Guiné: um país em permanente ebulição - TVI

Guiné: um país em permanente ebulição

  • tvi24
  • Miguel Cabral de Melo
  • 14 abr 2012, 01:00

São quase quarenta anos duma história independente marcada por golpes e contra-golpes

A primeira colónia portuguesa em África a tornar-se independente é também aquela com a evolução política mais instável.

Estabilidade mesmo, só em tempo de ditadura. A do PAIGC e do presidente Nino Vieira terminou em 1994, com as primeiras eleições pluralistas que confirmaram Vieira como chefe de estado. Não por muito tempo mais.

Em junho de 1998, o brigadeiro Ansumane Mané lidera uma tentativa de golpe de estado. A Guiné--Bissau mergulha na guerra civil, com tropas senegalesas e da Guiné-Conacri a lutar do lado do presidente, e milhares de pessoas morrem. Os combates só terminam em maio de 1999, com a rendição de Nino Vieira e a sua partida para o exílio em Portugal.

O regresso do poder civil chega no final desse ano, com a eleição de Kumba Yalá, do PRS, para a presidência. Também o presidente do barrete vermelho não chega a cumprir um mandato inteiro. Em setembro de 2003 é derrubado num golpe militar.

Em julho de 2005, Nino Vieira ganha as presidenciais, numa época em que o país é já um importante entreposto do tráfico de droga transatlântico. Ficará como presidente até ao fim da sua vida, mas não termina o mandato.

Em março de 2009, um ataque à bomba mata o chefe do estado-maior das forças armadas, Tagmé na Waie. Soldados que lhe são fiéis atacam a residência do presidente e assassinam-no. O novo homem forte do país é um oficial da marinha, Zamora Induta. Ainda assim, o governo de Carlos Gomes Júnior, do PAIGC, mantém-se, e eleições em julho levam à presidência Malam Bacai Sanhá, do mesmo partido.

No primeiro de abril de 2010, o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior chega a ser detido brevemente e Zamora Induta fica preso. É o general António Indjai a ascender a líder das forças armadas e a libertar o ex-chefe da armada, Bubo Na Tchuto. Um homem que pouco depois é posto pelos Estados Unidos na lista dos senhores internacionais da droga.

Em dezembro de 2011, nova agitação militar. Enquanto o chefe do governo se refugia na embaixada de Angola, Bubo Na Tchuto é acusado duma tentativa de golpe e cai em desgraça junto de António Indjai que manda detê-lo.

São quase quarenta anos duma história independente marcada por golpes e contra-golpes, pobreza extrema e por dirigentes suspeitos de tráfico de droga.
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