Apito: Carolina <i>cara-a-cara</i> com árbitro - TVI

Apito: Carolina <i>cara-a-cara</i> com árbitro

Pinto da  Costa e Carolina Salgado

Testemunha diz que Pinto da Costa deu 2500 euros a Augusto Duarte

Carolina Salgado e o árbitro de Braga, Augusto Duarte, participaram na passada terça-feira numa acareação, no âmbito do processo Beira Mar/Futebol Clube do Porto.

De acordo com informações recolhidas pelo PortugalDiário, a testemunha e o arguido foram colocados cara-a-cara e confrontados com as declarações um do outro.

A ex-companheira de Pinto da Costa e o árbitro, arguido no referido processo, foram ouvidos por elementos da PJ de Lisboa que integram a equipa de coordenação do processo «Apito Dourado».

Durante a diligência, que decorreu na manhã de terça-feira, nas instalações da PJ do Porto, a ex-companheira do presidente portista confirmou que o árbitro visitou a casa de Pinto da Costa, dias antes do jogo, realizado a 18 de Abril de 2004.

Testemunha diz que Pinto da Costa deu 2500 euros ao árbitro

Mais: Carolina Salgado garantiu ter visto o presidente do FCP entregar ao árbitro um envelope com uma quantia que rondava os 2500 euros, tendo este aceitado. A testemunha admitiu, no entanto, que aquela foi a única vez que viu Augusto Duarte na casa de Gaia.

O arguido confirmou a visita «de cortesia», mas negou ter recebido qualquer quantia.

Durante os cerca de 30 minutos que demorou a acareação, a antiga companheira de Pinto da Costa ainda referiu que as visitas dos árbitros se destinavam a preparar os jogos em que aqueles iriam intervir, ficando os contactos a cargo do empresário António Araújo. Era ainda o empresário quem os transportava a casa do presidente do FCP.

Arguido pediu a acareação

A diligência tinha sido requerida pelo árbitro logo que foi notificado da reabertura deste processo pela equipa da procuradora-geral adjunta Maria José Morgado.

Segundo o Ministério Público, o empresário António Araújo terá levado o árbitro Augusto Duarte ao encontro do presidente do FCP, na casa deste último, em Gaia, a dois dias da penúltima jornada que culminou com o título de campeão nacional para os azuis e brancos. Uma visita que alegadamente se destinava a aliciar o árbitro a beneficiar o FCP.

Quando foi ouvido em interrogatório judicial, em Gondomar, Augusto Duarte não soube explicar por que motivo se deslocou a casa de Pinto da Costa na antevéspera do jogo, tanto mais que afirmara nem sequer ter intimidade com o líder portista.

Na versão do presidente do FCP, o encontro teria sido motivado por «um cafezinho e uma conversa sobre nada».

O jogo saldou-se por um empate 0-0 e nessa sequência Pinto da Costa é escutado a conversar com o então presidente do Conselho de Arbitragem da Federação, Pinto de Sousa, a quem diz que o árbitro «também não esteve mal mas não deu cheirinho nenhum, nada» «Só nos deixou passar uns livres, o gajo».

O processo tinha sido arquivado pelo Ministério Público de Gaia, em 2006, por falta de provas, mas foi reaberto pela equipa de Maria José Morgado, em Fevereiro deste ano.

Depoimentos de Carolina decisivos

Os depoimentos de Carolina Salgado foram decisivos para a reabertura do processo. Recorde-se que já no livro «Eu, Carolina» publicado em Dezembro, a ex-companheira de Pinto da Costa referira que «os árbitros Martins dos Santos e Augusto Duarte, entre outros, eram visitas de nossa casa, sempre trazidos pelo António Araújo. Bebiam café e comiam chocolatinhos.»

E acrescentava que, «ao contrário dos seus colaboradores fascinados pela impunidade do mundo em que operavam, o Jorge Nuno nunca falou com um árbitro ao telefone, nem precisava de o fazer, visto que eles iam lá a casa confraternizar».
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