Um verdadeiro vendaval vindo de Vila do Conde assolou esta tarde o Jamor com o Rio Ave a bater o Belenenses de forma categórica por 3-1 com Nuno Santos em evidência e Bruno Moreira a bisar. Silas, mesmo sem Gonçalo Silva e Nuno Coelho, insistiu numa defesa remediada a três e acabou por pagar caro por isso, deixando os flancos abertos para os vilacondenses explorarem a seu bel-prazer. Os «azuis», apesar da série negativa, tinham a possibilidade de ficarem a depender deles próprios para chegarem à Europa, mas falharam a aproximação ao V. Guimarães e agora têm o Rio Ave à perna.
Um jogo de parada e resposta, mas com claras diferenças em relação às armas que os dois conjuntos dispunham na zona de finalização, com um Belenenses inofensivo a subir com pouco apoio e um Rio Ave mordaz que criava oportunidades cada vez que se aproximava da baliza de Muriel. Se as diferenças nos ataques eram claras, nas defesas então foram ainda mais evidentes. Com Diogo Viana e Zakarya adiantados sobre as alas, a equipa de Daniel Ramos explorou os corredores como quis, com especial destaque para o lado direito, onde um inspirado Nuno Santos fez gato sapato do jovem Kiki, um médio adaptado a central que, antes deste jogo, tinha apenas onze minutos na Liga.
O Rio ave já tinha deixado bem claras as suas intenções quando chegou ao primeiro golo, aos 20 minutos, numa jogada de insistência de Gabrielzinho que, depois de ganhar um ressalto sobre a esquerda, cruzou tenso para a imparável cabeçada de Bruno Moreira. O Belenenses procurou responder rápido e, cinco minutos depois, Licá chegou a colocar a bola na baliza de Léo Jardim, mas estavam em clara posição irregular. Depois Nuno Santos continuou a explorar o corredor direito, surgindo uma, duas, três vezes nas costas de Zakarya e a ameaçar a baliza de Muriel. Num desses lances chegou mesmo a ultrapassar o guarda-redes, tropeçou, mas ainda desviou a bola que foi caprichosamente ao poste.
O avançado estava inspirado e até de bola parada esteve perto de marcar, num livre em balão que ganhou efeito com o vento e quase traiu Muriel. Foi sem surpresa, por isso, que o Rio Ave chegou ao segundo golo aos 36 minutos. Livre de Nuno Santos, sobre a esquerda, com Tarantini a surgir junto ao segundo poste a desviar para o primeiro onde apareceu Bruno Moreira a bisar. Tudo muito fácil, com a defesa do Belenenses completamente aos papéis. Até ao intervalo, o melhor que o Belenenses conseguiu foi um remate de Keita, fora, da área, à trave.
Silas procurou corrigir o erro de casting da primeira parte, prescindindo de Kiki para lançar Lucca, desfazendo a defesa a três, mas foi o Rio Ave que voltou a entrar forte. Já depois de Tarantini ter desperdiçado uma oportunidade soberana, Borevkovic fez o 3-0, na sequência de um livre de Nuno Santos, com a defesa do Belenenses a ficar outra vez muito mal na fotografia.
Estavam decorridos apenas quatro minutos da segunda parte, mas o jogo estava mais do que resolvido, até porque o Rio Ave continuava a expor todas as fragilidades da equipa de Silas, como ficou patente no espetacular passe de Gabrielzinho, ainda antes do meio-campo, a permitir mais uma transição rápida do imparável Nuno Santos.
Depois o Rio Ave cedeu a bola ao Belenenses e passou a gerir a vantagem. A equipa de Silas, já com Dálcio em campo, cresceu e voltou a marcar de forma irregular, desta vez com Keita adiantado. O golo do Belenenses acabou por chegar de bola parada, num livre de Diogo Viana, com Sasso a finalizar de cabeça, depois de um primeiro desvio ao primeiro poste. Ainda faltavam mais de quinze minutos par o final e um segundo golo até podia deixar novamente o resultado em aberto, mas a verdade é que o Rio Ave fechou-se bem, com Rúben Semedo em destaque, e até podia ter voltado a marcar.
O Rio, que há uma semana também tinha vencido o V. Guimarães, soma, assim, a segunda vitória consecutiva e fica a apenas dois pontos do Belenenses, mantendo legitimas aspirações à Europa, até porque o Moreirense não está inscrito nas competições europeias, mas para isso acontecer a equipa de Daniel Ramos terá de imiscuir-se na luta pelo título, uma vez que ainda vai defrontar o FC Porto, já na próxima jornada, e o Benfica.
Em sentido contrário, o Belenenses somou a sexta jornada sem vencer e, apesar de ainda estar em melhor posição do que os vilacondenses, parece incapaz, com um plantel muito limitado, de conter esta espiral negativa.