Liverpool: o heavy metal de Klopp em versão acústica (análise) - TVI

Liverpool: o heavy metal de Klopp em versão acústica (análise)

Fulham-Liverpool

A análise ao adversário do FC Porto nos quartos de final da Liga dos Campeões

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O Liverpool está a realizar a melhor época desde que Klopp chegou a Anfield. Os «reds» têm 29 triunfos em 43 jogos, lideram a Premier League (ainda que com mais um jogo que o Man. City) e estão nos quartos de final da Liga dos Campeões, depois de terem eliminado o Bayern Munique. 

É, portanto, um emblema que está em duas frentes, embora a prioridade seja o campeonato que foge desde 1990. 

Apesar de manter como base o 4x3x3, importa escrever que o treinador alemão criou várias alterações em relação ao ano passado, no qual os «reds» superaram o FC Porto nos oitavos de final por 5-0 no total das duas mãos. 

Já lá vamos.

 

Jogadores mais utilizados em 2018/19

À semelhança da época passada, o Liverpool é muito forte no momento da transição ofensiva. Contudo, há uma ligeira alteração na forma como a equipa pressiona para depois explorar as saídas rápidas. Confuso? 

A organização ofensiva por si só não existe. Está associada à organização defensiva. Klopp criou uma espécie de teia no corredor central quando a equipa está sem bola. O Liverpool já não é uma equipa precipitada na pressão, não usa e abusa do ataque à profundidade. Ao invés, é um conjunto mais cerebral, que atrai o adversário para um «engodo» para ganhar a bola mais perto da baliza contrária.

Firmino posiciona-se ligeiramente atrás de Salah e Mané, preocupando-se com o médio defensivo adversário. O egípcio e o senegalês são quem pressiona os centrais, sobretudo quando há um mau domínio ou um passe atrasado. Quando o indicador de pressão é ativado, a equipa sobe em bloco: os médios encostam nos médios contrários e, muitas vezes, os laterais a saem aos laterais adversários.

 

John Stones dominou com o «campo fechado», Mané saiu na pressão. Salah fica atento a Kompany (central do lado oposto) e Firmino preocupa-se exclusivamente em fechar a linha de passe para o médio defensivo. Repare, caro leitor, que Henderson já está preparado para «abafar» Fernandinho caso este domine a bola.

 

Mané e Salah aproximam-se dos centrais para fechar linha para o corredor lateral. Mau domínio do médio do Crystal Palace permite pressão de Firmino. Keita antecipa passe para o outro médio. 

Perder a bola nesta fase, significa uma oportunidade de golo para o Liverpool, visto que Salah e Mané são natos a explorar o espaço entre central e lateral. Firmino é um excelente lançador (é a referência quando os três médios recuperam) acabar por potenciar as características dos dois extremos.

Esta fórmula é a prova de que não é preciso ter o bloco baixo para aproveitar as transições ofensivas.

Porém, esta «teia vermelha» não é infalível, porque há qualidade do lado oposto. Na última imagem, o Crystal Palace conseguiu sair pelo lateral-esquerdo e concluir o lance com um golo. Quando a primeira pressão é superada, Klopp quer que os médios pressionem os laterais adversários e aguentem enquanto a equipa se reorganiza. É nesta altura que o Liverpool está mais exposto e pode passar por momentos de desconforto.

Firmino é peça-chave em toda a manobra do conjunto de Anfield: deambula por toda a frente de ataque, assume o papel de fechar no corredor central sem bola e é a referência para ligar o jogo em transição. O internacional brasileiro é um «dez» disfarçado de «nove».

 

Imagem recorrente no jogo do Liverpool: Firmino em zonas recuadas para definir; Preocupação de Wijnaldum em romper por fora - na ausência de Robertson - Mané a rasgar pelo meio e Salah preparado para movimento de fora para dentro.


 

O posicionamento de Firmino varia consoante o que a equipa precisa. Ora cai na linha para receber de frente, ora procura as costas dos médios contrários para receber e rodar. Nessa altura, Salah e Mané ocupam o espaço central enquanto um dos médios salta (sempre) para o lugar deixado em aberto pelo brasileiro. Outro aspeto importante para a organização ofensivo do Liverpool são os laterais  Robertson e Alexander-Arnold (neste jogo jogou Milner). 

Para além da agressividade aquando da pressão organizada, os dois laterais são muito importantes em ataque organizado pela largura e profundidade que oferecem. São eles que permitem as presenças de Salah e Mané por dentro.
 

Quando o lateral não consegue entrar no último terço, um dos médios procura a profundidade, aproveitando o espaço deixado por Mané (dentro). Robertson projetado e Alexander-Arnold a subir na direita (imagem de marca). Firmino, como se disse, no papel de médio com Henderson e Wijnaldum como apoios (fora da imagem).

Em suma, o Liverpool gosta de construir desde o guarda-redes: centrais abertos (Matip sai melhor em condução do que Van Dijk) com os dois médios perto para receber e «pegar» no jogo. Firmino e o terceiro médio trocam constantemente de posição até encontrarem espaço para receber. Os laterais, por sua vez, projetam-se para receber já no meio-campo ofensivo.

Para além disso, há que ter atenção ao ataque à profundidade de Mané e Salah nesta primeira fase de construção, que solicitam os lançamentos longos de Virgil Van Dijk.

 

Firmino é, provavelmente, o jogador mais importante na ideia de jogo do Liverpool


Resumidamente, o Liverpool sente-se melhor em transições, mas não se dá mal em ataque organizado. É uma equipa que tem carências defensivas: o espaço entre linha média e linha defensiva - usar os extremos ou mesmo os avançados como apoios para superar a pressão alta como fez o Arsenal - e uma eventual superioridade nos corredores laterais (FC Porto pode atrair os «reds» a um corredor e depois circular rapidamente para o flanco oposto e aproveitar superioridade nesse lado).

Nota: Robertson não está disponível para esta partida. Moreno ou Milner são as alternativas e será interessante perceber de que forma a ausência do escocês pode alterar (ou não) a dinâmica ofensiva dos «reds».

 

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