Tudo indica que os documentos divulgados são verdadeiros, tal como vem sendo hábito nas investigações que foram dadas a conhecer, anteriormente, no âmbito do Wikileaks, fez notar à AP o porta-voz Kristinn Hrafnsson.
As escutas ocorreram, pelo menos, entre 2006 e Maio 2012, o mês em que Hollande assumiu a liderança, substituindo Sarkozy. O site do Wikileaks diz que envolveram, também, ministros franceses e embaixadores do país nos EUA.
Entre o que foi escutado estão assuntos sensíveis, como a nomeação para o Conselho Superior das Nações Unidas, o processo de paz no Médio Oriente, a crise financeira global, o caso grego em particular, bem como a liderança e o futuro da Unia~eo Europeia.
E mais: as escutas versaram, ainda, sobre a relação entre a administração Hollande e o governo alemão de Angela Merkel, por exemplo.
Há, até, uma listagem com números de telefone que a NSA identificou como sendo os principais "alvos de intercepção" em França, incluindo o próprio telemóvel do atual presidente francês, embora a investigação não mostre os números todos.
Hollande ainda não reagiu oficialmente, mas convocou uma reunião para esta quarta-feira, às 9:00, com o Conselho de Defesa.
Sarkozy, por sua vez, considera estes "métodos inaceitáveis no geral, e entre aliados, em particular", revelou um assessor à mesma agência de notícias.
Os resultados da investigação foram anunciados no Twitter como "Espionagem do Eliseu":
RELEASE: Espionnage Élysée - how the NSA bugged Hollande, Sarkozy and Chirac https://t.co/uflJlxeJdO pic.twitter.com/k8hDycaxNV
— WikiLeaks (@wikileaks) 23 junho 2015
O porta-voz do Wikileaks não quis adiantar como é que as provas foram obtidas, mas prometeu "mais revelações" para breve.
Desde que Edward Snowden revelou, em 2013, que a NSA tinha escutado a chanceler alemã, Angela Merkel, ficou claro que os EUA tinham usado a sua agência de segurança para fazer espionagem digital e interceptar conversas de políticos aliados.
Entretanto, precisamente agora, em junho de 2015, a Alemanha deixou cair a investigação sobre o assunto.
Certo é que estas novas revelações deverão voltar a causar constrangimento diplomático entre a Europa e os EUA. O fundador do Wikileaks Julian Assange defende que "o povo francês tem o direito de saber que o seu governo eleito é sujeito a uma vigilância hostil de um suposto aliado".
O senado dos EUA aprovou recentemente a retirada de poderes à NSA, na sequência do que foi sendo descoberto. E parece que as revelações não se ficam por aqui.