Raparam-lhe o cabelo porque recusou dançar para o marido e os amigos - TVI

Raparam-lhe o cabelo porque recusou dançar para o marido e os amigos

  • FM
  • 5 abr 2019, 16:05
Asma Aziz

Paquistanesa Asma Aziz acusou publicamente o marido e partilhou um vídeo nas redes sociais depois das agressões

A paquistanesa Asma Aziz acusou publicamente o marido, Miran Faisal, de a ter espancado e rapado o cabelo apenas porque não quis dançar para ele e para os seus amigos.

O caso aconteceu na cidade de Lahore no dia 24 de março. Dois dias depois, Asma publicou um vídeo nas redes sociais em que contou que o marido e os criados espancaram-na e raparam-lhe o cabelo. O vídeo depressa se tornou viral e as autoridades prenderam Faisal e um criado, Rashid Ali.

Ele tirou as minhas roupas à frente dos empregados. Depois estes seguraram-me e ele rapou o meu cabelo e queimou-o. As minhas roupas estavam ensanguentadas. Eu estava presa num cano e pendurada no ventilador. Ele ameaçou que me pendurava nua."

 

Segundo a reportagem da BBC, o marido negou as acusações. Miran Faisal disse à polícia que Aziz tinha começado a cortar o cabelo quando estava sob influência de drogas e que ele, depois de também ingerir drogas, a ajudou a terminar o corte. Além disso, o homem afirmou que os media ficaram ao lado da mulher sem ouvir a sua versão da história.

Apesar das alegações do marido, o juiz Shadiq Zia ordenou que o homem e o empregado permanecessem na prisão até à divulgação do relatório médico final. O relatório preliminar apontou hematomas, inchaço e vermelhidão nos braços, nas bochechas e ao redor do olho esquerdo de Asma.

Os advogados de Asma apelaram à justiça paquistanesa para que os agressores sejam julgados pela lei antiterrorista e não num julgamento de crime banal, por causa da prática de tortura contra a mulher.

 

Redes Sociais e o segundo vídeo

Um segundo vídeo divulgado nas redes sociais, supostamente gravado há quatro meses, mostra a jovem a dançar numa festa. Vários paquistaneses divulgaram as imagens e começaram a questionar a denúncia de Asma contra o marido.

A situação comoveu o Paquistão e várias pessoas e entidades manifestaram-se sobre o caso nas redes sociais, com a hashtag #AsmaAziz.

A atriz e cantora Sanam Saeed, que é uma das estrelas da TV paquistanesa, defendeu Aziz no Twitter, dizendo que a divulgação do segundo vídeo é uma forma de culpabilizar a mulher que é vítima de violência

É o mesmo que dizer que quando uma prostituta é violada a culpa é dela. Quando alguns de vocês vão entender o sentido da palavra consentimento? Um vídeo antigo em que Asma aparece a dançar não justifica que ela seja torturada por se recusar a dançar. Tenha piedade!”, escreveu.

 

A Amnistia Internacional também divulgou mensagem de apoio à Asma Aziz e pediu ao governo do Paquistão políticas mais efetivas de combate à violência contra a mulher. Dados de 2016 do Índice de Desigualdade de Género da ONU põe o país na posição 147, numa lista de 188 nações.

Embora estejamos satisfeitos por ter sido tomada uma ação forte e rápida contra os torturadores de Asma Aziz, constatamos, com consternação, o aumento alarmante dos casos de violência contra as mulheres. É necessária uma mudança sistémica para proteger as mulheres. Não podem ser tomadas apenas medidas caso a caso.”

 

 

 

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