Moreirense-FC Porto, 2-4 (crónica) - TVI

Moreirense-FC Porto, 2-4 (crónica)

  • Bruno José Ferreira
  • Parque de Jogos Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos
  • 10 jan 2020, 23:23
Moreirense-FC Porto

Adamastor ultrapassado

Jogar em Moreira de Cónegos não é fácil. Os dragões que o digam depois de quatro anos sem conseguir vencer na Liga. Uma espécie de Adamastor, a figura mitológica dos Lusíadas que exigia mais do que a força humana era capaz de ultrapassar. Uma figura mitológica, contudo, ultrapassável e domável.

Foi assim a história da visita do FC Porto ao reduto do Moreirense.  A figura aterrorizadora esteve presente, personificada num golo sofrido logo aos três minutos. Os dragões deram resposta e viraram o jogo ainda na primeira metade, mas sol de pouca dura. O Moreirense empatou ainda antes do intervalo numa primeira parte com quatro golos.

Só na segunda metade se deu a glorificação do herói, nas figuras de Corona e Luiz Díaz, que saiu do banco para dar três pontos difíceis (2-4) à equipa de Sérgio Conceição. Do global da exibição azul e branca sobra muita entrega, mas pouca capacidade de assentar jogo. Teve que ser na luta, palmo a palmo e sempre com a incerteza a pairar.

Choque entre o nipónico franzino e a brutalidade maliana

Sem a habitual dupla de centrais, devido à lesão de Pepe e ao castigo de Marcano, o FC Porto apresentou-se em Moreira de Cónegos com um eixo defensivo inédito. Ricardo Soares, em estreia em casa no comando técnico do Moreirense, referiu que esse era um fator a explorar e a realidade é que os Cónegos aproveitaram mesmo.

Entrada em falso dos dragões, sofrendo um golo surreal. Primeiro Marega choca com Nakajima, deixando a bola à mercê de Luís Machado, que lança Fábio Abreu. Depois foi ver a dupla de centrais a abordar o lance a fazer lembrar os escalões de formação. Diogo Leite foi ultrapassado sem oferecer resistência, Mbemba apareceu com tudo para cortar mas na hora certa teve medo e meter o pé.

Meio aos rebolões e de forma trapalhona, Fábio Abreu lá evitou os dois e conseguiu atirar para o fundo das redes, mexendo com o marcador logo aos três minutos. A tal figura mitológica dos Lusíadas ganhou força, lembrando os azuis e brancos que não vencerem neste palco nas últimas quatro temporadas.

Superação das laterais traída

Tremeu o dragão. O golo sofrido cedo e a boa organização sem bola do adversário atabalhoava o jogo do FC Porto, que se demorou a encontrar. Foi a superação dos laterais a servir de chama ao dragão.

Primeiro «Tecatito» Corona trabalhou na direita antes de servir Soares, que foi rei e senhor na área, cabeceando sem oposição para o fundo das redes. Estava feito o empate. Depois o mexicano foi travado em falta na área, dando origem a um castigo máximo.

Alex Telles, o canhoto, deu ainda mais expressão à revolta lateral, tornando esse momento num foco de superação. Bateu Pasinato e conseguiu, imaginava-se, o mais difícil. Só que o Moreirense respondeu quase de imediato. Cruzamento de João Aurélio e deixar Marchesín mal na fotografia, com a bola bombeada a entrar diretamente na baliza.

Adamastor ultrapassado depois do receio

A segunda parte foi menos ativa. Depois do reboliço da primeira metade, as duas equipas arriscaram menos. Evitaram erros desnecessários e por força disso passou a jogar-se com mais cautela longe das áreas. O Moreirense quase perdeu a iniciativa, o FC Porto jogava com receio.

Luís Díaz saltou do banco para aproveitar um momento em que a comunicação falhou no último reduto dos Cónegos para lançar as bases, desta vez sólidas, do triunfo. Aposta ganha de Conceição ao lançar o colombiano. Pelo sim, pelo não, Corona ainda assinou o golo da noite a cinco minutos dos noventa. Mas que lance antes de ser cirurgicamente expulso para limpar na Taça de Portugal e poder jogar frente ao Sp. Braga.

Três pontos difíceis do FC Porto, num campo difícil de apertado, perante um Moreirense organizado. Ultrapassar o Adamastor e cinco épocas depois voltam a vencer em Moreira de Cónegos. Ricardo Soares volta a perder e ainda não conquistou qualquer ponto no comando técnico dos Cónegos.

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