Escorregar antes do Clássico não é assim tão raro - TVI

Escorregar antes do Clássico não é assim tão raro

Benfica-Estoril

Um ponto de diferença a seis jornadas do fim e o Benfica-FC Porto daqui por uma semana. O próximo jogo, diz o senso comum, é crucial para os dois rivais marcarem posições antes do jogo grande da Luz. Os deslizes a anteceder um Clássico na segunda volta têm sido mais comuns do que se poderia pensar à partida, sobretudo por parte do Benfica

Um ponto de diferença a seis jornadas do fim e clássico daqui por uma semana. O próximo jogo, diz o senso comum, é crucial para Benfica e FC Porto se posicionarem antes do jogo grande da Luz. Mas as escorregadelas a anteceder um Clássico na segunda volta têm sido mais comuns do que se poderia pensar à partida, sobretudo por parte do Benfica, que visita neste sábado um V. Setúbal em cujo terreno empatou na época passada e também já na corrente temporada, para a Taça da Liga. O FC Porto recebe o Desp. Aves, que não venceu fora de casa na primeira volta.

Olhando para as últimas dez temporadas, aconteceu em seis delas pelo menos um dos rivais perder pontos antes do duelo direto da segunda volta, quando o campeonato entra na fase de decisões: por quatro vezes o Benfica, por uma vez ambos e por uma o FC Porto, que aliás venceria o Clássico na ronda seguinte, a única ocasião neste período em que um dos rivais venceu o confronto direto depois de ter perdido pontos na ronda anterior. O Benfica não o conseguiu. Aliás, os «encarnados» não vencem os dragões na segunda volta desde 2006.

Está bem viva nas memórias a última vez em que um deslize a anteceder o Clássico acabou por virar de vez a Liga, o campeonato de 2012/13. Mas não é preciso recuar muito para encontrar mais escorregadelas antes do duelo direto entre Benfica e FC Porto.

A começar pela época passada, um pouco mais cedo na temporada mas também com Benfica e FC Porto separados por um ponto, com os «encarnados» na frente. Ambos os rivais marcaram passo na ronda que antecedeu o Clássico, o dragão a empatar em casa frente ao V. Setúbal e o Benfica em Paços Ferreira. O clássico da Luz, à 27ª jornada, terminou empatado a um golo, os rivais mantiveram distâncias mas o Benfica acabou por se impor numa reta final mais sólida do que a do FC Porto de Nuno Espírito Santo.

Também em 2015/16 não sairam ambos incólumes da ronda que antecedeu o clássico da segunda volta. E ela foi bem importante nas contas do título.  O clássico foi relativamente cedo na época, à 22ª jornada, mas a jornada 21 teve muito que dizer na luta. A goleada ao Belenenses (5-0), aliada ao empate do Sporting com o Rio Ave, permitiu ao Benfica alcançar os «leões» na frente. O FC Porto perdeu com o Arouca e ficou a seis pontos. Mas os dragões reagiram e venceriam o Clássico na Luz, por 2-1. Foi no entanto o último desaire dos «encarnados» nessa época de recuperação que terminou com a conquista do título: o Benfica, nesse primeiro ano de Rui Vitória, venceu os 12 jogos seguintes.

Em 2014/15, o clássico foi à 30ª jornada e ambos venceram na ronda anterior. Mas os «dragões» tiveram imediatamente antes  da Luz um desaire pesado, a goleada sofrida frente ao Bayern Munique (6-1) na segunda mão dos quartos de final da Champions. Com o Benfica na frente e o FC Porto segundo, a três pontos, o Clássico terminou sem golos. Com quatro rondas por jogar, a distância manteve-se exatamente igual até final: ambos perderam apenas mais dois pontos, curiosamente na mesma ronda, o Benfica seria campeão.

Na época anterior o Clássico estava marcado para a última jornada. Mas acabou por já não ter voz nas contas do título. O Benfica sagrou-se campeão, no primeiro ano do tetra, a duas rondas do final, vencendo o Olhanense. Na ressaca da festa, empatou na penúltima ronda com o V. Setúbal e foi perder ao Dragão por 2-1 a fechar a Liga.

Em 2012/13, a reviravolta do golo de Kelvin começou mais cedo, precisamente na ronda anterior ao Clássico. O Benfica levava quatro pontos de vantagem à entrada para a 28ª e antepenúltima jornada. Mas o empate caseiro com o Estoril (1-1), aliado à vitória do FC Porto sobre o Nacional, reduziu a distância para dois pontos. E no Dragão aconteceu o que toda a gente sabe: o golo do recém-entrado Kelvin ao cair do pano deu a vitória ao FC Porto de Vítor Pereira e decidiu ali o título.

Em 2011/12, a jornada que antecedeu o Clássico da segunda volta também teve muito que dizer. O Benfica liderava com dois pontos de vantagem, mas o empate na visita à Académica custou-lhe a liderança isolada antes de receber o FC Porto. Chegaram em igualdade à Luz, o FC Porto venceu por 3-2, passou para a frente e, numa época em que o Sp. Braga também andava na luta, não deixou fugir o título.

A temporada de 2010/11 não fica marcada por nenhum deslize na ronda anterior, mas assinala outro Clássico para a história. Foi na Luz que o FC Porto de André Villas-Boas conquistou o título, a seis jornadas do fim.

Nesta última década, apenas em 2007/08 aconteceu outra vez um dos rivais perder pontos antes de se defrontarem, mas por essa altura já nada tinha que dizer para as contas do título. Com o FC Porto a celebrar o tricampeonato à 25ª jornada, um Benfica que era quarto classificado perdeu com a Académica em casa (0-3) e, ainda antes do Clássico perderia também com o Sporting para a meia-final da Taça de Portugal, o memorável 5-3 de Alvalade. O FC Porto venceria o Benfica a seguir por 2-0.

(Artigo atualizado. Original 23:53 05-04-2018)

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