Tondela-Moreirense, 1-1 (crónica) - TVI

Tondela-Moreirense, 1-1 (crónica)

A prova de que o futebol não é uma ciência exata

Se de repente inventássemos uma nova patologia chamada penaltite, será que a Ciência se apressava a desmenti-la? Ou quiçá confirmá-la?

Porque neste momento até à Ciência será difícil explicar a malapata do Tondela com os penáltis esta época.

No castigo máximo eles são recordistas, mas pelos piores motivos. Seis penáltis, quatro falhados, «quatro vítimas». Afinal é castigo máximo para quem?

O gélido final de tarde em Tondela começou com nova desilusão na marca de grande penalidade. Desta vez foi Pité a desperdiçar um penálti madrugador, que certamente encaminharia o Tondela para um tão desejado triunfo em casa.

Mas valendo-nos da sapiência do comum dos mortais, e deixando as ciências de lado, a falta de eficácia provoca outro tipo de sintomas.

A primeira parte foi de sentido único praticamente. Só deu Tondela. Só que de tantas e tantas vezes que chegaram à baliza, o resultado foi sempre o mesmo: zero golos. E por culpa própria, na esmagadora maioria das vezes.

«Vamos malta, continuamos a jogar fora»

Foi uma das frases mais ouvidas ao longo do jogo, e ganhou mais decibéis no segundo tempo, sobretudo depois do tão desejado golo, que chegou pouco depois do recomeço.

De um livre cobrado por Pepelu, Bruno Wilson apareceu no coração da área e desviou para o fundo das redes, repetindo a mesma receita com que o Tondela havia despachado o Sporting na única vitória em casa esta temporada.

Sim, daí a tal frase tantas vezes entoada nas bancadas. Foram tantos os desgostos em casa que, pelo sim ou pelo não, mais valia fingir que o jogo era em Moreira de Cónegos.

O tento do central português deu outra dinâmica ao encontro, como já era de prever. Mas do Moreirense pouco ou nada se via.

E não é exagero. O Moreirense foi tentando construir o mais possível e teve, de facto, uma boa oportunidade de chegar ao golo logo no início do segundo tempo, mas pareceu quase sempre incapaz de fazer mais e melhor, perante um adversário que foi anulando aquela que havia sido a estratégia montada por Ricardo Soares.

Mas o futebol não é uma ciência exata.

Nenê verteu mais gelo uma noite gelada

O segundo tempo seguia com uma toada quase totalista para o lado do Tondela, mas o Moreirense acreditou até ao fim.

Ricardo Soares fez entrar Nenê aos 69 minutos e o experiente avançado justificou a aposta ao cabo de apenas dez minutos. Solto de marcação no segundo poste, o brasileiro empatou para o Moreirense e verteu um autêntico balde de água fria sobre o Estádio João Cardoso.

O Moreirense provava assim que no futebol nem sempre quem joga melhor está mais próximo de vencer. E o Tondela aprendia a custo a célebre expressão do «quem não marca, arrisca-se a sofrer».

Mesmo com as várias investidas até ao final do encontro, o Tondela não foi capaz de somar a segunda vitória em casa, estendendo a sina do João Cardoso para a segunda volta do campeonato. Perdulária, talvez seja o adjetivo que melhor caracteriza a exibição dos beirões.

Já o Moreirense saiu certamente mais satisfeito com o resultado do que com a exibição, visto que terá realizado uma das piores exibições da época. Mas levam pontos para Moreira de Cónegos, que, no final das contas, é o mais importante.

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