Benfica-Anderlecht, 1-2 (crónica) - TVI

Benfica-Anderlecht, 1-2 (crónica)

Águia com duas faces, mas ainda sem asas

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O Benfica 2019/20 apresentou-se aos adeptos no Estádio da Luz com uma derrota diante do Anderlecht, num jogo que fica para a história como o último de Jonas que ainda jogou os primeiros dez minutos. Um desaire que traduz bem o muito trabalho que Bruno Lage vai ter pela frente nas próximas semanas, até à Supertaça com o Sporting. Com apenas dez dias de trabalho, o treinador do Benfica procurou, antes de tudo, solidificar o grupo, apresentando uma equipa diferente em cada uma das partes, ambas a resultar de uma mistura de jogadores provenientes da formação, com reforços e jogadores que transitaram da época passada. Muitas dificuldades no primeiro tempo, mas sinais muito positivos na segunda, com destaque para a entrada em campo de Chiquinho, autor do golo solitário do campeão português. Um jogo atípico em que Bruno Lage utilizou um total de trinta jogadores.

Confira a FICHA DO JOGO

Começamos precisamente pelo primeiro onze da nova temporada de Bruno Lage. Uma mescla com três jogadores da formação, com Zlobin na baliza, Ferro e Florentino; dois reforços, Caio Lucas e Raul de Tomás; e seis jogadores que transitaram da época passada, incluindo Salvio, como lateral direito, e Jonas, que só jogou os primeiros dez minutos. Um onze que, no papel, até parecia equilibrado para um primeiro teste, mas que, com apenas dez dias de trabalho, não teve automatismos e sentiu tremendas dificuldades nas transições diante de um Anderlecht que está bem mais adiantado na preparação da nova época.

Mas os primeiros dez minutos foram de festa. Os olhos dos cinquenta mil adeptos que estiveram na Luz seguiram, a par e passo, todas as movimentações de Jonas. Afinal, eram os últimos dez minutos do número dez que tantas emoções deixou neste estádio nos últimos cinco anos. Cada vez que o avançado recebia uma bola, ouvia-se um burburinho crescente a vir das bancadas. Ainda teve uma oportunidade para rematar, mas os centrais do Anderlecht fecharam-lhe o caminho e roubaram-lhe a glória suprema. Logo a seguir uma tremenda ovação para a substituição do brasileiro. Cedeu a vez a Tiago Dantas, um miúdo franzino, com metade da idade.

Os destaques do jogo, de Jonas a Chiquinho

O Benfica reorganizou-se em campo, com o jovem suplente a assumir a ala direita, com Caio Lucas do lado contrário, permitindo a Taarabt juntar-se a Raul de Tomás no ataque. Já nesta altura, o Anderlecht já tinha incomodado Grimaldo várias vezes, com Jéremy Doku, um jovem de 17 anos, a dar muitas dores de cabeça ao lateral do Benfica. A verdade é que, com poucos minutos de jogo, já era mais do que evidente a diferença de disponibilidade física das duas equipas. Os belgas desciam pelo corredor, quase sempre pela direita, com extrema facilidade e, com rápidas combinações, provocavam desequilíbrios.

O Benfica procurava sair pela zona central, com Florentino e Gabriel muito ativos, mas sentia tremendas dificuldades quando tentava abrir jogo para os flancos. O primeiro golo do Anderlecht, aos 36 minutos, chegou já sem surpresa. Mais uma investida do irrequieto Doku a fugir a Grimaldo e a invadir a área, antes de assistir Vlap que só teve de encostar. Bola ao centro e, quatro minutos depois, novo golo dos belgas. Desta vez numa bola parada. Pontapé de canto da direita e cabeçada de Thelin ao primeiro poste. Um erro crasso que só se dissolve com muito trabalho. O Benfica ainda podia ter reduzido a diferença antes do intervalo, numa arrancada de Caio Lucas que correu meio campo, entrou na área, mas depois demorou uma eternidade a armar o remate e acabou por atirar contra um adversário.

Novo sangue, novo jogo

Desta vez foi mesmo um jogo com duas partes distintas, até porque o Benfica regressou ao relvado com uma nova equipa, transitando apenas Salvio para a segunda parte acompanhado por mais dez novos jogadores. Mais um onze a resultar de uma mistura de jogadores rotinados, com jogadores da formação e, desta vez, com apenas um reforço, Jhoder Cádiz que acabou por estar apenas dez minutos em campo, antes de sair lesionado, com queixas na coxa esquerda. Um onze que subiu de imediato os níveis ofensivos do Benfica, com Jota e Nuno Tavares a trazerem sangue novo à equipa.

Uma entrada forte da equipa de Bruno Lage, com Pizzi a equilibrar equipa e a soltar a juventude na área de Davy Roef. O Benfica multiplicou-se em oportunidades, com Chiquinho a enquadrar-se também muito bem na nova dinâmica. Por momentos, o Benfica foi avassalador e, num ápice chegou ao golo. Antes disso, numa dos melhores lances do jogo, Salvio abriu uma brecha sobre a direita e serviu Chiquinho que atirou com estrondo ao poste. A Luz ainda gritou «golo» em uníssono, mas susteve a respiração logo a seguir, para ver a recarga do jogador resgatado ao Moreirense. Davy Roef respondeu com a defesa da noite, antes de Jota tentar de novo o golo com um remate que passou perto do poste.

Era definitivamente um novo Benfica em campo e o golo chegou logo a seguir, como já se adivinhava. Bom lance desenhado pelo jovem Nuno Tavares e finalização fácil de Jota. O Benfica estava bem mais forte e o empate esteve eminente por várias vezes até ao final, mas a verdade é que a equipa voltou a quebrar depois de mais uma série de substituições.

Bruno Lage utilizou todos os jogadores que teve à disposição, um total de trinta, numa partida que marca apenas o arranque da preparação para a nova época. Agora é preciso reduzir o grupo e limar arestas para o que aí vem.

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