Famalicão-Sporting, 2-2 (crónica) - TVI

Famalicão-Sporting, 2-2 (crónica)

O leão perde dois pontos, mas não perde força

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A reação à adversidade é um sintoma prevalecente nas grandes equipas. O Sporting desperdiçou um penálti, sofreu um golo num erro colossal do guarda-redes e respondeu sempre com golos. Parecia destinado e decidido a suportar tudo, mas não contava com a agitação dos minutos finais: o Famalicão fez o 2-2 num livre perfeito em cima do minuto 90 e, já nos descontos, o árbitro anulou – após indicação do VAR – aquele que seria o golo da vitória a Seba Coates.

O leão deixa dois pontos no Minho, mas a sintomatologia associada à exibição confirma que está a nascer uma equipa muito forte em Alvalade. Firme, convicta nas boas ideias do treinador, sólida atrás e a capitalizar o enorme talento de Nuno Santos e, principalmente, de Pedro Gonçalves à frente.

Foi, aliás, com um pontapé soberbo de Pedro – rasteiro e colocado ao poste, apesar de muito apertado – que os leões passaram para a frente do marcador, já depois do excelente Luís Júnior ter parado um penálti a Nuno Santos.

FICHA DE JOGO, VÍDEOS E NOTAS

Do nada, rodeado por uma floresta famalicense, o repentismo de Pedro Gonçalves solta-se e a capacidade de remate faz o resto. Instintivo, subtil e sempre com a baliza na cabeça. A época ainda agora arrancou, mas talvez já não seja arriscado dizer que Pote é a melhor contratação feita por um clube português para a campanha 2020/21. Um craque!

O Sporting foi extremamente superior até ao intervalo e só deu um sopro de oxigénio nos pulmões do Famalicão porque Antonio Adán cometeu um erro gravíssimo perto do intervalo e Gustavo Assunção aproveitou para marcar ao segundo poste. Livre na esquerda e saída completamente falhada do espanhol.

Suspense, agitação, até alguma esquizofrenia, nunca faltaram ao jogo. Assim, mal Adán borrou a pintura, os leões reagiram e fizeram mais um golo fantástico. Livre batido por Pedro Porro sobre a esquerda, à Beckham, e bola ao ângulo superior esquerdo da baliza famalicense. Vantagem justificadíssima ao intervalo e superioridade leonina em todos os itens do jogo.

Agora, o Famalicão. A equipa leva um ponto, sim, mas a análise não pode ser meramente resultadista. O departamento de scouting voltou a oferecer ao treinador João Pedro Sousa um naipe de bons reforços (Gil Dias, Pereyra, Bruno Jordão, Valenzuela, até Campana e Trotta) têm qualidade, mas a equipa é uma sombra do que foi na época passada ou foi, pelo menos até aos 70 minutos.

DESTAQUES DO JOGO: Luiz Júnior, que surpresa!

A defender num bloco baixíssimo, a permitir a saída limpa e com espaço aos três centrais do Sporting, a ser incapaz de tapar os flancos a Porro e Antunes, enfim, nada a ver com a versão antecessora.

Não é fácil resistir às perdas de Pedro Gonçalves, Fábio Martins, Toni Martinez e Uros Racic, mas não é, insistimos, o nível individual que está em causa. Os princípios tão bem agarrados pelo treinador em 19/20 não estiveram presentes durante grande parte do jogo.

Nem o controlo do jogo com bola, nem a pressão sobre o portador, nem a beleza do futebol apiado em passe curto. É verdade que João Pedro Sousa acertou ao mexer na equipa – João Neto, 17 anos, que pérola! -, mas o Famalicão só quis jogar no período do desespero. Deu para o empate e isso poderá camuflar as críticas, mas fica o registo.

E, agora, vamos ao final de doidos: em cima dos 90, e já sem Pedro Gonçalves (expulso), o Sporting consentiu o 2-2, num livre magistral de Jhonata Robert. Logo a seguir, Coates saltou com Luiz Júnior e marcou de cabeça. O VAR alertou Luís Godinho e anulou. Pelas imagens disponíveis, a decisão parece acertada, já que o uruguaio tocou no braço direito de Luís Júnior.

Um 2-2 com muito para contar, mas sem abalar uma certeza: este Sporting está muito forte.

VÍDEO: o resumo vídeo do jogo

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