Comissão Europeia admite passaporte de vacinação no verão, mas é preciso trabalhar rápido - TVI

Comissão Europeia admite passaporte de vacinação no verão, mas é preciso trabalhar rápido

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  • 25 fev 2021, 23:03
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia

Von der Leyen espera ter avanços sobre a questão já em março

A presidente da Comissão Europeia disse esta quinta-feira que os países da União Europeia vão ter de trabalhar rapidamente para afinar os seus sistemas de saúde e fronteiras se quiserem ter um certificado de vacinação que funcione durante o verão.

Os Estados-Membros terão que agir rapidamente com a implementação se quisermos ter esse certificado até ao verão. Além de concordar em princípios e tecnologia, o rápido desenvolvimento nas fronteiras e nos sistemas de saúde deve ser assegurado”, disse Ursula von der Leyen, após a cimeira europeia de líderes em que foi debatida a implementação deste instrumento.

De acordo com a responsável, a Comissão está disposta a realizar uma tarefa de coordenação de padrões comuns, como fez com os aplicativos de rastreamento ao coronavírus, e criar um sistema que conecte as soluções aplicadas por cada país para que todas as informações sejam interoperáveis.

Von der Leyen alertou contra as “expetativas demasiado altas muito cedo” e especificou que esta proposta requer “pelo menos três meses de desenvolvimento técnico” para conseguir um sistema que funcione em toda a União Europeia.

A presidente da Comissão alertou também que ainda existem várias questões em aberto, como saber exatamente para que será utilizado esse tipo de documento ou se as pessoas vacinadas podem continuar transmitindo o vírus apesar de não desenvolverem a doença.

Essas preocupações vão desaparecer à medida que a taxa de vacinação progride”, disse Von der Leye, que saudou os dados “promissores” vindos de Israel que sugerem que as pessoas que receberam as duas doses da vacina Pzifer-BioNTech não transmitem o vírus a outras pessoas.

Sobre a decisão acerca do que podem fazer as pessoas que obtiverem este certificado, a presidente destacou que “deve ser decidido em cada país”, embora a nível europeu seja favorável à sua utilização para “garantir o pleno funcionamento do mercado único”.

Nesse sentido, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, alertou sobre “legitimas preocupações quando ao risco de discriminação”, ou seja, que o atestado confere às pessoas vacinadas direitos que aqueles que não receberam imunização não têm.

Isso gera um debate que temos que ter em conta, mas até março, esperamos algum avanço nessa questão”, acrescentou o político belga.

Com um acordo já fechado sobre os dados que este certificado deve conter (qual a vacina que foi dada, um código de identificação e dados pessoais “mínimos”) está agora pendente para decisão se este certificado incluirá informações sobre se recentemente se obteve um resultado negativo num teste PCR ou se já superou a covid-19 e, portanto, com anticorpos gerados.

 

Ex-ministros admitem utilidade de passaporte de vacinação para a retoma

 Dois ex-ministros da Saúde, Adalberto Campos Fernandes e Luís Filipe Pereira, admitiram a utilidade de um passaporte de vacinação do novo coronavírus para permitir a retoma gradual do turismo e da atividade económica.

A ideia de um certificado digital pode ser uma via expedita para, gradualmente, retomarmos não só a atividade aérea, mas também do turismo, através de `clusters´ que se vão libertando”, referiu Adalberto Campos Fernandes, que falava num debate promovido pelo Hospital do Futuro, um fórum para promover a reflexão e o debate estratégico no setor da saúde.

Segundo o antigo governante, este tipo de passaporte tem de ser implementado em conjugação com uma “política mais assertiva e mais inteligentemente estratégica de testes” de despiste da covid-19.

Nós não usámos até hoje, infelizmente, a potencialidade toda que os testes nos dão”, disse Adalberto Campos Fernandes, para quem a “realização inteligente de testes” associada à certificação da vacinação podem permitir “ir abrindo a economia, evitando que a situação se complique mais do que já está”.

O ex-ministro defendeu ainda que Portugal não pode ter um “quarto confinamento”, razão pela qual março terá de ser um “mês de nervos de aço”, face à necessidade de manter as restrições iniciadas em janeiro “por mais algum tempo” para se garantir que a transmissão do vírus “baixa para níveis muito baixos”.

Para Luís Filipe Pereira, perante as muitas incertezas que ainda persistem sobre a evolução da pandemia e da vacinação, a criação de um passaporte sanitário pode constituir um instrumento a ter em conta para impulsionar a retoma inicial da economia.

Há prós e contras, como em tudo na vida, mas se queremos alguma retoma, se queremos alguma pressão sobre aqueles que não se querem vacinar, de facto, o passaporte é um meio que pode ser importante para alguma retoma inicial”, referiu o antigo ministro da Saúde.

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