Tecnovia: Governo não quer desperdiçar - TVI

Tecnovia: Governo não quer desperdiçar

Sindicatos e patrões preocupados com situação da empresa e dos 340 trabalhadores em lay off

O ministro da economia não quis reagir ao lay off de 340 trabalhadores na Tecnovia, considerando apenas que se trata de um problema de financiamento da empresa.

A explicação estava reservada para o secretário de Estado das Obras Públicas. Sérgio Monteiro rejeitou responsabilidades do Governo, lembrando que a renegociação dos contratos das concessões rodoviárias já estava no programa do executivo.

À agência Lusa, o governante disse tratar-se de «uma decisão da exclusiva responsabilidade da empresa. Obviamente que o Governo respeita» e que o processo de revisão dos contratos das subconcessões rodoviárias que o Governo iniciou «há cerca de um ano» vai continuar e não haverá «qualquer regime de exceção».

«As empresas tiveram este período de tempo [cerca de um ano] também para ajustar o seu esforço no sentido de ganharem obra noutros setores que não apenas o das obras públicas, eventualmente internacionalizando a sua atividade. Daí que não possa ser diretamente imputado a qualquer decisão relativamente à revisão dos contratos, porque essa intenção e essa vontade é conhecida de há muito tempo a esta parte», argumentou.

A concluir, sublinhou ainda que «o mandato do Governo é salvaguardar todos os contribuintes» e não gerar encargos com «obras que apenas geram despesa».

O Sindicato da Construção de Portugal pediu a demissão do ministro da Economia, por ser «o responsável» pela situação que o setor atravessa, numa altura em que as encomendas caíram mais de 50%.

O presidente da Confederação da Indústria de Portugal (CIP), António Saraiva, manifestou a sua preocupação perante a situação na empresa Tecnovia, uma realidade que «vai agravar o desemprego», cita a Lusa.

«Vejo com alguma apreensão o que se passa. O sinal negativo de tudo isto é o agravamento do desemprego», lamentou Saraiva.

Na vertente sindical, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, mostrou receio que a situação na empresa corra o «risco» de se tornar semelhante à vivida na fábrica da Valadares, em que os trabalhadores ficaram sem os respetivos salários em atraso depois de um lay off [suspensão temporária dos contratos de trabalho].

João Proença, da UGT, referiu, por seu turno, ter colocado esta manhã a questão ao ministro da Economia e defendeu uma reunião com caráter «de urgência» sobre atrasos nos pagamentos dos salários de trabalhadores em lay off.

«È fundamental discutir a questão do lay off que é uma antecâmara do despedimento», frisou o sindicalista.

O presidente do Sindicato da Construção de Portugal, Albano Ribeiro, afirmou na manhã de hoje que pediu uma audiência «urgente» ao primeiro-ministro.

Falando à saída de uma reunião com a administração da Tecnovia, na sede da empresa, em Porto Salvo, adiantou ter pedido na segunda-feira ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, uma reunião «com caráter de urgência» para evitar uma «revolta social» dos trabalhadores no setor.

Salientando que os trabalhadores afetados pela suspensão temporária do contrato de trabalho vão perder «um terço do ordenado», o dirigente sindical explicou que o lay off na Tecnovia se deve à paragem das obras nas concessões rodoviárias do Baixo Alentejo e do Algarve Litoral.

Com 720 trabalhadores em Portugal e 137 em Moçambique, Angola, Cabo Verde e Marrocos, a Tecnovia confirmou, numa nota divulgada na segunda-feira, o recurso ao lay off «em virtude de motivos e circunstâncias de natureza económica, de mercado e estruturais».
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