PCP e a «contradição insanável» das políticas de crescimento do Governo - TVI

PCP e a «contradição insanável» das políticas de crescimento do Governo

Jerónimo de Sousa critica «duplo pagamento» na Lusoponte

Como é possível resolver os problemas do emprego e da recessão com austeridade, questionou Jerónimo de Sousa

O líder do PCP considerou, nesta quarta-feira, uma «contradição insanável» a «persistência» da Europa e do Governo em apontarem como solução para a crise as mesmas políticas que em Portugal levaram à recessão e a números inéditos de desemprego.

Jerónimo de Sousa falava no debate quinzenal com o primeiro-ministro, que decorreu na Assembleia da República, tendo questionado Passos Coelho sobre a política económica e financeira europeia que será debatida na cimeira de chefes de Estado e Governo da União Europeia que começa na quinta-feira.

O secretário-geral dos comunistas portugueses considerou que a «denominada estratégia 20/20» da União Europeia é «uma montanha que pariu um rato», dada a «gravidade do desemprego», porque se traduz na «continuação das políticas que estão na raiz da atual situação» de crise.

«Mesmo as tímidas medidas que se esboçam para proclamar o crescimento são, no fundamental, dirigidas aos grandes grupos económicos e financeiros e a países como a França ou a Alemanha», acrescentou.

Para Jerónimo de Sousa, «até aqueles que falavam muito no chamado protocolo sobre o crescimento e emprego adicional ao tratado orçamental meteram a viola no saco».

«A quadratura do círculo mantém-se», afirmou o líder do PCP, questionando: como é que se «resolve a contradição» de «a austeridade não jogar com o crescimento e o emprego?»

«Como assegurar o crescimento com a manutenção de medidas e de políticas que estiveram na origem do aumento do desemprego e da recessão? (...) Não acha que é uma contradição insanável persistir na mesma política e dizer que se vão resolver os problemas do emprego e da recessão?», questionou, dirigindo-se ao primeiro-ministro.

Passos Coelho respondeu que «contradição insanável» é a «daqueles que defendem» que Portugal deve sair da crise, ou tentar, «aplicando como receita as mesmas causas» que conduziram o país «a esta situação».

O primeiro-ministro insistiu em que as políticas de austeridade «são tanto causa de desemprego como consequência de políticas de crise, de endividamento e de excesso de défice».

«Nós não temos políticas de crescimento nem de criação de emprego se insistirmos na espiral do défice e na espiral da dívida. E em Portugal comprovámos isso várias vezes ao longo do nosso processo democrático», afirmou, referindo que Portugal já teve de recorrer à ajuda externa várias vezes «para poder suprir a falta de meios de investimento e para a resolução de outros compromissos».

Jerónimo de Sousa lamentou que o primeiro-ministro revele «disponibilidade para considerar propostas» para «outros» decidirem por Portugal sobre o Orçamento do Estado ou a política económica e fiscal, continuando a «esvaziar» a Assembleia da República e outros órgãos de soberania das suas competências para os tornar uma «caixa de ressonância da União Europeia».
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