Um rapaz com epilepsia e autismo e toda a sua família, mãe, pai e dois irmãos mais novos, foram forçados a abandonar o avião no Dubai, momentos antes deste descolar, já que a companhia aérea Emirates se recusou-se a levá-los, mesmo após ter sido apresentado um atestado médico.
A mãe, Isabelle Kumar, jornalista da televisão Euronews, conta que a família chegou ao Dubai em trânsito, após uma viagem desde a Nova Zelândia, com escala na Austrália e tendo como destino final a cidade francesa de Lyon.
Através da rede Twitter, a mãe de Eli foi dando conta dos acontecimentos, assim que entraram a bordo do avião da Emirates.
Thanks @emirates for removing our family from your flight. Our son has epilepsy: we had told you, just come 14 hr from Melbourne, got his doctor on the phone & medical clearance while still on board. He has #autism & severe learning difficulties - v traumatic. pic.twitter.com/1JXw9A4EYM
— Isabelle Kumar (@Isabelle_kumar) 25 de julho de 2018
Atestado médico
De acordo com o jornal britânico The Guardian, a mãe conta que apenas fez uma exigência inicial.
Contámos à Emirates que Eli tinha epilepsia e autismo e pedimos um assento vago ao lado dele, para o caso de ele ter uma convulsão, de repente eles exigiram ver um atestado médico."
A mãe, Isabelle, não tinha consigo o atestado exigido. Mas telefonou à médica do filho, que o enviou por email. Só que os hospedeiros de bordo disseram-lhe que o documento deveria ser mostrado à equipa que estava em terra.
A própria médica de Eli, que estava em França, pretendeu falar com a tripulação, mas a equipa de bordo recusou-se e ameaçou chamar a polícia se a família não saísse do avião.
Foi uma falta de humanidade que achámos realmente chocante. Os funcionários foram confrontados com uma criança com deficiências graves e ameaçaram chamar a polícia se não saíssemos, mesmo com as nossas malas ainda no avião. Tiveram todas as oportunidades de não serem tão intransigentes”, explicou a mãe de Eli.
A família cumpriu o que foi pedido pela equipa que estava no avião e desembarcou. Em terra, os funcionários acabaram por reconhecer que Eli tinha o direito de voar. Mas não permitiu que voltassem a embarcar.
Once kicked off - your staff immediately agreed that he is fine to fly - as he has been with every flight with you @emirates. Now there is no flight home. Kids totally distraught and humiliated. Where is your humanity?
— Isabelle Kumar (@Isabelle_kumar) 25 de julho de 2018
"Mordendo o braço"
Segundo Isabelle, os dois filhos mais novos, gémeos de dez anos, "estavam chorando. E o Eli estava realmente angustiado, mordendo o braço, a forma como lidou com o stress, e segurando a cabeça entre as mãos".
Kumar disse ainda que o incidente deixou os filhos bastante desassossegados e humilhados.
Depois de muitas horas de confusão no aeroporto, a companhia aérea conseguiu arranjar uma solução à família Kumar: um voo para Genebra, na Suíça, esta quinta-feira
Tendo um filho com uma deficiência e enfrentamos desafios todos os dias. Mas sermos tratados com respeito ajudaria. Mas não desistimos e isso não nos impedirá de viajar como uma família. A partir de agora, vou pensar duas vezes antes de viajar com a Emirates.”, acrescentou Isabelle.
Criada a polémica, um porta-voz da Emirates disse ao The Guardian que a companhia aérea "lamenta qualquer problema e inconveniência causados a Kumar e à sua família".
Tais situações costumam ser difíceis para a equipa operacional avaliar e optaram por agir no melhor interesse da segurança dos nossos passageiros, bem como no aconselhamento de nossa equipa médica. A nossa equipa de atendimento ao cliente entrou em contacto com a família e oferecemos-lhe a estadia gratuita no hotel enquanto esperavam pela remarcação do voo.", justificou o porta-voz.