O Procurador Federal da Federação Italiana de Futebol (FIGC) abriu uma investigação 62 transferências realizadas entre 2019 e 2021, avançam os jornais italianos Il Tempo e Gazzetta dello Sport. Em causa estão as «mais-valias suspeitas» que se geraram e, entre estes negócios, está o de Cancelo da Juventus para o Manchester City, com Danilo e Felix Correia em sentido contrário.
Após uma inspeção da Consob, autoridade responsável pela regulamentação do mercado de valores mobiliários em Itália (equivalente italiano à CMVM), a COVISOC, organismo técnico da federação que examina as condições económico-financeiras dos clubes, entregou o caso a Giuseppe Chiné, Procurador Federal da federação.
Sob suspeita estão então 62 transferências, sendo que a maioria delas (42) envolvem a Juventus. Entre essas estão a transferência de João Cancelo, da Juventus para o Manchester City, por 65 milhões e do defesa brasileiro Danilo, em sentido inverso, por 37. Na época seguinte, a Juventus comprou ao City outro português, Felix Correia (hoje no Parma), por 10 milhões de euros. Em sentido contrário foi Pablo Moreno, por dez milhões, que foi de imediato emprestado pelos citizens ao Girona.
Da lista faz parte também um conjunto de negócios entre a Juventus e o Barcelona. A transferência que levou à venda de Pjanic (60 milhões) para os catalães, precedido pela compra de Matheus Pereira da Silva (8 milhões) e depois de Arthur (72 milhões) e Alejandro Marques (8,2 milhões) pelo clube italiano, que terá recebido um total de quase 50 milhões em mais-valias nestas operações.
A compra Rovella por 18 milhões ao Génova por parte da Juventus, que depois voltou a ceder o jogador ao clube genovês (onde ainda está por empréstimo) também está na lista, assim com as compras em sentido contrário de Portanova (10 milhões) e Petrelli (oito).
O Nápoles também está a ser investigado. O clube pagou 71,25 milhões por Osimhen ao Lille, mas os franceses pagaram 5,13 milhões por Orestis Karnezis, quatro por Claudio Manzi, sete por Ciro Palmieri e quatro por Luigi Liguori.
O próprio presidente do clube francês, Olivier Letang, confirmou que se transferiram «por 20 milhões quatro jogadores cujo valor total não ultrapassa os 500 mil euros.»
As suspeitas dizem respeito não apenas à avaliação dos jogadores, mas às transferências de dinheiro realmente ocorridas.
A lista das transferências investigadas
🚨 Informa La Repubblica que, la Covisoc (Comisión de supervisión de clubes de fútbol) ha denunciado sobre una serie de plusvalías sospechosas en los últimos dos años. El traspaso de Osimhen al Nápoli y algunas transferencias de la Juventus están en observación. pic.twitter.com/275Pvobgu2
— Calcio CL 🇮🇹🇨🇱 (@CalcioCL) October 27, 2021
Em Itália já há um precedente de condenações neste domínio. A federação retirou ao Chievo três pontos e aplicou uma multa de 200 mil euros. Em causa estava um processo por alegados ganhos de capital fictícios, resultantes de várias trocas de jogadores de valor excessivo com o Cesena, para mascarar as contas.
Além dos três pontos descontados e da multa, o presidente do emblema de Verona, Luca Campedelli, foi ainda suspenso por três meses.