Uma em cada quatro crianças vai estar em risco devido à falta de água em 2040 - TVI

Uma em cada quatro crianças vai estar em risco devido à falta de água em 2040

  • Sofia Santana
  • 22 mar 2017, 12:13
Refugiados sudaneses [Foto: Reuters]

Alerta da Unicef sobre a escassez de água consta num novo relatório divulgado esta quarta-feira, dia em que se assinala o Dia Mundial da Água

Uma em cada quatro crianças do planeta vai morrer, ter doenças ou sofrer problemas no crescimento devido à falta de água, em 2040. O alerta da Unicef sobre a escassez de água consta num novo relatório divulgado esta quarta-feira, dia em que se assinala o Dia Mundial da Água.

"Em 2040, perto de 600 milhões de crianças [uma em cada quatro] vão viver em regiões de escassez de água. Se não forem tomadas medidas adequadas, muitas destas crianças vão sofrer um risco elevado de morte, doença e má nutrição."

O relatório designado “Thirsting for a Future” ("Com sede de um futuro", numa tradução livre), traça um cenário negro para as crianças do mundo, nas próximas décadas.

A organização das Nações Unidas explica que por detrás deste cenário está uma combinação de fatores explosivos: o crescimento da população global, o consequente aumento da procura e do consumo de água, e as alterações climáticas que vão levar ao aumento do nível da água do mar e às secas.

Atualmente, já há 36 países que têm que lidar com a escassez de água.

Segundo a Unicef, todos os dias, 800 crianças com menos de cinco anos morrem de doenças ligadas à falta de água potável e à ausência de saneamento básico. As mesmas condições fazem com que 156 milhões de crianças com menos de cinco anos sofram atrofias no crescimento que causam danos físicos e (ou) mentais irreversíveis.

As crianças sem acesso a água potável têm maior probabilidade de morrer durante a infância de doenças causadas por bactérias na água, às quais os seus organismos são mais vulneráveis. Quando as doenças não matam podem contribuir para o desenvolvimento de atrofias dos corpos, que inibiem a capacidade de absorção de nutrientes”, vinca o diretor executivo da Unicef, Anthony Lake, no documento.

A situação é particularmente dramática em várias regiões do continente africano e no Médio Oriente, em territórios afetados por condições de seca extrema e por conflitos armados. Os efeitos são devastadores, como destaca Anthony Lake no documento.

Vemos os efeitos terríveis da falta de água por todo o mundo – e agora de forma mais trágica em partes da Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iémen, onde a seca e os conflitos estão a produzir efeitos devastadores”, sublinha rofessor Anthony Lake, diretor executivo Unicef,

Nestas regiões, cerca de "1,4 milhões de crianças estão em risco de morte iminente" devido às más condições de nutrição e à falta de água. “Só na Etiopia antecipamos que mais de nove milhões de pessoas vao ficar sem água potável em 2017”, acrescenta o relatório.

O aumento da população e o consequente aumento da procura e do consumo de água vai fazer com que, em 2050, a quantidade de água que hoje está disponível para cada pessoa seja reduzida para metade.

Como se isto não bastasse, o aquecimento global deverá aumentar os níveis de evaporação de água e as chuvas deverão diminuir drasticamente.

A Unicef alerta, porém, que uma crise de água à escala global pode ser evitada se os países agirem agora: estabelecendo como prioridade o acesso das populações mais vulneráveis à água potável, aumentando a capacidade das reservas, implementando políticas de combate às alterações climáticas, promovendo o trabalho com as comunidades de forma a prevenir a contaminação da água potável.

Num clima em mudança, temos que mudar a forma como chegamos aos que estão mais vulneráveis", conclui o relatório.

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