça-feira, e mostram um cenário nada surpreendente, mas muito preocupante: nos países mais pobres, a taxa de mortalidade neonatal é de cerca de 27 mortes a cada 1000 nascimentos; já nos países mais ricos, há cerca de 3 mortes por cada 1000.
"Os recém-nascidos dos locais mais inseguros do mundo para se dar à luz têm 50 vezes mais probablidades de morrer comparativamente com os bebés nascidos nos locais mais seguros", diz a UNICEF em comunicado.
Entre os dez países mais perigosos para se nascer, oito pertencem à África Subsaariana, "onde as mulheres grávidas têm muito menos hipóteses de ser assistidas durante o parto devido à pobreza, aos conflitos e à falta de infra-estruturas".
"Se todos os países baixassem a sua taxa de mortalidade neonatal para a taxa média dos países de rendimento elevado até 2030, 16 milhões de vidas poderiam ser salvas."
Entre as causas de morte, destaque para a prematuridade (35%) e as complicações durante o parto (24%).
"Estas mortes podem ser evitadas através do acesso a parteiras com formação adequada, juntamente com soluções com eficácia comprovada, como água limpa, desinfectantes, a amamentação durante a primeira hora de vida do bebé, contacto pele-a-pele e uma boa alimentação", diz a UNICEF.
Portugal surge em 168º lugar, num total de 184 países, o que significa que tem das taxas de mortalidade neonatal mais baixas do mundo, com uma morte a cada 476 nascimentos.
Veja o ranking da taxa de mortalidade neonatal, por ordem descrescente e com destaque para os países de língua oficial portuguesa:
Ranking | País | Taxa de mortalidade neonatal em 2016 (número de mortes por 1000 nados-vivos) |
Equivalente a |
1 | Paquistão | 45,6 | 1 em 22 |
2 | República Centro-Africana | 42,3 | 1 em 24 |
3 | Afeganistão | 40,0 | 1 em 25 |
4 | Somália | 38,8 | 1 em 26 |
5 | Lesoto | 38,5 | 1 em 26 |
6 | Guiné-Bissau | 38,2 | 1 em 26 |
7 | Sudão do Sul | 37,9 | 1 em 26 |
8 | Costa do Marfim | 36,6 | 1 em 27 |
9 | Mali | 35,7 | 1 em 28 |
10 | Chade | 35,1 | 1 em 28 |
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16 | Guiné Equatorial | 32,0 | 1 em 31 |
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19 | Angola | 29,3 | 1 em 34 |
(...) |
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24 | Moçambique | 27,1 | 1 em 37 |
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47 | Timor-Leste | 21,6 | 1 em 46 |
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69 | São Tomé e Príncipe | 15,0 | 1 em 67 |
(...) | |||
93 | Cabo Verde | 10,2 | 1 em 98 |
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109 | Brasil | 7,8 | 1 em 128 |
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168 | Portugal | 2,1 | 1 em 476 |
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174 | Luxemburgo | 1,5 | 1 em 667 |
Noruega | 1,5 | 1 em 667 | |
Coreia do Sul | 1,5 | 1 em 667 | |
Bielorrússia | 1,5 | 1 em 667 | |
178 | Chipre | 1,4 | 1 em 714 |
179 | Estónia | 1,3 | 1 em 769 |
Eslovénia | 1,3 | 1 em 769 | |
181 | Finlândia | 1,2 | 1 em 833 |
182 | Singapura | 1,1 | 1 em 909 |
183 | Islândia | 1,0 | 1 em 1000 |
184 | Japão | 0,9 | 1 em 1111 |
Nota da UNICEF: As taxas de mortalidade neonatal são estimativas com intervalos de incerteza. Os rankings são baseados em estimativas medianas de taxas de mortalidade neonatal (mortes de recém-nascidos por 1.000 nados-vivos). Não são consideradas incertezas, e as posições de classificação estão, portanto, sujeitas a alterações. Os rankings excluem países com menos de 1.000 nados-vivos ou com uma população inferior a 90.000 pessoas. Para aceder à classificação completa de todos os países, clique aqui.
A UNICEF vai lançar este mês uma campanha global, denominada "Todas as vidas contam", para exigir mais profissionais de saúde especializados em cuidados maternos e neonatais, instalações de saúde mais limpas e com mais equipamentos, entre outras medidas para diminuir estas taxas de mortalidade.