Málaga: corrida contra o tempo para salvar bebé de dois anos - TVI

Málaga: corrida contra o tempo para salvar bebé de dois anos

Em declarações a um programade televisão, o pai de Julen critica a falta de meios para chegar à criança presa num furo com 100 metros de profundidade

As operações de resgate decorrem a toda a velocidade quanto é possível. Em Málaga, há mais de 40 horas que mais de 100 operacionais tentam localizar Julen (e não Yulen como inicialmente avançado pela imprensa espanhola), o bebé de dois anos que na tarde de domingo caiu por um furo de prospeção de água, em Totalán, enquanto brincava com um primo, de um ano e meio.

Segundo os meios espanhóis, os pais, José e Victoria, perderam o filho mais velho, Oliver, há dois anos vítima de um enfarte fulminante. No domingo estavam numa quinta de familiares e preparavam o almoço enquanto Julen brincava pelo campo. De repente, sem nada que o fizesse prever, a criança caiu no furo. A família está acompanhada por uma equipa de psicólogos.

Em declarações ao "Programa de Ana Rosa", da Telecinco, o pai de Julen revelou que a família tem recebido muito apoio, mas deixou críticas à falta de meios para chegar à criança presa num furo com 100 metros de profundidade.

"Muitos tweets, muitas mensagens, mas nada de meios. Sabem o que é estar há 30 horas à espera para que tirem o teu filho de um poço? Acreditam que esta (segunda-feira de) manhã, às 11:00 (hora local), sabia-se que vinha um camião de Cádiz para tirar a terra e estão à espera que chegue o camião para preparar as coisas? Toda a gente se engana, mas eles não estão a fazer bem as coisas. Não escrevam que está a vir o presidente nem ninguém, escreve o que estão a fazer aqui, que não estão a fazer nada de nada, que há 30 horas que um menino está dentro de um poço. Estamos a morrer!", afirmou José Rosello.

Já esta terça-feira, em declarações à Antena3, o pai do bebé afirmou que "ninguém se pode colocar" na sua pele.

Oliver e Julen

Desde o alerta que as autoridades não param as buscas. No local, um efetivo com mais de 100 operacionais tenta encontrar a solução mais rápida para chegar ao bebé que se acredita estar no fundo do furo com mais de 100 metros de profundidade. 

Numa primeira tentativa, os bombeiros encontraram um tampão de terra a 73 metros de profundidade. Depois de tentarem retirar a terra para continuar as buscas, depararam-se com uma parte mais dura que obrigou à procura de um plano alternativo começou a ser colocado em marcha às 7:00 (hora local) esta terça-feira. 

Tal como a Guardia Civil tinha anunciado ontem, uma das opções é abrir um segundo furo, paralelo àquele por onde caiu Julen, para tentar localizar a criança. A subdelegada do governo em Málaga adiantou que as equipas começaram a abrir um túnel lateral de cerca de 80 metros, aproveitando a inclinação da montanha, para tentar chegar à área onde se presume estar o pequeno Julen.

Em declarações aos jornalistas às primeiras horas da manhã, a subdelegada do Governo de Málaga confirmou que "as tarefas de resgate são muito complexas do ponto de vista técnico" e que, por isso, "foi escolhido o método mais fiável para que se possa fazer o trabalho de resgate da melhor maneira". María Gámez lembrou ainda que os trabalhos de resgate são mais demorados porque "continua a cair material [para dentro do buraco], que se compacta, é húmido, a zona é fria... de facto, não é fácil procurar ali".

Também o porta-voz da Guardia Civil em Málaga, Bernardo Moltó, reconheceu, na segunda-feira, que é "muito difícil" trabalhar num espaço tão estreito e que não se sabe "a que altura está a criança" nem o "que existe no fim do poço".

Mas garantiu: "A missão continua sendo a localização e o resgate [de Julen]. Estamos a trabalhar com a ideia de que Julen está vivo".

Autarca de Totalán critica operações

O presidente de Totalán, Miguel Ángel Escañ, criticou a forma como as operações estão a decorrer no terreno, avança o El Mundo. 

"Não se está a fazer o que é adequado, não se fez um diagnóstico da zona. Há esperança de vida e a cada minuto que passa perde-se", afirmou Escañ, acrescentando que quem está a coordenar as operações "tem de se deixar de improvisos e pensar se vai perfurar na vertical e na horizontal" porque Julen está numa "zona abrupta, mas viável de ultrapassar".

O autarca insiste que deveria ser pedida ajuda às empresas europeias privadas que têm equipas com georradares e revelou que já pediu a colaboração do ministro do Interior, Grande Marlaska, para que seja dados estes recursos à Unidade Militar de Emergência. 

Responsável pelo furo garante que selou o buraco

Uma das perguntas que surgiu de imediato foi como um buraco com aquela profundidade se encontrava a céu aberto. Contactado pelo jornal El Español, o empresário responsável pelo furo garante que tem a consciência tranquila porque "selou" o mesmo com uma pedra. 

"Tapo sempre os meus trabalhos por segurança. Se ninguém tivesse tirado a pedra de lá, o menino não tinha caído", afirmou Antonio Sánchez Gámez, proprietário da Perforaciones Triben, e responsável por abrir o furo há pouco mais de um mês. 

Antonio Sánchez Gámez garante então que selou o buraco com cerca de 23 centímetros de diâmetro com uma pedra inserida a meio metro de profundidade, a mesma profundidade a que as autoridades rebaixaram o terreno para tentar encontrar Julen.

"Deviam usar usar uma retroescavadora para retirar a terra. À mão é impossível. Rebaixaram o terreno um par de palmos, cerca de meio metro, precisamente a profundidade a que meti a pedra. Alguém a tirou dali. Eu não tenho culpa do que aconteceu", reitera o empresário, acrescentando que foi aconselhado a procurar um advogado.

Gámez revela ainda que, no domingo, quando foi chamado ao local onde Julen desapareceu, viu que tinha sido feito "uma vala com uns cinco ou seis metros de diâmetro à volta" do furo. Questionado porque acha que alguém tirou a pedra do furo e fez a vala, o empresário é direto: "Essa resposta quem a tem de dar são os donos da terra, não eu".

Mas garante não ficar descansado enquanto o bebé não aparecer.

"Como me vou sentir com um menino que não aparece?".

Dez empresas especializadas no local

A corrida contra o tempo continua e todos os esforços parecem poucos para tentar chegar ao bebé. No local estão dez empresas especializadas para tentar resgatar o bebé, num trabalho dificultado pela orografia do terreno e pela falta de tempo. 

"Temos dez empresas especializadas a apoiar-nos na procura da melhor alternativa", asseguro a subdelegada Maria Gámez, acrescentando que o acesso será feito por um furo lateral e horizontal de forma a chegar a uma profunidade de 80 metros.

A decisão, tomada esta manhã, foi comunicada aos pais do bebé antes de ser transmitida à comunicação social.

"A família foi informada por mim: de forma direta e pessoal, antes da comunicação social", garantiu, em conferência de imprensa.

Por sua vez, o delegado do Governo de Andaluzia, Alfonso Rodríguez Gómez de Celis, tentou por fim à especulação de que a criança não esteja no fundo do furo.

"Não há outra hipótese. Esta é a única hipótese. É uma situação inédita", afirmou, acrescentando que todos os esforços estão concentrados no resgate da criança.

Em declarações aos jornalistas pelas 13:30, o porta-voz da Guardia Civil revelou que oito membros da Brigada Central de Salvamento Mineiro de Hunosa estão a caminho de Málaga para participar no resgate.

A equipa aterrou na Base Aérea de Málaga pouco depois das 17:00 (hora local) e vão juntar-se às operações de imediato.

O dispositivo empenhado nas buscas é composto por membros dos Bombeiros de Málaga (CPB), da Guardia Civil - incluindo a Equipa de Resgate e Intervenção de Montanha -, o Grupo de Especialidades Subaquáticas (GEAS), a Polícia Nacional e local e a Empresa Pública de Emergências Sanitárias (EPES). Foi ainda requisitada a intervenção do Grupo de Intervenção Psicológica em Emergências e Desastres (Giped) do Colégio de Psicólogos de Andaluzia e técnicos do centro de coordenação de emergências de Málaga.

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