Champions: Ajax-Benfica, 1-0 (crónica) - TVI

Champions: Ajax-Benfica, 1-0 (crónica)

Desilusão no último suspiro

O Benfica caiu no último suspiro de um jogo frenético em Amesterdão já depois de um persistente nulo ter resistido a quase tudo durante o jogo. Um jogo hipnotizante com uma mão cheia de oportunidades para cada lado, grandes defesas dos guarda-redes e até um corte fenomenal de Conti a deixar o resultado inalterado até aos 92 minutos.

Uma falha do central argentino, que até aqui tinha estado irrepreensível, abriu caminho para o inesperado golo de Mazraoui que vem baralhar as contas, antes de a equipa de Rui Vitória receber os holandeses na Luz. Amesterdão voltou a ser ingrata para a equipa da Luz que, em 2013, também perdeu ali uma final da Liga Europa, diante do Chelsea (1-2), também no último suspiro, também no último momento do jogo, com um golo consentido na mesma baliza. 

Confira a FICHA DO JOGO

Com um ambiente espetacular numa Johan Cruyff Arena lotada, as equipas corresponderam com um grande início de jogo, com um ritmo intenso, de parada e resposta e uma série de oportunidades logo a abrir. Um ritmo que seria insuportável manter nos noventa minutos, mas que agarrou certamente os adeptos às respetivas cadeiras. Não dava para desviar os olhos, não dava para respirar. O Ajax procurou, desde logo, assumir, as rédeas do jogo, com uma elevada posse de bola, mas a verdade é que foi o Benfica o primeiro a criar perigo, com duas oportunidades flagrantes logo a abrir o jogo.

O Ajax trocava a bola na zona de construção quando Rafa Silva antecipou-se a De Ligt e saiu disparado da esquerda para a direita, para entrar na área e rematar cruzado, com a bola a passar ao lado. Um calafrio percorreu as bancadas da eufórica Johan Cruyff Arena. O Ajax voltava a pegar no jogo, a tentar subir em bloco e nova resposta rápida do Benfica, agora pela direita, pelos pés de Salvio que podia ter rematado, mas optou por servir Seferovic que ainda procurou o golo, mas permitiu o corte de De Ligt sobre a linha.

O jogo estava frenético nesta altura, cheirava a golo por todos os lados. Schöne, servido por De Jong, assinou o primeiro remate do Ajax que procurava forçar o lado direito da defesa do Benfica, com Tadic a contar com o apoio de Tagliafico, mas também de Ziyech que descaía para aquele flanco para provocar desequilíbrios.

A pressão do Ajax ganhava intensidade, Jardel viu um amarelo e o Benfica recuou no terreno. Era preciso respirar, reunir as tropas e recuperar fôlego para novos raids. A equipa holandesa subia no terreno, mas também perdia intensidade diante de um Benfica mais compacto que fechava, agora, melhor os acessos à sua linha de fundo. O Ajax procurava novos caminhos, ensaiava remates de longe, não dava tréguas. Van de Beek deixou as luvas de Vlachodimos a ferver e o estádio levantou-se para comemorar um golo que morreu na ponta da bota de Conti. Depois das oportunidades de Rafa e Salvio, esta era a melhor oportunidade do Ajax. Uma ocasião que surgiu na crença de De Ligt que recuperou uma bola junto à linha de fundo. Tadic tentou o desvio, com Vlachodimos fora do lance, mas Conti puxou a bola, com a ponta da bota, quando esta estava mesmo sobre a linha fatal.

O Benfica, depois de uma boa entrada no jogo, tinha resistido ao momento de maior pressão do Ajax e chegava ao intervalo com o nulo intacto.

A segunda parte foi bem distinta. O Ajax voltou a tentar entrar forte, voltou a tentar impor o seu jogo, mas encontrou um Benfica com a mesma determinação, a ocupar os mesmos espaços e a lutar por eles. Muitos choques, muitas faltas e o ritmo nunca chegou a ter a intensidade que teve no primeiro tempo. Os holandeses voltavam a ter mais bola, mas não a conseguiam levar para o último terço do terreno, com o Benfica irrepreensível no plano defensivo. Pizzi jogava bem junto a Fejsa com Gedson mais solto para as respostas. E a verdade é que o jovem médio apareceu muitas vezes como o jogador mais adiantado do Benfica. Sem conseguir aproximar-se, o Ajax foi testando remates de longe, para defesas fáceis de Vlachodimos.

O Benfica já não respondia tantas vezes como tinha feito na primeira parte, mas continuava a provocar calafrios, como é exemplo uma jogada de insistência de Seferovic que desceu até à linha de fundo e cruzou tenso para a entrada de Salvio que ficou a centímetros do golo. O Ajax respondia mais uma vez por Ziyech que serviu Van de Beek que, na zona de grande penalidade, encheu o pé. Vlachodimos respondeu talvez com a defesa da noite, esticando um braço para afastar a bola de um golo que parecia certo.

Um jogo de equilíbrios a tal ponto que nenhum dos treinadores ousou mexer nas respetivas equipas até bem perto do final. Rui Vitória foi o primeiro a arriscar, a doze minutos do final, com a entrada de Gabriel para o lugar do estafado Pizzi. Erik ten Hag esperou até aos 88 minutos para fazer entrar Neres. Nesta altura, o Benfica parecia já ter o jogo totalmente controlado. O tal «pontinho» que ninguém queria até seria um resultado positivo para os portugueses, até porque daqui a uma semana iam receber os holandeses.

O jogo corria para o final, já se jogava o último minuto do prolongamento, quando a Johan Cruyff Arena «explodiu» em festa. De forma inesperada diga-se. Conti falhou numa primeira fase, mas a defesa do Benfica recuperou e parecia que o último lance do jogo ia morrer ali mesmo, como já tinham morrido outros tantos. Mas a bola sobrou para Mazraoui que encheu o pé para uma bola caprichosa que ainda passou pelo pé de Grimaldo antes de encontrar as redes de Vlachodimos.

Um balde de água fria para o Benfica, uma recompensa caída do céu para o Ajax. Um golo que muda por completo a classificação, com o Benfica a ficar a quatro pontos do Bayern e do Ajax e a depender de terceiros para poder voltar a sonhar com os oitavos.

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