Kim Jong-Un tinha amigo português - TVI

Kim Jong-Un tinha amigo português

Un Pak, como era conhecido, era reservado, não saía à noite e adorava os Chicago Bulls

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Texto escrito a 2 de Outubro de 2010

E se de repente descobrisse que o seu melhor amigo dos tempos de adolescente era o futuro líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un? Foi isso mesmo que aconteceu a um português. A TVI descobriu o seu paradeiro e falou com ele ao telefone.

Actualmente a residir na Áustria, João Micaelo, de 26 anos, nasceu em Cabeço de Vide, Portalegre e emigrou com os pais, ainda pequeno, para a Suíça. Quis o destino que durante três anos o seu colega de carteira, na escola que frequentou em Liebefeld, fosse o filho do actual líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il e o provável sucessor de seu pai.

João nunca suspeitou da verdadeira identidade do seu melhor amigo e recorda como o conheceu. «Foi no princípio do sexto ano, o professor disse que tínhamos uma pessoa nova na escola. Ele disse que se chamava Un Pack e os pais dele foram apresentados como os embaixadores da Coreia do Norte», conta à TVI.

«Como eu tinha um espaço livre ao meu lado, ele sentou-se e, a partir daí, começámos a ser os melhores amigos», continua. «Saíamos juntos, eu ia a casa dele e ele à minha. Faziamos desporto, os deveres ou viamos filmes».

Os dois adolescentes partilharam muitos segredos, mas João nunca desconfiou de nada. E nem no dia que Un Pak que lhe confessou que era filho do ainda líder da Coreia do Norte e mostrou uma foto, acreditou ser possível.

«Ele disse-me e eu não acreditei. Fiquei naquela... estávamos numa escola normal. As pessoas assim vão para escolas privadas ou colégios», relembra. Na foto que viu estavam três pessoas: Un Pak, o embaixador e Kim Jong-il. «Pensei que tinha tirado a foto numa festa. Era possível, já que o seu pai era diplomata», afirma.

Todavia, no Verão do ano passado foi contactado por jornalistas a pedir uma entrevista. «Não me explicaram sobre o que era, mas eu fui», conta.

Actualmente é «chef de cozinha» na Áustria e aproveitou a viagem para visitar os pais. Após alguns minutos de conversa com os jornalistas, estes mostraram-lhe uma fotografia da sua turma, entre o sexto e o nono ano.

Apontaram para um rapaz e perguntaram se o conhecia. «Sim. É o Un Pack, andou comigo na escola. Éramos os melhores amigos», respondeu intrigado.

Logo depois, questionaram-no sobre o que achava de «ele» poder ser o próximo líder da Coreia do Norte. «Aí percebi. Encaixava tudo». Até a forma apressada como Un Pak deixou a escola: «Disse-me que o seu pai, o embaixador, precisava de partir e que ia regressar à Coreia. Achei estranho, porque só faltavam três meses para o ano escolar acabar».

De Un Pak só tem boas memórias e descreve-o como «tranquilo, reservado e um pouco tímido». De resto, «era igual aos outros. Tinha boas notas, gostava de fazer desporto, era muito competitivo, e tinha uma namorada. Só não saía à noite».

Apesar de ser filho do líder do regime comunista da Coreia do Norte, Un Pak não era indiferente à cultura norte-americana. Era fanático por basquetebol e vestia roupas de marca. «Para ele só existia basquetebol, o restO nem interessava. A equipa favorita dele era os Chigaco bulls e o jogador favorito era o Michael Jordan», conta à TVI.



João não fala com Un Pak há dez anos, mas gostava de recordar os velhos tempos. Só não sabe se o amigo, agora na sucessão para liderar a Coreia do Norte, ainda gosta das mesmas coisas que nos tempos de adolescente. Confessa ainda que não sabe se aceitaria um convite para viajar até ao país do seu «ex-melhor amigo».
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