Quase um ano depois, ele voltou fazer história em Turim!
Cristiano Ronaldo, que até vinha a fazer uma das Champions mais modestas da carreira, tirou a Vecchia Signora de uma sepultura semi-aberta e empurrou para lá Simeone e companhia com uma rimontata que ficará para sempre nas memórias dos tiffosi.
Mais do que um jogo de alta qualidade, o Juventus-Atlético Madrid foi uma batalha física tremenda, com cada palmo de terra a ser reclamado até ao limite das leis de jogo.
Depois da derrota por 2-0 na capital espanhola, a Vecchia Signora, com Ronaldo e João Cancelo a titulares, entrou a carregar a fundo no pedal.
Confortável na eliminatória e no processo defensivo, marca registada da era Simeone, o Atlético entregou-se exclusivamente ao Catenaccio na primeira fase do jogo. Linhas baixas e Morata e Griezmann consumidos por tarefas defensivas e muitas vezes bem dentro do meio-campo defensivo.
A partir do décimo minuto, a Vecchia Signora aliviou a pressão e recuperou fôlego daquele enorme sprint.
Os colchoneros tiveram maiores períodos com bola, mas procuraram essencialmente baixar a temperatura do jogo.
Só que Ronaldo não deixou que a Turim gelasse. Aos 27 minutos começava a escrever a história da rimontata, numa cabeçada poderosíssima após centro de Bernardeschi a partir da direita.
Com dificuldades para desmontar a defesa visitante, a Juventus fazia sobretudo a diferença no jogo aéreo. Antes do intervalo, CR7 e Chiellin ameaçaram nivelar a eliminatória, mas Morata pregou um susto aos tiffosi a fechar a primeira parte.
No regresso dos balneários, Ronaldo voltou a aparecer. Aos 49 minutos, planou lá no ar após cruzamento de Cancelo e disparou de cabeça para o 2-0. Oblak ainda voou para a bola, mas só lá chegou quando ela já tinha ultrapassado a linha de golo.
Cristiano Ronaldo ameaçava reclamar só para ele mais uma noite de glória europeia. Como aquela em que, ali mesmo, apontou um hat-trick pelo Real Madrid (o último na Champions até esta terça-feira) e deixou Turim apaixonada por ele.
Allegri e Simeone começaram a mexer nos tabuleiros. Correa, Dybala, Vítolo e Kean traziam oxigénio para uma ponta final de cortar a respiração. Menos pragmática do que o habitual, a equipa espanhola ficou partida. A Juventus também, incapaz de conter a gigante dose de adrenalina de quem se sente tão perto de tocar o céu.
Ronaldo pegou na Vecchia Signora e elevou-a nas alturas, mas da marca dos onze metros, depois de um disparate tremendo de Ángel Correa que, na era do VAR, resolveu empurrar Bernardeschi à entrada da área do Atlético.
Se dúvidas houvesse de que a Juventus está hoje mais perto de voltar a reinar, o rei dissipou-as nesta noite.
«¡Qué barbaridad!», terá pensado ‘El Cholo’ Simeone sobre o extraterrestre nascido na Madeira há 34 anos.
Quase uma hora depois do apito final em Turim, esta crónica está publicada e os batimentos cardíacos estão, finalmente, a estabilizar. Perdoe-nos a falta de imparcialidade, mas, dane-se (!), o orgulho é tremendo. Uma vénia a um dos maiores da história!