Análise: o acerto do FC Porto e as falhas do Benfica - TVI

Análise: o acerto do FC Porto e as falhas do Benfica

Benfica-FC Porto

João Pacheco, treinador e analista, detalha para o Maisfutebol o clássico da Luz

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Benfica e Porto apresentaram-se em campo sem grandes surpresas no onze inicial, fiéis ao seu estilo de jogo, demostrando conhecimento profundo sobre os pontos fortes do adversário.

Embora com estilos diferentes, duas equipas com estruturas e posicionamentos defensivos e ofensivos muitos similares. Usando as suas estruturas tradicionais 1-4-4-2, com blocos defensivos pressionantes e altos, no momento ofensivo alas com liberdade para se moverem por dentro no espaço entrelinhas e laterais responsáveis pela largura.

Onde acertou o FC Porto? 

Ambas equipas juntaram os seus dois avançados a defender, tentando evitar passe de central para médios e esperando momento de condução do central com bola para condicionar para a linha e pressionar para ganhar, com o avançado do lado contrário a bola a fechar linha para médio.

Houve uma estratégia clara das duas equipas em não fazer saltar muito os seus dois médios centro. Contudo, o FC Porto foi muito mais forte e eficaz, tanto na pressão como na saída de pressão, essencialmente na primeira parte.

Por um lado, houve uma entrada forte em termos de pressão a não deixar os dois centrais do Benfica confortáveis com bola. Por outro, na construção os médios do FC Porto colocaram-se em linhas diferentes (Danilo entre os avançados e Uribe numa linha mais alta), com maior capacidade de ligar alguns passes no espaço entre médio e ala do Benfica.

Quando não consegue ligar curto, o FC Porto tem mais capacidade para ligar longo com os seu dois avançados, que são fortes na capacidade física para este tipo de duelos. Muita dificuldade da linha defensiva benfiquista para ganhar primeira bola longa, e depois muitas vezes com dificuldade também na segunda bola, o que permitia ao porto chegar ao meio campo do Benfica e colocar médios e alas de frente para o jogo. Romário Baró com muita liberdade de movimentos e muitas vezes um avançado do FC Porto a cair no corredor direito. Zé Luís frequentemente a receber jogo direto do guarda-redes ou do defesa central numa das linhas, aproveitando a maior dificuldade de Grimaldo em ganhar essas bolas.

Onde falhou o Benfica?

O Benfica deste modo não conseguiu levar o jogo para o lado onde é mais forte, construção desde trás, ligação em apoio dos defesas para os médios, colocar médios a jogar de frente para depois chegar por fora ou aproveitar jogo interior de Pizzi e Rafa.

A linha de quatro médios do FC Porto mostrou-se muito competente a fechar espaço interior (grande capacidade dos alas para fecharem bem o espaço defensivo entre médios e alas) dando os corredores laterais ao Benfica).

Os médios portistas estiveram sempre muito bem posicionados e a fechar espaço interior e entrelinhas (algo que não conseguiu fazer no dragão na época passada), centrais do Porto muito fortes também a saltar a pressionar entrelinhas (em especial Pepe).

O Benfica teve portanto dificuldade em ligar e fazer fluir o seu jogo, menos pausado que o habitual e com muita pressa em chegar à profundidade, mas sem eficácia. Os 2 avançados do Benfica muito paralelos, dando poucos apoios e mais preocupados com ataque à profundidade. Pizzi e Rafa aparecendo mais por fora e com acelerações pelos corredores laterais. Porto muito forte anulando o jogo interior do Benfica e com mais capacidade para desmontar a estrutura defensiva adversaria e criar situações claras de golo ao longo de todo o jogo.

O que mudou ao intervalo?

O Benfica ao intervalo com entrada de Taraabt tentou melhorar a capacidade de bola nas costas da primeira zona pressão do FC Porto, tendo conseguido com isso colocar mais vezes os seus dois médios mais recuados a receber de frente para o jogo, podendo a partir daí tentar mais passe interior, mas essencialmente a capacidade que Tarrabt mostrou de variar de forma longa o flanco de jogo para o corredor oposto e chegar mais vezes por fora com alguma vantagem de espaço.

Enquanto na primeira parte ambos os médios estiveram muito paralelos, na segunda Florentino e Taraabt jogando com bola em linhas diferentes. A partir deste momento, mais capacidade para chegar perto da área do Porto, mais por zonas exteriores, chegando com cruzamentos, mas sem desmontar muito a estrutura defensiva do porto, que foi sempre mostrando eficácia na defesa desses cruzamentos. Com o decorrer do jogo, mais capacidade para o Benfica ligar por dentro (mais por Rafa e por um dos avançados, Pizzi recebeu sempre mais aberto), por decréscimo da pressão do Porto e melhoria nas soluções ofensivas do Benfica.

Contudo, o nível de execuções e decisão dos jogadores que receberem entrelinhas foi sempre mau, enquanto que a defesa desse espaço e pressão do porto mantiverem um bom nível. Muita dificuldade para o Benfica criar situações claras de golo.

O FC Porto cada vez mais a ligar jogo mais em transições ofensivas, essencialmente quando conseguia ligar com Díaz (aproveitou bem e espaço ao lado do Florentino e as costas de Tavares, e este conduzia para dentro para aproveitar os Movimentos dos avançados). Linha defensiva mais 2 médios do porto sempre coesas e sem perderem posição. Benfica tentando melhorar jogo interior com entrada de Chiquinho, mas numa fase do jogo sem capacidade coletiva para pausar e procurar as melhores opções ofensivas, sempre um jogo acelerado e precipitado no último terço ofensivo, acabando depois por meter mais um avanço e acrescentar profundidade aliada ao jogo interior. Jogo cada vez mais partido, acabando o Porto por matar o jogo numa transição nas costas dos defesas centrais.  

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