Companhia aérea obriga família de rapaz com epilepsia a ficar em terra - TVI

Companhia aérea obriga família de rapaz com epilepsia a ficar em terra

  • AFO
  • 26 jul 2018, 19:22
Avião da companhia aérea Emirates

Mãe chegou a pedir certificado mostrando que Eli, de 17 anos, tinha autorização médica para viajar. Tripulação foi intransigente e a família ficou no Dubai, a meio da viagem da Nova Zelândia para França

Um rapaz com epilepsia e autismo e toda a sua família, mãe, pai e dois irmãos mais novos, foram forçados a abandonar o avião no Dubai, momentos antes deste descolar, já que a companhia aérea Emirates se recusou-se a levá-los, mesmo após ter sido apresentado um atestado médico.

A mãe, Isabelle Kumar, jornalista da televisão Euronews, conta que a família chegou ao Dubai em trânsito, após uma viagem desde a Nova Zelândia, com escala na Austrália e tendo como destino final a cidade francesa de Lyon.

Através da rede Twitter, a mãe de Eli foi dando conta dos acontecimentos, assim que entraram a bordo do avião da Emirates.

Atestado médico

De acordo com o jornal britânico The Guardian, a mãe conta que apenas fez uma exigência inicial.

 

Contámos à Emirates que Eli tinha epilepsia e autismo e pedimos um assento vago ao lado dele, para o caso de ele ter uma convulsão, de repente eles exigiram ver um atestado médico." 

A mãe, Isabelle, não tinha consigo o atestado exigido. Mas telefonou à médica do filho, que o enviou por email. Só que os hospedeiros de bordo disseram-lhe que o documento deveria ser mostrado à equipa que estava em terra.

A própria médica de Eli, que estava em França, pretendeu falar com a tripulação, mas a equipa de bordo recusou-se e ameaçou chamar a polícia se a família não saísse do avião.

Foi uma falta de humanidade que achámos realmente chocante. Os funcionários foram confrontados com uma criança com deficiências graves e ameaçaram chamar a polícia se não saíssemos, mesmo com as nossas malas ainda no avião. Tiveram todas as oportunidades de não serem tão intransigentes”, explicou a mãe de Eli. 

A família cumpriu o que foi pedido pela equipa que estava no avião e desembarcou. Em terra, os funcionários acabaram por reconhecer que Eli tinha o direito de voar. Mas não permitiu que voltassem a embarcar.

"Mordendo o braço"

Segundo Isabelle, os dois filhos mais novos, gémeos de dez anos, "estavam chorando. E o Eli estava realmente angustiado, mordendo o braço, a forma como lidou com o stress, e segurando a cabeça entre as mãos".

Kumar disse ainda que o incidente deixou os filhos bastante desassossegados e humilhados. 

Depois de muitas horas de confusão no aeroporto, a companhia aérea conseguiu arranjar uma solução à família Kumar: um voo para Genebra, na Suíça, esta quinta-feira

​​Tendo um filho com uma deficiência e enfrentamos desafios todos os dias. Mas sermos tratados com respeito ajudaria. Mas não desistimos e isso não nos impedirá de viajar como uma família. A partir de agora, vou pensar duas vezes antes de viajar com a Emirates.”, acrescentou Isabelle.

Criada a polémica, um porta-voz da Emirates disse ao The Guardian que a companhia aérea "lamenta qualquer problema e inconveniência causados ​​a Kumar e à sua família".

Tais situações costumam ser difíceis para a equipa operacional avaliar e optaram por agir no melhor interesse da segurança dos nossos passageiros, bem como no aconselhamento de nossa equipa médica. A nossa equipa de atendimento ao cliente entrou em contacto com a família e oferecemos-lhe a estadia gratuita no hotel enquanto esperavam pela remarcação do voo.", justificou o porta-voz.

Continue a ler esta notícia