China teve de negar que vendia carne humana para África - TVI

China teve de negar que vendia carne humana para África

  • Sofia Santana
  • 25 mai 2016, 11:52
Carne [Lusa\Nuno Veiga]

Pequim reagiu com palavras duras a um artigo, publicado num jornal da Zâmbia, que dava conta de que a China vendia carne humana para África. Os rumores tinham começado nas redes sociais com imagens falsas

Os rumores começaram a circular nas redes sociais com imagens falsas, mas depressa tiveram eco na imprensa da Zâmbia: alegados relatos de que a China exportava carne humana para África caíram como uma bomba em Pequim e estiveram perto de originar um incidente diplomático entre os dois países.

No centro da polémica esteve uma reportagem publicada pelo diário da Zâmbia Kachepa. O artigo cita uma mulher zambiana, funcionária de uma fábrica de processamento de carnes na China, que não foi identificada.

O texto descreve um autêntico pesadelo para qualquer consumidor. Segundo o jornal, a mulher terá contado que as empresas chinesas recolhem cadáveres para serem usados em produtos enlatados, nomeadamente no “Corned beef”, um tipo de carne de vaca cozida e tratada com salmoura.

Um artigo “irresponsável”, uma acusação “maldosa” e “inaceitável”. Foi com dureza e sem meias palavras que Pequim reagiu a estes relatos, negando-os com veemência. 

O embaixador chinês na Zâmbia, Yan Youming, exigiu mesmo ao governo do país que investigasse o jornal em causa para que o “nome do povo chinês” fosse limpo.

“É uma calúnia completamente maliciosa que é inaceitável. Expressamos a nossa raiva e condenamos veementemente este ato”, disse Yan Youming à agência estatal chinesa.

Mas os rumores tinham começado bem antes, na Internet. Em tom de aviso, os textos, partilhados nas redes sociais, eram acompanhados de fotografias que alegadamente mostravam a “carne humana”.

Só que as imagens, veio-se a constatar, eram falsas, uma vez que tinham sido criadas para uma campanha publicitária do jogo de computador Resident Evil 6.

Perante a indignação de Pequim, o governo zambiano viu-se obrigado a tomar uma posição e a lamentar o incidente, sob pena de as relações entre os dois países saírem afetadas. É que a China financia vários projetos de infraestruturas na Zâmbia, em troca de recursos naturais do país africano.  

O vice-ministro da Defesa da Zâmbia, Christopher Mulenga, garantiu mesmo que as autoridades do país iam investigar o jornal e as fontes que originaram a notícia.

“O governo da Zâmbia lamenta este incidente, levando em consideração a estreita relação que existe entre o nosso país e a China.”

O discurso duro e a posição inflexível dos responsáveis chineses sobre esta matéria não serão de estranhar, se se tiver em conta que a China tem um historial em segurança alimentar marcado por vários escândalos.

No ano passado, a imprensa chinesa divulgou que as autoridades confiscaram mais de 100 mil toneladas de carne, pois a maior parte tinha sido congelada há mais de 40 anos.

Um ano antes, um repórter chinês tinha denunciado a falta de condições de higiene numa fábrica que fornecia carne a cadeias de restauração como o McDonalds.

Em 2008, um outro escândalo envolveu a contaminação de leite em pó com uma substância química.

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