Associated Press acusa administração Obama de a ter espiado

A agência de notícias Associated Press acusa a administração Obama de ter espiado dezenas de jornalistas. Em causa estão escutas feitas a mais de 20 linhas telefónicas por ordem do departamento de justiça. A AP fala de uma intromissão massiva e sem precedentes e continua sem saber porque foram feitas as gravações.

«Na sexta-feira (10 de maio), fomos notificados pelo Departamento de Justiça sobre gravações (escutas) que realizou em 20 das nossa linhas telefónicas, linhas profissionais e pessoais pertencentes a jornalistas da AP e ligadas a vários escritórios da AP», disse Kathleen Carroll vice-presidente da AP.

Ao todo, mais de 100 jornalistas utilizaram as linhas de telefone sob escuta. Outros foram gravados nos telefonemas feitos em casa ou no telemóvel. Uma intromissão massiva e sem precedentes, que põe em risco muitas das suas fontes, diz a agência, que continua sem saber porque foi espiada, entre abril e maio de 2012.

«Ainda não nos disseram o que procuram, nem nos explicaram porque não nos notificaram previamente sobre as escutas, o que, segundo os nossos advogados, não só é costume como necessário», frisou a responsável.



Sem explicações oficiais, a própria agência avança com uma hipótese oficiosa: a da notícia que revelou uma operação da CIA que abortou um atentado terrorista no Iémen, em maio do ano passado. A favor da teoria estão as escutas feitas aos cinco jornalistas e a um editor que divulgaram a história de contraterrorismo.

Há uns meses, num dos muitos inquéritos abertos para apurar os responsáveis pelas fugas de informação classificada para os media, o diretor da CIA negou ao FBI que fosse ele a fonte da AP.

A Casa Branca, nas palavras do porta-voz, assegura desconhecer qualquer intenção do Departamento de Justiça em obter informações da Associated Press.

Mas outro dado diz-nos que a administração Obama já acusou mais pessoas de fuga de informação classificada para os media do que todos os outros presidentes juntos, naquilo que muitos consideram ser uma ameaça à liberdade de informação