Luso-venezuelano foi transferido para uma cadeia militar - TVI

Luso-venezuelano foi transferido para uma cadeia militar

  • LCM
  • 26 abr 2018, 23:43
Prisão

O politólogo luso-descendente Vasco da Costa foi detido em sua casa, na passada segunda-feira, por agentes dos serviços secretos da Venezuela, que levaram os alimentos que tinha comprado, alguns objetos e computadores.

O politólogo luso-descendente Vasco da Costa foi hoje transferido para o cárcere militar de Santa Ana, no Estado venezuelano de Táchira, 800 quilómetros a sudoeste de Caracas, cidade onde tem residência.

A transferência para essa prisão foi questionada pelo advogado da defesa, Guillermo Herédia, que explicou aos jornalistas que o luso-descendente, líder do Movimento Nacionalista e outros oito membros daquela organização foram também transferidos para o mesmo recinto.

"Objetámos a decisão da juiza e pedimos que fossem transferidos (de Caracas) para o cárcere militar de Ramo Verde (situado em Los Teques, a sul da capital), mas a magistrada disse que não podiam ser colocados nesse centro de reclusão pela sobrelotação que apresentava", explicou.

Por outro lado, explicou que todos estes detidos "foram acusados de rebelião militar, traição à pátria e instigação à rebelião".

Fonte familiar queixou-se à agência Lusa da impossibilidade de visitar frequentemente Vasco da Costa, devido à distância entre a zona de residência e a cadeia para onde foi transferido.

Vasco da Costa, de 58 anos, foi detido em sua casa, na passada segunda-feira, por agentes dos serviços secretos da Venezuela, que levaram os alimentos que tinha comprado, alguns objetos e computadores.

De acordo com a irmã, Ana Maria da Costa, 30 agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN), "vestidos de comandos e com espingardas", arrombaram a porta, espancaram o irmão e destruíram a casa.

Filho de um antigo cônsul de Portugal em Caracas, o politólogo Vasco da Costa tinha estado detido entre julho de 2014 e outubro de 2017.

Na altura, foi acusado de estar relacionado com uma farmacêutica alegadamente envolvida em planos para fabricar engenhos explosivos artesanais, durante os protestos ocorridos no primeiro semestre de 2014 contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro.

Segundo a irmã, Vasco da Costa foi acusado dos crimes de terrorismo, associação para cometer delito com fins de terrorismo, fabrico ilegal de explosivos para fins terroristas e ocultação de munições.

Ana Maria da Costa explicou ainda que Vasco da Costa faz parte do Movimento Nacionalista "e que o Governo [venezuelano], por intolerância, quer acusá-lo outra vez de terrorismo, sem provas, porque [as forças que assaltaram a residência] não encontraram absolutamente nada".

"Eles não querem gente que fale, querem que todos estejam calados, mas não nos calaremos. Vamos dizer a nossa verdade até ao final, e não vamos parar por causa disto", frisou.

Durante o tempo em que Vasco da Costa esteve preso, em 2014, a irmã insistiu sempre tratar-se de "uma injustiça", referindo que, "noutros casos, houve ações violentas (...), mas que [no caso do seu irmão] não havia absolutamente nada", nenhum motivo nem suspeitas de "terrorismo, nem bombas, nem podia haver associação para cometer delito".

Em dezembro de 2015, o luso-descendente foi ferido com balas de borracha num motim ocorrido no Centro de Reclusão para Processados Judiciais 26 de Julho, onde então se encontrava preso. Pelo menos três pessoas morreram e 43 ficaram feridas no motim.

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