OMS duplica período de sexo seguro após viagem a zonas afetadas pelo Zika - TVI

OMS duplica período de sexo seguro após viagem a zonas afetadas pelo Zika

Vírus Zika

Organização Mundial da Saúde eleva período de quatro para oito semanas. Mulheres que desejam engravidar devem esperar pelo menos seis meses, caso os parceiros tenham apresentado sintomas do vírus

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou esta terça-feira de quatro para oito semanas o período durante o qual recomenda a prática de sexo seguro ou de abstinência para quem regresse de zonas onde circula o vírus do Zika.

De acordo com a OMS, homens e mulheres que regressem de zonas com transmissão local de Zika devem adotar práticas de sexo seguro ou abstinência pelo menos por oito semanas após o regresso, prazo que será alargado para seis meses se durante essas semanas se registarem sintomas como erupção cutânea, dores articulares ou musculares ou conjuntivite.

Numa atualização das recomendações relativas à prevenção da transmissão sexual de Zika, vírus que está associado a malformações congénitas e microcefalia quando há infeção na gravidez, a OMS reconhece que não se sabe por quanto tempo o vírus sobrevive no sémen.

A organização cita o caso de um homem de 68 anos que regressou ao Reino Unido após uma viagem às ilhas Cook e em cujo sémen foi detetado o vírus 62 dias após os primeiros sintomas, o prazo máximo documentado.

O primeiro caso de transmissão sexual de Zika foi registado em 2011 e até 19 de maio último registaram-se casos em dez países: EUA (três casos), França (quatro), Itália (cinco), Argentina (sete), Chile (oito), Peru (nove), Portugal (dez) e Nova Zelândia (11), Canadá (12) e Alemanha (13).

A maior parte dos casos de transmissão sexual de Zika são por via vaginal, mas em fevereiro os Centros norte-americanos para o Controlo e Prevenção de Doenças anunciaram o primeiro caso documentado de infeção de um homem por via anal.

Em abril, um novo caso levantou a suspeita de transmissão através de sexo oral.

Até hoje, todos os casos conhecidos de transmissão sexual tiveram origem em homens que registaram sintomas da doença e a atividade sexual ocorreu antes, durante ou após o período sintomático.

No entanto, reconhece a OMS, não se sabe se as mulheres ou homens sem sintomas podem transmitir o vírus por via sexual.

Com base no conhecimento que existe sobre esta forma de transmissão do vírus do Zika, que é também transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes, a OMS recomenda que os parceiros sexuais de mulheres grávidas que vivam ou regressem de zonas com transmissão local de Zika pratiquem sexo seguro ou abstinência durante toda a gravidez.

Os casais ou mulheres que planeiem uma gravidez e vivam ou regressem de zonas com transmissão local devem esperar pelo menos oito semanas antes de tentar engravidar, para assegurar que qualquer eventual infeção foi debelada, e seis meses se o homem tiver registado sintomas da doença.

Embora não recomende testes de rotina ao sémen para detetar a presença do vírus, a OMS admite que homens com sintomas possam ser testados ao fim de oito semanas, de acordo com as políticas nacionais.

Entre as práticas sexuais seguras, a OMS recomenda: adiar a iniciação sexual, sexo sem penetração, uso correto e consistente de preservativos masculinos ou femininos e reduzir o número de parceiros sexuais.

O Brasil, país mais afetado pela atual epidemia de Zika, já registou mais um milhão e meio de casos e mais de 1.400 bebés nasceram com microcefalia ou outras alterações do sistema nervoso potencialmente associados ao vírus.

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