Não sou foragido, disse Rendeiro quando foi flagrado pela polícia. Sem algemas nem resistência, saiu para duas noites na cela - TVI

Não sou foragido, disse Rendeiro quando foi flagrado pela polícia. Sem algemas nem resistência, saiu para duas noites na cela

A detenção de Rendeiro foi tranquila. Surpreendido, negou ser foragido aos agentes policiais. Estava sozinho no quarto de hotel, não ofereceu resistência, vestiu-se e saiu sem algemas. Para passar duas noites nos calabouços de uma esquadra na África do Sul

Quando a porta da suite do hotel Forest Manor Boutique se abriu, João Rendeiro ficou perplexo: surpreendido por agentes da Interpol NCB em Petrória, o seu primeiro instinto foi negar – negar ser um foragido à justiça. Era ainda cedo, mas o que seria mais uma manhã tranquila de verão no hemisfério Sul era afinal a alvorada em que seria detido. Aconteceu este sábado, em Durban.

Rendeiro, surpreendido, não ofereceu resistência, vestiu-se, trocou o pijama por uma camisa cor-de-rosa e saiu tranquilamente e sem algemas para a esquadra, onde foi remetido para os calabouços para passar duas noites numa cela, até ser apresentado a um juiz, o que acontecerá esta segunda feira. Aí saberá se fica ou não em prisão preventiva.

Estes pormenores da detenção de João Rendeiro foram apurados pela CNN Portugal, tal como foram relatados por fontes policiais envolvidos na detenção às autoridades portuguesas. Foi a polícia sul-africana que encontrou o paradeiro final de Rendeiro, com o auxílio de informadores e após estreita colaboração com a Polícia Judiciária portuguesa, que por sua vez já elogiou o trabalho dos seus congéneres, tendo o diretor nacional da PJ, Luís Neves, destacado também o papel de Arnaldo Carlos, líder do serviço de investigação criminal de Angola, no processo, bem como do general Khehla John Sitole, Comissário Nacional da Polícia da África do Sul, com quem Luís Neves falara durante uma reunião bilateral na 89.ª Assembleia Geral da Interpol em Istambul, Turquia.

 

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O pormenor de Rendeiro estar de pijama foi amplificado no próprio sábado, sendo útil sobretudo para perceber quão cedo e quão surpreendido foi.

“Agentes da Interpol NCB em Pretória, atuando na sequência de um aviso vermelho da Interpol, rastrearam o fugitivo até um local em Umhlanga Rocks, onde foi preso às 07:00 (locais) desta manhã”, referiu a Polícia da África do Sul (SAPS) em comunicado, que identifica o detido como Oliveira Rendeiro.

A detenção foi nota de rodapé na África do Sul, mas dominou todo o noticiário em Portugal, onde se sucederam reações: o primeiro-ministro e a ministra da Justiça elogiaram a Polícia Judiciária, mesmo se a extradição pode demorar meses ou mesmo um ano.

Já para os lesados do BPP, a detenção de Rendeiro "não contribui para nada", disse o advogado que os representa, Jaime Antunes: "O que era importante era que os tribunais funcionassem".

Esta é a lista de crimes do antigo banqueiro, que já passou a noite de sábado numa esquadra na África do Sul e ainda passará a de domingo, até ser presente a tribunal. Segunda-feira é o próximo dia importante neste processo. Até lá, Rendeiro descansa… no calabouços. “Abatido, porque chegou a um fim de linha”.

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