E tantas vezes eles tentaram que a sorte os protegeu.
O Tondela já tinha deixado boa mostra frente ao Benfica e desta vez conseguiu mesmo levar a água ao seu moinho, quase de forma surpreendente, num estádio que parecia maldito esta época.
A chuva miúda que caia sobre o relvado deixava antever um jogo rápido. Sporting vinha de um registo de vitórias inédito na temporada e assentou o jogo numa espécie de 4-1-4-1, com três mexidas relevantes no onze: Ilori ocupou o lugar de Mathieu, Miguel Luís o de Eduardo, Bolasie o de Jesé.
Do outro lado, um Tondela no recém-adotado 5-3-2, que se transforma num 3-4-3 em posse. Strkalj fez de Denilson na frente, naquele que se antevia ser um Tondela apostado em sair rápido para o contragolpe e aproveitar algum desequilíbrio na defensiva leonina.
No estádio foi preciso esperar muito para ver algum futebol, e mesmo assim…
Sporting com o mesmo problema do Benfica
A primeira meia-hora hora de jogo foi de muita intensidade, mas pouco assertiva na hora de chegar à baliza. A uma estratégia mais pragmática do Tondela, com saídas rápidas para o ataque, o Sporting ia respondendo com um jogo algo pastoso, com um Bruno Fernandes quase fora de jogo.
Aliás, foi notória a dificuldade do leão em romper a muralha beirã, assente numa linha quase sempre composta por nove homens. De resto, já se tinha verificado a mesma situação aquando da passagem do Benfica, no jogo anterior. Natxo González testou a eficácia frente às águias e repetiu a dose frente aos leões.
Aliás, o primeiro lance de perigo digno desse nome surgiu apenas pouco depois dos 30 minutos, com Miguel Luís a aparecer em posição frontal à baliza, mas a rematar por cima.
A oportunidade perdeu-se, enquanto isso, em campo, o futebol escasseava. Zero lances de perigo, um Tondela a dar o meio-campo ao Sporting, mas a trancar a sete chaves a baliza de Cláudio Ramos. O Sporting não tinha problemas em assumir a bola, mas não conseguia desfeitear a muralha defensiva montada pela equipa beirã.
Expulsão revertida em cima do intervalo
Em tempo de descontos da primeira parte, Filipe Ferreira derrubou Doumbia com uma entrada mais ríspida. Fábio Veríssimo mostrou num primeiro momento o vermelho direto ao lateral do Tondela, mas, após consultar o VAR, reverteu a decisão e decidiu-se pelo amarelo apenas.
A decisão gerou alguma controvérsia e, como consequência, o primeiro tempo terminou com alguma tensão em volta do árbitro.
Leão com mais garra na segunda parte
Depois da exibição pouco conseguida no primeiro tempo, o Sporting regressou dos balneários mais atrevido e capaz de criar perigo junto da baliza tondelense. Nem sempre da melhor maneira, é certo, mas francamente mais perigoso do que na primeira metade.
O Tondela tentou manter a coesão defensiva, mas foi deixando espaços que o Sporting aproveitou. O lance de maior perigo surgiu dos pés do «reanimado» Bruno Fernandes. De livre direto, o capitão dos leões obrigou Cláudio Ramos a brilhar, com uma excelente defesa (57’).
O Tondela foi perdendo saída de bola aos poucos, o Sporting assumiu quase por completo as rédeas do jogo. Silas surpreendeu ao trocar Luiz Phellype por Jesé, provavelmente em busca de maior mobilidade no ataque. Do outro lado, Natxo González refrescou o meio-campo, sentindo que estava a perder o fio de jogo por completo.
Bruno Wilson matou o leão
O Sporting era a melhor equipa em campo, as oportunidades não surgiam com tanta naturalidade como se desejaria, mas o maior volume ofensivo dos leões era evidente.
Foi, por isso, com alguma surpresa que o Tondela chegou ao golo, já em cima do minuto noventa. Um livre de Pepelu encontrou a cabeça de Bruno Wilson. O central, ao segundo poste, cabeceou sem hipóteses de defesa para Renan, num lance que levou o estádio à loucura.
Foi, portanto, um leão de orgulho ferido aquele que tentou resgatar a vitória, mas sem sucesso, o mal estava feito e era quase irreversível por aquela altura.
O Sporting caiu assim num terreno que lhe tinha trazido tanto dissabor no passado recente. Servirá pouco dizer que caiu de pé, mas é justo dizer que merecia melhor sorte, porventura.
O Tondela quebrou o ciclo vitorioso dos leões e também a maldição do João Cardoso, conquistando a primeira vitória em casa na presente edição do campeonato.