Novo ministro brasileiro da Educação mentiu e não tem doutoramento - TVI

Novo ministro brasileiro da Educação mentiu e não tem doutoramento

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  • 27 jun 2020, 09:25
Carlos Decotelli

Esclarecimento foi feito pelo próprio reitor que garante que Carlos Decotelli "frenquentou o doutoramento em administração da Faculdade de Ciências Económicas e Estatísticas da Universidade Nacional de Rosário, mas não o concluiu"

O reitor da Universidade Nacional de Rosario, na Argentina, afirmou na sexta-feira que o novo ministro da educação brasileiro, Carlos Decotelli, não obteve o título de doutor naquela instituição, contrariamente ao que consta no seu currículo.

O senhor Decotelli frequentou o doutoramento em administração da Faculdade de Ciências Económicas e Estatísticas da Universidade Nacional de Rosário, mas não o concluiu. Não completou todos os requisitos que são exigidos pela nossa regulamentação, que exige a aprovação de uma tese final para obter o título de doutor. Portanto, não é doutor pela Universidade Nacional de Rosário", declarou o reitor Franco Bartolacci à rede Globo.

De acordo com o reitor, a tese de doutoramento de Decotelli não foi aprovada e não recebeu um parecer favorável dos avaliadores.

Portanto, ele [Decotelli da Silva] não pôde concluir o doutoramento que estava a realizar na Universidade Nacional de Rosário. E, como consequência, não obteve o título de doutor", acrescentou Bartolacci.

Em entrevista à Globo, por sua vez, o novo ministro da Educação do Brasil afirmou que concluiu todo o curso, completou todos os créditos, mas admitiu que não fez a defesa da tese de doutoramento.

Segundo o governante, a situação deveu-se ao facto de não ter mais interesse em continuar na Argentina.

Posteriormente às revelações feitas pelo reitor, Carlos Alberto Decotelli da Silva alterou o seu currículo, disponível na plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Originalmente, no currículo do ministro constava a informação de doutoramento na Universidade Nacional de Rosário, concluído em 2009 com a tese "Gestão de Riscos na Modelagem dos Preços da Soja", sob orientação de Antonio de Araujo Freitas Jr.

Agora, o título da tese e o nome do orientador foram excluídos. O campo "Título" foi preenchido com "Créditos concluídos". E, no campo "Orientador", passou a constar: "Sem defesa de tese".

Na quinta-feira, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou o professor Carlos Decotelli da Silva como novo ministro da Educação do país, sucedendo no cargo a Abraham Weintraub, que saiu do Governo na semana passada.

No momento da nomeação, Bolsonaro mencionou que Decotelli possuía o título de doutor pela Universidade Nacional de Rosario, na Argentina, informação essa que não se confirma, segundo o reitor Franco Bartolacci.

Oficial da reserva da Marinha, Decotelli da Silva é o primeiro-ministro negro do Governo de Bolsonaro e o mais recente militar a integrar o atual executivo do Brasil.

É também especialista em Finanças, dando aulas nessa área na Fundação Getúlio Vargas (FGV), e presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão tutelado pelo Ministério da Educação, entre fevereiro e agosto do ano passado.

Decotelli é o terceiro ministro da Educação do Governo de Bolsonaro, depois de Weintraub e de Ricardo Vélez.

50 cidades de 23 países vão manifestar-se contra a resposta de Bolsonaro face à pandemia de Covid-19

Movimentos sociais e políticos convocaram para domingo manifestações em pelo menos 50 cidades de 23 países que têm como principal alvo o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, visando contestar a resposta à pandemia de covid-19 e o "fascismo" no Brasil.

Organizado por brasileiros que vivem no exterior, assim como por diversos movimentos populares e entidades políticas, o denominado "Ato Mundial Stop Bolsonaro" contará com manifestações presenciais e virtuais em cidades europeias como Munique, Berlim e Frankfurt (Alemanha), Barcelona e Madrid (Espanha), Paris (França), Roma (Itália), Zurique e Genebra (Suíça) ou Dublin (Irlanda).

Já em Portugal, o ato "em solidariedade do povo brasileiro face aos crimes de Bolsonaro e do seu Governo" está marcado para Lisboa, Porto e Coimbra, segundo a página do evento na rede social Facebook.

O "combate ao fascismo, ao neoliberalismo, ao racismo, machismo, à ‘LGBTfobia’, ao genocídio indígena e à destruição do meio ambiente", são algumas das causas que movem este ato internacional.

No Brasil, são 13 as cidades que já confirmaram a adesão ao protesto, entre elas, o Rio de Janeiro, São Paulo, Belém, Porto Alegre ou Campinas.

Canadá, Estados Unidos da América, Chile, Costa Rica ou México são outros dos países que acolherão o "Ato Mundial Stop Bolsonaro".

Entre os movimentos que organizaram a manifestação estão o Coletivo Estrela da Democracia, a Frente Internacional de Brasileiros contra o Golpe (Fibra), e o grupo Mulheres Unidas Contra o Bolsonaro.

Desde que ganharam as eleições, explodiu a desflorestação, o assassinato de indígenas, negros, mulheres, gays e líderes populares, o ataque sistemático à cultura, à educação, o aumento da precarização do trabalho, a estagnação da economia. (...) Ao mesmo tempo, aumentou a truculência dos apoiantes do Presidente, que tem ao seu lado milícias, militares e polícias violentos e gananciosos, saudosos da ditadura e as pessoas mais ignorantes, desumanas e mesquinhas desse país", indicou a organização.

Os organizadores citam ainda o elevado número de casos de covid-19 no país, a subnotificação da doença, a situação precária de alguns hospitais, a falta de apoio a profissionais de saúde, assim como a falta de um decreto de confinamento obrigatório para conter a disseminação do vírus no Brasil.

A receita da ideologia bolsonarista agudizou a crise política brasileira. Se não forem contidos a tempo, o país viverá em caos e miséria por décadas e tornará a vida de todos nós num pesadelo. Agora basta! (...) Estamos do lado certo da história e não descansaremos enquanto não derrubarmos o atual Governo, e conseguirmos de volta todos os nossos direitos sociais, humanos, ambientais, trabalhistas e económicos", acrescentaram os movimentos organizadores do ato.

Também a Central Única dos Trabalhadores (CUT), principal organização sindical brasileira, uniu-se aos protestos e apelou a uma mobilização mundial contra Jair Bolsonaro e o seu executivo.

Nesse domingo, o mundo inteiro fará manifestações contra o fascismo no Brasil e contra o Presidente psicopata Jair Bolsonaro. É o dia mundial do #StopBolsonaro. (...) Conto com a manifestação de todos para que possamos derrubar esse Governo fascista do Brasil e garantir a democracia do nosso país", afirmou o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, num vídeo partilhado nas redes sociais.

O Brasil, segundo país do mundo com mais mortos e infetados, totalizou na quinta-feira 54.971 mortos e 1.228.114 pessoas diagnosticadas com a covid-19 desde o início da pandemia, registada oficialmente no país em 26 de fevereiro.

A pandemia de covid-19 já provocou quase 487 mil mortos e infetou mais de 9,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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