É assim a elite da Europa, que tem recorde português nos bancos - TVI

É assim a elite da Europa, que tem recorde português nos bancos

Nápoles-Liverpool

Os 80 clubes nas fases de grupos da Liga dos Campeões e da Liga Europa, representam mais de metade das receitas do futebol europeu. Um olhar para as finanças e vários outros dados reunidos pela UEFA dá a medida desta elite

São 80 clubes e representam mais de metade das receitas do futebol europeu. Na semana em que arrancam as fases de grupos da Liga dos Campeões e da Liga Europa, um olhar para os números dá a dimensão desta Europa de elite. Confirma o muito maior peso na balança para os clubes da Liga dos Campeões, a competição desportiva mais popular do planeta nas redes sociais, mas também mostra que nem tudo é saúde entre os grandes. Portugal, que esta época perdeu presença na Champions, com o Benfica como único representante, ganhou na Liga Europa, onde é o país com mais clubes na fase de grupos que arranca agora. Não está na primeira linha dos números financeiros e mediáticos dos grandes, mas ganha nos bancos: nenhum clube tem mais treinadores nas competições europeias.

A UEFA elaborou para esta época um relatório que olha para os dados dos 80 clubes nas competições europeias, «The UEFA Club Competition Landscape», e é esse estudo que fornece mais dados sobre a dimensão dos clubes em prova. Mostra por exemplo que estes 80 representam 55 por cento do total de receitas de todos os clubes de primeira divisão da Europa. Mas são os 32 clubes da Liga dos Campeões quem garante dois terços desse valor, o dobro dos 48 clubes da Liga Europa. Um dado ainda mais notável tendo em conta que a Liga Europa deste ano tem gigantes como Manchester United, Arsenal ou Sevilha.

A tendência mantém-se quando o assunto é mercado. Estes 80 clubes são responsáveis por 58 por cento dos gastos em transferências por todo o planeta, mas 40 por cento desses gastos foram assumidos apenas pelos clubes que estão na Champions.

Os 80 clubes «europeus» gastaram muito, muito dinheiro no mercado de verão de 2019: quase quatro mil milhões de euros, 55 por cento mais do que há um ano. Quase metade dos clubes bateram o seu recorde de transferências: 43 por cento em média, 47 por cento na LC e 40 na LE. Na maioria contrataram jogadores estrangeiros (55 por cento do total), avançados (35 por cento) e jovens (64 por cento do dinheiro foi gasto em jogadores com menos de 24 anos).

Feitas as contas, os clubes da elite europeia acabaram a gastar mais do que ganharam com transferências. Apesar de também terem sido eles os grandes vendedores da época. O Benfica, que está nesse grupo, acaba de apresentar contas que revelam receitas de 263 milhões de euros e colocam as águias dentro da média de ganhos dos clubes da Liga dos Campeões (243,7 milhões de euros).

O relatório nota que estão representados na fase de grupos 29 países, mais de metade dos que integram a UEFA, e lembra que está prevista uma nova competição, defendendo que alargará essa presença. Mas o peso das principais Ligas é grande: metade dos clubes na Champions vêm de apenas quatro países, e os sinais de prováveis mudanças no formato para o futuro, chamem-lhe ou não Superliga, são de preservação dessa elite. À procura de capitalizar outro dos dados evidenciado no relatório, que coloca a Liga dos Campeões como a competição mais seguida do planeta nas várias redes sociais: 136 milhões de seguidores, contra 116 da NBA e 92 da Premier League.

Dinheiro gera dinheiro e o fosso vai aumentando. Da Champions para a Liga Europa e ainda mais daí para baixo. Os prémios monetários pagos pela UEFA pela participação e resultados nas competições europeias são um enorme bolo de 2.5 mil milhões: 1.9 milhões para a Liga dos Campeões e 0.6 por cento para a Liga Europa.

Esse valor tem um peso significativo nas receitas dos clubes. A UEFA estima que em 2019/20 represente em média 26 por cento do dinheiro gerado pelos clubes da Liga dos Campeões e 18 por cento para os clubes da Liga Europa. É a terceira principal fonte de rendimento, atrás dos patrocínios/receitas comerciais e dos direitos de televisão. Falamos de valores médios, evidentemente. Para um clube português, por exemplo, os prémios da Liga dos Campeões têm um peso muito maior nas receitas.

Do lado das despesas há uma tendência curiosa. Os gastos com pessoal são a grande fatia para todos e representam em média mais de 60 por cento das receitas, mas têm mais peso proporcionalmente nos clubes da Liga Europa.

Ainda assim, nem toda a elite do futebol aparenta ter boa saúde financeira. Os dados compilados pela UEFA, relativos à época 2018/19, mostram que mais de metade dos clubes apresentaram resultados operacionais negativos, apesar de haver globalmente margem de lucro positiva. A maior parte dos clubes no vermelho estão na Liga Europa, mas quase metade dos clubes da Liga dos Campeões também teve resultados negativos.

O estudo olha também para a propriedade dos clubes e conclui que são 38 por cento aqueles que têm donos do mesmo país, contra 28 estrangeiros, na Liga dos Campeões. As outras fórmulas são aquilo a que a UEFA chamada propriedade de associações, que representa 31 por cento, e uma percentagem residual de clubes que são propriedade pública. Esses números são diferentes para a Liga Europa, com mais clubes nas mãos de donos do próprio país, mas ainda assim em minoria. Dos donos estrangeiros, 14 por cento não têm nacionalidade europeia.

São também abordadas outras medidas de grandeza. Como as assistências nos estádios, onde o Barcelona é líder, num top 5 que tem ainda Manchester United, Borussia Dortmund, Bayern Munique e Real Madrid. Ou a popularidade nas redes sociais. Aí lidera o Real Madrid no número de seguidores, enquanto o campeão europeu Liverpool teve o site mais visitado no último ano. Mas quando se fala em interação dos adeptos os números surpreendem. Não há nenhum clube das «big 5» no topo de uma lista que é liderada pelo Qarabag. Há mundo para lá dos gigantes.

Portugal não está no topo destes rankings. Mas lidera nos bancos. São ao todo nove os treinadores portugueses em prova na fase de grupos esta época. E desta vez nem está José Mourinho, pela primeira vez em quase duas décadas. Desde 2000 ele liderou equipas em todas as temporadas na Europa: 16 na Champions, com dois títulos no palmarés, e três na Liga Europa, com dois troféus ganhos. Agora Mourinho está desempregado, mas o espaço dos treinadores portugueses na Europa está profusamente ocupado.

Na Liga dos Campeões estão três: Bruno Lage à frente do Benfica, Luís Castro no Shakhtar Donetsk e Pedro Martins no Olympiakos, o único que não perdeu nesta ronda inaugural. Só a Itália tem mais treinadores na prova rainha, quatro no total. Mas na Liga Europa não há nada parecido. Além de Sérgio Conceição, Leonel Pontes, Sá Pinto e Ivo Vieira, à frente das equipas portuguesas em competição, há ainda Paulo Fonseca na Roma e Nuno Espírito Santo no Wolverhampton. Aliás, a fase de grupos arranca com um duelo português nos bancos, precisamente na visita dos Wolves ao Sp. Braga.

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