Sporting-Belenenses, 2-0 (crónica) - TVI

Sporting-Belenenses, 2-0 (crónica)

Leão mudou de cara três vezes

Silas teve de recorrer a três sistemas diferentes para conseguir ultrapassar o Belenenses, em teoria, a equipa que conhece melhor da Liga, com um «bis» de Vietto nos últimos quinze minutos. A verdade é que os visitantes controlaram por completo toda a primeira parte e só cederam na segunda, depois dos leões terem evoluído do 3x5x2 inicial para um 4x4x2, já depois de terem testado um 4x3x3. Um leão totalmente à deriva que quase se afogou antes de chegar a terra. 

Silas procurou repetir a receita que tinha levado para Trondheim, com uma defesa com três centrais, com apenas uma alteração, a proporcionar a estreia como titular de Rodrigo Fernandes no meio-campo em detrimento de Doumbia, mas os resultados foram bem distintos dos da Noruega. Os leões estiveram 45 minutos a ver o Belenenses jogar, sem bola, sem conseguir sair a jogar, sem antídoto para a pressão alta dos azuis.

Mérito para Pedro Ribeiro que, mesmo com uma equipa desfalcada, principalmente no sector defensivo, conseguiu montar um onze equilibrado, adaptando Tiago Esgaio e Nilton Varela às laterais, e um meio-campo bem preenchido com André Sousa, Show e Benny. Um coletivo que, logo a abrir o jogo, se fixou no meio-campo do Sporting e tomou literalmente conta do jogo, com nota de destaque para o corredor direito, onde jogava a família Varela, com o sobrinho Nilton a jogar nas costas do tio Silvestre.

Bruno Fernandes personificava o total desnorte da equipa de Alvalade, com um maestro que desesperava perante o total desacerto de todos os instrumentos. O capitão do Sporting esbracejava e gritava com os companheiros, perdia a paciência com Ilori e Borja, pedia para marcar este e o outro. Um capitão com o navio à deriva.

Mais uma vez, mérito total para o Belenenses que, com um bloco bem subido, pressionava logo o detentor da bola e acabava por a recuperar com facilidade, para dar início a mais um ataque. No lado contrário, o Sporting, que nesta altura não defendia com apenas três, mas com uma linha de cinco,  insistia em sair a jogar de pé para pé, com Renan a dar a bola aos centrais que, desde logo pressionados, procuravam abrir para as alas, mas também por aí caminhos estavam fechados. Foi assim durante meia-hora, até que Silas decidiu deitar fora o plano inicial, abdicando de Neto para lançar Rafael Camacho.

Os leões passavam de um 5x3x2 para um 4x3x3 e as melhorias foram imediatas, com o jogo do Sporting a conseguir ganhar espaço para respirar, com Camacho a encostar à direita e Bruno Fernandes no lado contrário, mas por pouco tempo. Foi apenas o tempo que o Belenenses precisou para adaptar-se à nova disposição do adversário, fazer os devidos ajustes e voltar a pegar no jogo até ao intervalo.

Muda e volta a mudar

Silas voltou a mexer à entrada para a segunda parte, prescindindo de Rodrigo Fernandes, já amarelado, para lançar Doumbia e o leão procurou dar início a um novo jogo, desta vez com mais bola, obrigando o Belenenses a recuar as suas linhas. Aos poucos, o leão conseguiu mesmo inverter o jogo e agora era o Belenenses que defendia lá atrás e ia despejando bolas para o lado contrário, mas a verdade é que a qualidade do jogo não estava muito melhor. Muitas quezílias, muitas faltas, pouco futebol e Manuel Mota a mostrar amarelos a torto e a direito. O Sporting ainda tremeu mais uma vez quando Vietto, na marcação de uma falta, chutou contra um adversário e proporcionou um rápido contra-ataque, com Silvestre Varela a permitir a defesa de Renan.

Mas, sim, havia mais Sporting, com a equipa a inclinar-se par a esquerda, com Borja, Vietto e Bruno Fernandes a procurar aí uma brecha. Pedro Ribeiro procurou restabelecer o equilíbrio nesse corredor com Marco Matias, enquanto Silas voltava a mudar, pela terceira vez, o sistema, agora em 4x4x2, com a entrada de Luiz Phellype para o lado de Vietto.

E foram os dois avançados que, aos 75 minutos, acabaram por desbloquear o marcador, um pouco às três tabelas. Luiz Phellype, na área, rematou contra Tomás Ribeiro, a bola ganhou altura e Vietto atirou a contar com um remate acrobático. Um golo que teve o condão de soltar o leão, enquanto do lado contrário o Belenenses deixava cair os braços.

A partir daí o Sporting tomou totalmente conta do jogo diante de um Belenenses em quebra. Seis minutos depois do primeiro golo, Vietto bisou pela primeira vez esta época. Doumbia combinou com Bolasie que cruzou, André Moreira falhou a interceção e a bola chegou ao argentino que atirou a contar. Um lance que ainda foi analisado pelo VAR, devido à posição de Bolasie, mas que acabou por ser validado...por cinco centímetros. Nesta altura só dava Sporting  que podia ter aumentado a vantagem nos instantes seguintes, com um Belenenses totalmente à deriva. Vietto teve o hat-trick nos pés, mas acabou por ser desarmado por Tiago Esgaio.

Depois de terem dado 75 minutos de avanço, o Sporting acabou por impor-se nos últimos quinze e reclamou uma vitória que, para já, permite-lhe ganhar pontos ao sensacional Famalicão. Agora vem aí nova pausa e Silas vai ter o tempo que tanto tem reclamado para melhorar a equipa.

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