Falta menos de uma semana para o arranque da COP26, a cimeira das Nações Unidas para as alterações climáticas, que decorrerá em Glasgow, no Reino Unido, entre 31 de outubro e 12 de novembro
De acordo com a agência EFE, pelo menos 120 chefes de Estado e de governo anunciaram que iriam marcar presença física no evento. No entanto, alguns dos líderes dos países mais poluidores anunciaram a não comparência na cimeira.
China não terá mais cedências a fazer à ONU
Xi Jinping, presidente da China, é a ausência mais notada. O líder do maior emissor de CO2 a nível mundial ainda poderá marcar presença via videoconferência, mas, segundo analistas citados pela agência Reuters, o não comparecimento de Xi deverá indicar que este não tem mais cedências para oferecer às Nações Unidas.
No ano passado, a China comprometeu-se a atingir a neutralidade carbónica em 2060. Segundo as novas diretrizes do governo chinês, de acordo com a agência Xinhua, até 2030 o país asiático pretende aumentar a percentagem de energia produzida a partir de fontes renováveis para 25%
A conferência acontece numa altura em que o mundo enfrenta uma crise energética grave, e a China tem sido um dos países mais afetados. Na semana passada, as autoridades de Pequim ordenaram à indústria de extração de carvão para produzir “o máximo possível”, após várias regiões do país terem enfrentado falhas no abastecimento de eletricidade, tendo mesmo sido necessário recorrer a racionamentos.
O carvão, uma das fontes de energia mais poluentes, representa cerca de 60% da produção de eletricidade na China.
Putin não vai, mas Rússia envia delegação “forte”
Vladimir Putin é outro dos principais líderes que não vai marcar presença na COP26. “Infelizmente, Putin não irá a Glasgow” afirmou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, na passada quarta-feira.
Apesar disso, as autoridades russas confirmaram que irão enviar uma delegação “forte” à cimeira e que as alterações climáticas são uma das prioridades da administração.
A Rússia é o quarto maior poluidor a nível mundial. Juntamente com a China, é responsável por um terço das emissões de CO2 em todo o mundo.
Tal como o país liderado por Xi Jinping, a Rússia também se comprometeu a alcançar a neutralidade carbónica em 2060. Sem dar muitos detalhes, Putin garantiu que “a dependência do petróleo e do carvão irá diminuir”.
Embora tenha tradicionalmente adotado posições mais céticas quanto às alterações climáticas, o presidente russo reviu a sua posição nos últimos tempos, alarmado pelos incêndios que assolaram a Sibéria neste verão.
Primeiro-ministro indiano confirmado em Glasgow
A surpresa pela positiva chega da Índia, com a confirmação, no passado domingo, da presença de Narendra Modi na COP26. O primeiro-ministro indiano considera a cimeira uma boa oportunidade para “traçar o caminho a seguir” para o terceiro maior poluidor mundial.
Enviados climáticos dos Estados Unidos, da União Europeia e dos organizadores da cimeira do Reino Unido visitaram Nova Deli várias vezes nas últimas semanas para encorajar o governo de Modi a fazer mais para reduzir as emissões de dióxido de carbono, segundo a agência AFP.
A Índia produz hoje a mesma quantidade de dióxido de carbono que a União Europeia, embora o consumo por pessoa seja dois terços menor, de acordo com a Agência Internacional de Energia, que espera que a recuperação económica pós-pandemia de 2021 faça com que as emissões de CO2 da Índia ultrapassem os níveis de 2019.
Brasil com segunda maior delegação, mas sem Bolsonaro. Raisi e Papa Francisco de fora
O Brasil anunciou a presença da segunda maior delegação da COP26, mas não confirmou a presença de Jair Bolsonaro. A chefia da delegação brasileira ficará a cabo do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
Ebrahim Raisi, presidente do Irão, também não anunciou a sua comparência. Raisi enfrenta acusações de crimes contra a humanidade, e alguns políticos, como o antigo deputado europeu Struan Stevenson, pedem que o líder iraniano seja detido caso viaje para Glasgow.
No dia 8 deste mês, o Vaticano confirmou a ausência do Papa Francisco, anunciando que irá estar representado pelo cardeal Pietro Parolin. O anúncio contrariou as próprias palavras do Sumo Pontífice, que em setembro disse que já estava a “preparar o discurso” para a cimeira.