Iémen: bala perdida mata criança e manifestantes

A violência regressou, uma vez mais, às ruas de Sanaa, capital do Iémen, um dia depois de 26 pessoas terem morrido e centenas ficado feridas na sequência de disparos das tropas governamentais sobre uma manifestação.

Esta manhã, as forças estatais voltaram a abrir fogo para dispersar uma nova manifestação, causando a morte a pelo menos seis pessoas, incluindo uma criança pequena, e provocando, novamente, dezenas de feridos.

Segundo descreve o repórter da agência Reuters, a criança morreu com um tiro na cabeça quando se encontrava no carro com um irmão. «Estávamos no carro na Rua Hayel (próximo do tiroteio). Saí para ir buscar alguma comida e deixei os meus dois filhos no carro quando ouvi o mais velho a gritar. O mais pequeno tinha sido abatido com um tiro na cabeça», relata o pai da criança.

A violência contra manifestantes repete-se dia após dia. Já no domingo, as forças iemenitas tinham disparado com armas automáticas e antiaéreas sobre dezenas de milhares de manifestantes que protestavam na capital contra o regime de Ali Abdallah Saleh, matando pelo menos 26 pessoas e ferindo dezenas de outras.

Mais de 100 mil pessoas protestaram no domingo junto ao edifício da televisão estatal do Iémen e a instalações governamentais, sendo que à medida que a marcha seguia rumo ao palácio presidencial, as forças de segurança abriam fogo, afirmaram testemunhas, dando ainda conta de que atiradores furtivos colocados nos telhados dos edifícios próximos disparavam contra as pessoas na rua.

Tarek Noaman, um médico no hospital de campanha de Sanaa, disse que 26 manifestantes foram mortos a tiro e mais de 200 ficaram feridos, a maioria dos quais no peito, ombros, cabeça e face, estando 25 em estado crítico.