Comité internacional de escritores atribui um prémio nobel simbólico - TVI

Comité internacional de escritores atribui um prémio nobel simbólico

  • LCM com LUSA
  • 12 out 2018, 00:07
Livro (arquivo)

Atribuição ao argentino Jorge Luis Borges, que morreu em 1986

A frustração de Jorge Luis Borges (1899-1986) e dos seus admiradores, por nunca ter obtido o Nobel da Literatura, terminou hoje com a atribuição simbólica do prémio ao autor argentino, por um Comité Internacional de Escritores, em Buenos Aires.

Não podendo sob qualquer pretexto permitir que este ano o Prémio seja declarado deserto por irresponsabilidade dos académicos que nos antecederam, um Comité Internacional de Escritores (CIE) assume a responsabilidade de entregar o Prémio Nobel da Literatura 2018 a Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedro", leu o poeta e ator Esteban Feune de Colombi, disfarçado de "académico sueco".

O artista argentino fez o anúncio hoje à noite, durante a inauguração do Festival Internacional de Literatura de Buenos Aires (FILBA), numa resposta ao adiamento da atribuição do prémio, este ano, pela Academia Sueca, na sequência do escândalo de abusos sexuais e de fugas de informação, que levaram à demissão de sete membros do comité e à necessidade da sua reestruturação.

"O importante era o gesto, conseguir transmitir este gesto", de atribuir, mesmo que simbolicamente, o Nobel da Literatura ao autor de "Aleph", "e o desafio era concretizá-lo", disse Feune de Colombi.

"Se calhar ocorreu a muitos uma ou outra vez [fazê-lo], e o importante era conseguir concretizar a ideia e depois soltar esse gesto num evento literário", explicou o porta-voz do CIE.

Composto por representantes de França, Reino Unido, Espanha, Egipto, Argentina, Brasil, Uruguai, México e Venezuela, o CIE reuniu uma dezena de membros, como a autora francesa especialista em arte Catherine Millet, fundadora da Art Press, o escritor Irvine Welsh ("Trainspotting"), o filósofo espanhol Fernando Savater e o autor de "Livrarias" Jorge Carrión, o argentino Alberto Manguel ("Embalando a minha biblioteca"), o vencedor do Prémio Gouncourt Mathias Énard ("Bússola"), o brasileiro João Paulo Cuenca ("Descobri que estava morto"), a mexicana Cristina Rivera Garza ("Caminhar com Juan Rulfo") e o venezuelano Leo Felipe Campos ("El famoso caso de las cartas de Lucas Meneses").

Em Portugal, a revista Estante, da Fnac, perante a ausência de atribuição do Nobel da Literatura em 2018, também reuniu um “comité literário”, que se decidiu pela 'atribuição' do prémio ao escritor espanhol Javier Marías.

Os escritores Hélia Correia, Ana Teresa Pereira, Pedro Mexia e Isabel Lucas, os editores Francisco Vale e Manuel Alberto Valente e o jornalista Carlos Vaz Marques constituíram o comité português que elegeu o autor de "Os enamoramentos” e “Amanhã na batalha pensa em mim”.

De acordo com a Fnac, o nome de Marías foi secundado por autores como os norte-americanos Cormac McCarthy e Joyce Carol Oates, o checo Milan Kundera, assim como pelos portugueses António Lobo Antunes, Agustina Bessa-Luís e Manuel Alegre.

O adiamento da atribuição do Nobel da Literatura para 2019 levou à constituição de uma Nova Academia, em Estocolmo, que abriu uma votação pública, em julho, sobre 47 autores de todo o mundo, nomeados por bibliotecários suecos, para apuramento de quatro finalistas, ao prémio alternativo.

O japonês Haruki Murakami, a francesa Maryse Condé, o inglês Neil Gaiman e a vietnamita Kim Thúy são os quatro finalistas ao prémio nobel alternativo da Nova Academia, que será anunciado na sexta-feira, em Estocolmo.

A Nova Academia foi fundada este ano, por várias figuras culturais suecas, como forma de protesto ao cancelamento do Prémio Nobel, por parte da Academia.

O vencedor será anunciado na sexta-feira, 12 de outubro, e irá haver uma cerimónia formal de entrega do prémio, no dia 09 de dezembro, após a qual a Nova Academia será dissolvida.

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