Ministro <i>rasga</i> o véu - TVI

Ministro <i>rasga</i> o véu

  • Portugal Diário
  • 19 nov 2006, 16:20

Egipto: mulheres com véu «é uso retrógrado». Estalou a polémica

Oitenta deputados do parlamento egípcio, da maioria à oposição islamita, exigiram este domingo um debate parlamentar sobre declarações do ministro da Cultura, Faruk Hosni, que considerou o uso do véu retrógado, escreve a Lusa.

Hosni, que assume a pasta da Cultura há 20 anos e é considerado próximo de Suzanne Mubarak (mulher do presidente Hosni Mubarak), que não usa véu, lamentou que se assista no Egipto a um «recuo» nesta matéria.

«As mulheres com as suas belas cabeleiras assemelham-se a flores. Não é preciso escondê-las dos outros», afirmou, considerando que «nos nossos dias, a religião preocupa-se muito com as aparências».

Esta opinião foi imediatamente denunciada pelos islamitas como uma blasfémia e uma cedência ao Ocidente. «Ele tenta atingir as bases da nação muçulmana», disse Mohamed Habib, número dois dos Irmãos Muçulmanos, o principal grupo da oposição, para quem o ministro quer «atirar-se nos braços do Ocidente».

Sem negar a declaração, Hosni afirmou que foi proferida off the record e não deveria ter sido publicada pelo diário independente al-Masri Al-Yom.

As críticas dos tradicionalistas muçulmanos extravasaram as fronteiras, com líderes islamitas a surgirem nos canais al-Jazeera e al-Madj a classificarem as declarações de Hosni de «calamidade que atinge as terras do Islão e contradiz os ensinamentos do Corão».

Depois de 30 anos de reislamização, sob influência wabita, as mulheres sem véu no Egipto são actualmente sobretudo cristãs coptas, um grupo muito minoritário.

Por escolha religiosa, forte pressão social e familiar, ou mesmo «moda», 80 por cento das egípcias usam véu, segundo a socióloga Mona Abaza, ouvida pel a agência France Press.

No seu entender, este é «o sinal mais preocupante da islamização».
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