Lava Jato: MP acusa dono do grupo brasileiro Petrópolis de branqueamento de capitais - TVI

Lava Jato: MP acusa dono do grupo brasileiro Petrópolis de branqueamento de capitais

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  • 5 set 2019, 08:47
Walter Faria

Walter Faria é acusado de 12 crimes de branqueamento de capitais, no valor 3,6 milhões de dólares (3,3 milhões de euros)

O Ministério Público brasileiro (MP) no Paraná acusou na quarta-feira o dono do grupo cervejeiro Petrópolis, Walter Faria, de 12 crimes de branqueamento de capitais, no valor 3,6 milhões de dólares (3,3 milhões de euros).

Juntamente com o empresário, o MP no Paraná, responsável pela operação Lava Jato, acusou também o sobrinho de Walter Faria, Vanuê Antônio da Silva Faria (ex-membro do Conselho da Administração da cervejeira Itaipava) e o advogado Nelson de Oliveira, por terem recebido, entre 2006 e 2007, 3,6 milhões de dólares em contas secretas mantidas na Suíça.

Os procuradores da Lava Jato apontam que o branqueamento de capitais do Grupo Petrópolis ajudou a esconder parte dos 15 milhões de dólares em subornos (14 milhões de euros) pagos durante os contratos para a construção de um navio-sonda da estatal brasileira Petrobras.

Entre 2006 e 2008, o estaleiro sul-coreano Samsung construiu o navio-sonda da Petrobras pelo valor de 586 milhões de dólares (531 milhões de euros).

De acordo com a acusação divulgada na quarta-feira pela Lava Jato, o dinheiro supostamente branqueado pelo Grupo Petrópolis era movimentado por operadores financeiros investigados no esquema de corrupção da Petrobras, como Fernando Soares, Bruno Luz e Jorge Luz.

Os subornos destes contratos também foram operacionalizados pelo ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, já condenado em outros processos decorrentes da Lava Jato, maior operação contra a corrupção no Brasil.missilístico

"Documentos bancários obtidos na investigação comprovaram o recebimento de recursos milionários, sem causa económica legítima, em contas no exterior controladas e movimentadas pelos acusados", sustentou a acusação da Lava Jato.

Para efetuar a acusação, os procuradores utilizaram provas recolhidas durante a investigação, depoimentos e documentos obtidos com colaboração premiada (benefício legal concedido a um réu que aceite colaborar com a investigação criminal), quebras de sigilo bancário e fiscal, relatórios da Petrobras e rastreamento de contas ocultas no exterior.

Em 31 de julho, a 62.ª fase da operação Lava Jato cumpriu um mandado de prisão preventiva contra Walter Faria e outros cinco mandados de detenção contra executivos da mesma empresa, suspeitos de praticar atos ilícitos.

Na ocasião, os investigadores informaram terem indícios de que o dono do grupo Petrópolis atuou "em larga escala para fazer o branqueamento de centenas de milhões de reais em contas fora do Brasil" e que terá agido como um operador de pagamento de subornos em nome da construtora Odebrecht.

O executivo também foi acusado de transferir dinheiro ilícito em forma de doação eleitoral para partidos políticos em nome da Odebrecht e para agentes públicos beneficiados pelo esquema de corrupção na estatal petrolífera Petrobras.

Lançada em 2014, a operação Lava Jato trouxe a público um gigantesco esquema de corrupção de empresas públicas, implicando dezenas de altos responsáveis políticos e económicos, e levando à prisão de muitos deles, como o ex-Presidente brasileiro Lula da Silva.

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