Só um é o jogo do ano (chuta Éder!), mas já agora recorde mais nove - TVI

Só um é o jogo do ano (chuta Éder!), mas já agora recorde mais nove

Liverpool e Dortmund como repetentes e os títulos merengues num ano marcado pelo jogo de uma vida: a final do Euro!

Só um pode, obviamente, ser o jogo maior de 2016. Mas para além desse, houve muito futebol antes e depois. Encontros decisivos e outros nem tanto, mas que nos fizeram agitar na cadeira, tamanha foi a emoção. Estes são os melhores jogos de 2016 para o Maisfutebol. Venha daí.

Norwich-Liverpool, 4-5 (23 de janeiro)

Klopp perdeu e partiu os óculos nos festejos do último golo

Jogos com nove golos são sempre apelativos, mas jogos que terminam 5-4 ou 4-5 têm algo de especial, algo que nos prende ao sofá. O Liverpool, sobretudo este de Klopp, é especialista em resultados destes como verá ao longo deste texto.

Depois de um empate a três com o Arsenal (um jogo também dramático com Joe Allen a empatar aos 90’) e uma derrota com o Man United, a contar para a Premier League, os Reds foram ao terreno do Norwich à procura do regresso aos triunfos.

O jogo começou bem com Roberto Firmino a fazer o primeiro golo da partida ainda dentro dos 18 minutos. Só que o Norwich, com Ivo Pinto a titular, reagiu e fez a reviravolta ainda antes do intervalo. Mbokani empatou de forma espetacular, à Rabah Madjer, e Naismith fez o segundo.

Klopp foi zangado para o intervalo e pior ficou quando, aos 54’, Hoolahan fez o 3-1 de penálti, numa espécie de «Panenka». A cara de Klopp (ver vídeo) dizia quase tudo! Só que a alma de Anfield impôs-se em Carrow Road e um minuto depois Henderson reduziu. Pegou na bola, correu para o círculo central e deu o mote aos colegas.

Firmino foi o primeiro a corresponder, empatou num belo lance de envolvimento ofensivo. Que golaço! Klopp festejou efusivamente o empate, mas ainda faltava muito. Um disparate de Martin a atrasar a bola isolou Milner que não perdoou na cara do guardião. 3-4 aos 75 minutos!

O jogo inverteu e os Canaries foram em busca de um pontinho. Foi no «chuveirinho» final que Bassong fez o 4-4, dois minutos para lá da hora, com um tiro fora da área. Os jogadores do Liverpool levaram as mãos à cabeça, uns ficaram no chão, Mignolet repreendia os colegas, como dizendo que este golo sentenciava a partida.

Não! Adam Lallana teve o seu momento aos 95’. Bola na área, dois remates, a bola aos saltos e o médio apareceu, mais esclarecido que toda a gente, e fez o 4-5. Klopp correu do banco até ao jogador e celebrou mais uma cambalhota no marcador, esta definitiva! Até partiu os óculos...

Sporting-Benfica, 0-1 (5 de março)

O campeonato 2015/16 caminhava a passos largos para o fim e, na jornada 25, os leões receberam as águias num duelo de primeiro contra segundo, com vantagem de um ponto para a equipa de Alvalade.

Jorge Jesus já tinha vencido três vezes o rival Benfica naquela temporada (Supertaça, Liga e Taça de Portugal) e sabia que mais um triunfo seria o passo decisivo para o título. Não podia ter mais moral o plantel leonino, enquanto os encarnados teriam de superar essa desconfiança criada nos anteriores jogos.

A rivalidade de antigamente entre os dois grandes de Lisboa estava reacesa e, com os portistas ainda à espreita, poucos foram aqueles que no país não estiveram com atenção ao jogo. Mitroglou surpreendeu o Sporting e gelou Alvalade logo aos 20’. A partir dali assistiu-se a uma avalanche leonina em busca da reviravolta. Éderson, em estreia, parecia imbatível e o Benfica segurou os três preciosos pontos, os fundamentais para o tricampeonato.

Liverpool-Borussia Dortmund, 4-3 (14 de abril)

Talvez o jogo mais emocionante do ano!

Segunda mão dos quartos de final da Liga Europa, Klopp recebia a sua antiga equipa em Anfield Road após um empate a uma bola na Alemanha. O Dortmund precisava de vencer em Terras de Sua Majestade e até começou bem a partida: aos 10 minutos já vencia por 0-2 com golos de Mkhitaryan (5’) e Aubameyang (9’) em duas lições de contra-ataque.

O Liverpool não conseguiu reagir e ao intervalo poucos acreditavam que Klopp iria fazer tombar o antigo clube. Só que ninguém deve duvidar do poder que Anfield tem. Origi deu o primeiro aviso e aos 48’ minutos reduziu. A plateia de Mersyside empolgou-se, mas Marco Reus colocou gelo ao fazer o 1-3 aos 57’. Klopp ficou furioso com os seus jogadores.

Parecia o fim dos Reds, só que a alma foi enorme. Coutinho tabelou Milner e fez um belo golo à entrada da área, isto aos 66 minutos. O brasileiro olhou para as bancadas e pediu apoio! Não faltou claro e aos 77’, Sakho fez o 3-3 na sequência de um pontapé de canto. O empate ainda significava eliminação, mas o guião reservou mais drama para os descontos.

Livre lateral, Milner deu para Sturridge na linha em vez do balão para a área, o avançado tabelou com o médio que foi à linha cruzar na perfeição para Lovren, que voou mais alto que todos e levou Anfield à loucura. 4-3!

Klopp bateu o Dortmund num jogo com todos os ingredientes de uma grande partida. Pode ser sempre assim?

 

Chelsea-Tottenham, 2-2 (2 de maio)

No dia anterior ao deste jogo, o líder Leicester foi a Old Trafford empatar (1-1), não conseguindo de imediato sagrar-se campeão inglês. Os holofotes voltaram-se para a deslocação do perseguidor Tottenham, que jogava em Stamford Bridge a continuidade da luta pelo campeonato. Tudo que não fosse uma vitória dava título histórico ao Leicester, de Ranieri, e foi isso que aconteceu.

O jogo começou de feição aos Spurs e ao intervalo venciam por 0-2, com golos de Kane (35’) e Son Heung-min (44’). O Leicester tinha o champanhe no frigorífico, mas os primeiros quarenta e cinco minutos davam a entender que as garrafas iam ficar por lá mais uns dias.

Só que a Premier League é isto, jogos que nunca estão decididos aos 90’, quanto mais ao intervalo. O Chelsea, de Guus Hiddink, renasceu das cinzas no descanso e passou o testemunho ao Leicester: de campeão para campeão.

Cahill reduziu aos 58 minutos e Eden Hazard a sete minutos do fim fez a igualdade num grande golo!

Sp. Braga-FC Porto, 2-2 (22 de maio)

O Jamor voltou a acolher os guerreiros do Minho, desta vez frente ao FC Porto, um ano depois da derrota com o Sporting nas grandes penalidades.

O guião deste jogo foi praticamente semelhante à do ano anterior, com a exceção do «pormenor» de quem levantou a Taça.

Os minhotos adiantaram-se no marcador por Rui Fonte, Josué «traiu» os dragões e fez 0-2. Faltava meia-hora para o fim e a Taça estava muito próxima de rumar ao Minho, só que eis que surge André Silva. O «menino» reduziu aos 61’ e alimentou a chama do Dragão recuperar a desvantagem.

Há um ano Montero e Slimani, nos últimos dez minutos, tinham transformado a vantagem de dois golos do Sp. Braga num empate que levou o jogo para prolongamento e, posteriormente, grandes penalidades, nas quais o Sporting foi mais feliz.

André Silva «reencarnou» os avançados e aos 90 minutos empatou o jogo numa bicicleta espetacular. Ainda se lembram da correria de Casillas a festejar a igualdade?

O prolongamento não trouxe nada de novo e o jogo seguiu para grandes penalidades. O fantasma do ano anterior assolava os bracarenses. Só que surgiu Marafona a parar Herrera e Maxi Pereira e o Sp. Braga conquistava a segunda Taça de Portugal da sua história, entregue por Marcelo Rebelo de Sousa, um bracarense assumido, eleito presidente da República em 2016.

Real Madrid-Atlético de Madrid, 1-1, 5-3 gp  (28 de maio)

Outra vez? Milão transformou-se em Lisboa e assim se repetiu a final da Champions de 2014. Os protagonistas eram praticamente os mesmos e foi o herói da final em solo português que abriu o marcador. Sérgio Ramos marcou aos 15 minutos e fez os colchoneros relembrarem uma das piores noites da sua história.

A abrir o segundo tempo, o Atleti teve a melhor oportunidade, após Pepe cometer uma grande penalidade, mas Griezmann não converteu, acertando na barra. O primeiro sinal de que os homens de Simeone não deviam deixar levar o jogo para os penáltis!

Carrasco, entrado ao intervalo, percebeu o sinal do companheiro e empatou a partida aos 79’. O Atlético ainda forçou e nos descontos, num contra-ataque, podia ter chegado ao segundo, não fosse Ramos ter parado o lance de forma dura. O árbitro perdoou um vermelho ao defesa e o jogo voltou a ir para prolongamento, tal como em Lisboa.

Aqui ninguém marcou e o cansaço de uma época fez-se notar. Nas grandes penalidades, Oblak esteve imóvel e não defendeu nenhum, Juanfran acertou no poste e Ronaldo foi o homem que assumiu a última conversão. Siiiiiii, disse o Bola de Ouro de 2016, e os merengues festejaram a 11ª Liga dos Campeões.

México-Chile, 0-7 (19 de junho)

O jogo grande dos quartos de final da Copa América acabou numa goleada à moda antiga e surpreendeu o mundo do futebol. A partida foi disputada de madrugada e na Europa quem não viu o jogo e só leu as notícias ao acordar ficou incrédulo. Depois de ver as imagens dos golos ficou ainda mais surpreendido perante a inoperância dos mexicanos, sobretudo na segunda parte.

Ao intervalo, o detentor do troféu vencia por 0-2 com golos de Puch e Vargas e a segunda parte seria o inferno para Herrera, Corona, Diego Reyes e Jiménez (os dois últimos suplentes utilizados).

Alexis Sánchez fez o 3-0, Vargas fez três de forma consecutiva e chegou ao poker e Puch fechou a contagem. O Chile seguiu em frente, sem qualquer discussão, naquela que foi a primeira derrota de Juan Carlos Osório ao serviço da seleção mexicana. Os chilenos iriam vencer a prova nas grandes penalidades frente à Argentina.

 

PORTUGAL-FRANÇA, 1-0 (10 DE JULHO)

A final do Europeu é o jogo do ano! Correção: o jogo de uma vida!

O país parou, ligou a televisão e não perdeu pitada desde o hino até ao levantar da taça (muitos continuaram madrugada fora...). Todos nós sentimos como nossa a lesão de Cristiano Ronaldo, trememos com a substituição do capitão, mas continuámos a acreditar que iríamos conseguir vingar 2004. Tínhamos chorado ao perder em casa uma final e queríamos que os franceses sentissem o mesmo, depois de tudo o que disseram de nós.

Os franceses lá tiveram as suas oportunidades, Patrício explicou-lhes que não iam conseguir e Éder (sim, aquele que quase todos criticavam) marcou o golo da glória, da euforia, da conquista. Enfim, o golo das nossas vidas! Se foi bonito ou feio o futebol que se praticou? Pouco importa, para nós será sempre o melhor, porque quando Éder chutou, chutámos todos!

Real Madrid-Sevilha, 3-2 (9 de agosto)

Quase um ano depois, o Sevilha regressou à Supertaça Europeia e desta vez o adversário foi o Real Madrid em vez do Barcelona. A partida com os culés ficou nas melhores de 2015 e esta também merece distinção em 2016.

Em Trondheim, na Noruega, Sampaoli sentava-se no banco dos andaluzes oficialmente pela primeira vez e estreava também uma nova ideia. O futebol vertical de Unai Emery passou para segundo plano e a posse de bola imperou. O Real Madrid, sem Bale e Ronaldo por lesão, passou um mau bocado e esteve mesmo perto de perder, não fosse mais um «noventa e Ramos».

Em estreia, Marco Asensio abriu o marcador para os merengues com um golaço, mas o melhor futebol dos sevilhanos iria virar o jogo. Franco Vázquez empatou na primeira parte e Konoplyanka fez de grande penalidade o 1-2 aos 72’. Sergio Ramos cometeu a infração, mas iria redimir-se no terceiro minuto dos descontos.

Zidane quase viu Sampaoli levantar a Taça, mas o capitão mandou tudo para prolongamento. Aí o Real foi mais forte, até porque o Sevilha sofreu uma grande contrariedade logo no terceiro minuto: Kolodziejczak foi expulso por duplo amarelo.

Mesmo assim, o Sevilha foi resistindo, resistindo... só que aos 119’, Carvajal teve uma jogada «à Messi» e marcou um golaço. Mais um título europeu para Zidane e seus pupilos e de novo de forma...emocionante!

Borussia Dortmund-Legia, 8-4 (22 de novembro)

Golos, golos e mais golos!

O resultado adequa-se mais a uma partida de futsal, futebol de praia ou até mesmo hóquei em patins, mas aconteceu mesmo num relvado, no Signal Iduna Park. Foi a partida com mais golos de 2016 nas principais ligas europeias, Champions e Liga Europa e surpreendeu qualquer adepto que tenha assistido à mesma. Aliás, a primeira parte não deu tempo sequer para tirar os olhos do jogo por um instante: sete dos 12 golos foram apontados nos primeiros 45 minutos.

O Legia até entrou a ganhar (Prijovic aos 10’), mas o Dortmund deu a cambalhota e em quatro minutos passou o resultado para 3-1: Kagawa aos 17’ e 18’ e Nuri Sahin aos 20’. Prijovic voltou a colocar o Legia no jogo aos 24’, só que Dembelé (29’) e Reus (32’) fizeram questão de mostrar quem manda na Alemanha.

Logo a abrir a segunda metade, Reus bisou (52’), mas os polacos não desistiam. Kucharczyk reduziu e colocou o marcador em 6-3, aos 57’. O jovem Passlack voltou a dilatar o score, aos 81’, só que isto era um jogo de parada e resposta e Nikolic fez o 7-4 dois minutos depois.

Em cima dos 90’, o festival de golos terminou com um autogolo de Rzezniczak. Que maravilha de jogo! Talvez Thomas Tuchel e Jacek Magiera não tenham gostado da forma como as suas equipas defenderam, mas para o adepto melhor era impossível.

 

 

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