Ronaldo de regresso... a casa - TVI

Ronaldo de regresso... a casa

Cristiano Ronaldo

Jogo alto

Quis o destino que a minha estreia em artigos de opinião no Maisfutebol acontecesse na semana em que Cristiano Ronaldo regressou a casa.

Não à Madeira, que o viu nascer e onde deu os primeiros toques na bola, mas à casa que o fez saltar em definitivo para uma carreira imortal, já que foi em Old Trafford que um jovem Cristiano, de apenas 18 anos, chegava do Sporting para representar o Manchester United e começar a tirar as poucas dúvidas sobre a sua qualidade a quem ainda as tivesse.

Ora, neste «regresso a casa» Cristiano começou logo por surpreender.

Surgiu na sala de imprensa, para a antevisão do jogo entre o Man. United e a Juventus, para um frente a frente com os jornalistas de todo o mundo, dois meses após as denúncias de uma alegada violação à norte-americana Kathryn Mayorga em Las Vegas, em 2009.

Pelo meio, fez o cruzamento que acabou por dar o golo, que valeu a vitória e os três pontos à Juventus no Grupo H, e terminou a tirar uma selfie com um dos invasores do relvado, num final de jogo onde foi o último a sair de campo. Sempre a sorrir, sempre acenar e a retribuir o carinho dos adeptos do United.

Em dois dias Cristiano conseguiu acima de tudo humanizar o jogador, a estrela.

A distância a que esteve de tudo e todos nos últimos dois meses, com as ausências da seleção e a justificação de querer adaptar-se o mais rapidamente possível ao novo clube, acabou por contrastar com o comportamento que teve na sala de imprensa, sentado ao lado de Massimiliano Allegri. O comportamento de um verdadeiro profissional, que falou do jogo, do adversário, de José Mourinho, mas que falou acima de tudo na família, na saúde, na felicidade e no prazer que tira de jogar futebol.

Após dois meses em que não respondeu a perguntas dos jornalistas, CR7 não se negou a falar sobre nenhuma questão na abordagem ao jogo, mesmo aquelas inevitáveis, aquelas que poderiam causar maior incómodo, como as relativas ao Caso Kathryn Mayorga”. E foi sempre de sorriso nos lábios que Cristiano enfrentou os temas, uns atrás dos outros.

Sobre a acusação de violação o madeirense diz estar confiante de que a razão está do seu lado... resta agora esperar que, como o próprio Cristiano disse, a verdade venha sempre em primeiro lugar, de preferência de forma rápida e de maneira a que todas as nuvens negras que marcaram os últimos dois meses deixem, de uma vez por todas, de pairar sobre o melhor jogador do mundo. Para que possa concentrar-se apenas e só em fazer aquilo que faz como ninguém: jogar futebol ao mais alto nível, sem este enorme ruído que vem de fora das quatro linhas.

«Jogo alto» é um artigo de opinião de Pedro Ramalho, jornalista da TVI, que escreve neste espaço de três em três semanas

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