Mudanças de treinador: o incrível Bruno Lage numa época rara - TVI

Mudanças de treinador: o incrível Bruno Lage numa época rara

Bruno Lage

Aconteceu apenas pela sexta vez na história um clube ser campeão depois de uma «chicotada». Técnico do Benfica chegou ao título com um registo ímpar

Mudar de treinador e ser campeão é raro, até agora tinha acontecido apenas cinco vezes na história da Liga. E voltou a acontecer esta época. Bruno Lage sucedeu a Rui Vitória, conseguiu uma série ímpar de resultados e levou a equipa ao 37º título. Quando se olha para as mudanças de treinador ao longo da temporada, esse é evidentemente o principal dado que fica. Mas há mais.

Esta época foi atípica por mais razões. O Sporting também mudou de treinador, foi aliás a primeira equipa a fazê-lo. Desde 2001/02 que não aconteciam duas mudanças no banco de dois dos chamados «grandes» na mesma época. E a última vez que tanto Benfica como Sporting mudaram no decorrer da temporada foi em 2000/01. Dessa vez exatamente ao mesmo tempo, num dia 5 de dezembro de 2000 que ficou para a memória do futebol português: da Luz saiu José Mourinho, do Sporting saiu Augusto Inácio, o treinador que tinha sido campeão no ano anterior, tendo também ele chegado com a época já a decorrer.

Na atual temporada o Sporting também melhorou resultados com a troca de José Peseiro por Marcel Keizer, mas não tanto como o Benfica. Houve ao todo dez mudanças de treinadores esta época, envolvendo nove clubes. Na época passada foram sete os clubes a mudar, mas com o mesmo número de trocas no fim das contas. Na temporada que agora termina, oito dos treinadores que chegaram fizeram melhor que os antecessores. Com duas exceções: Daniel Ramos fez pior registo que José Gomes no Rio Ave, onde chegou depois de o anterior técnico ter saído por opção, para treinar o Reading. E no Feirense Filipe Martins não conseguiu inverter a tendência e acaba com uma percentagem de pontos inferior à de Nuno Manta Santos, sem evitar a descida.

Dos treinadores que assumiram equipas no decorrer da época Bruno Lage é de muito longe aquele que teve melhor eficácia. Conseguiu 96.5 por cento dos pontos possíveis, um registo quase imbatível. A seguir vem Marcel Keizer, com 72.2 por cento. E no meio uma referência para Tiago Fernandes, que foi interino Sporting em dois jogos da Liga, tendo vencido ambos. O treinador assumiria depois do Desp. Chaves a meio da época, mas foi afastado ao fim de 13 jogos, em que ganhou 35.9 dos pontos possíveis.

Destaque também para Lito Vidigal e Augusto Inácio. O primeiro chegou ao Boavista a 15 jornadas do fim e conseguiu 62.2 por cento dos pontos possíveis, mais 32.6 por cento do que tinha feito Jorge Simão no banco da equipa do Bessa. Inácio rendeu José Mota no Desp. Aves e ganhou 47 por cento dos pontos, mais do dobro do que o seu antecessor, para segurar a manutenção com a melhor pontuação de sempre da equipa na Liga.

Houve vários treinadores que orientaram mais do que uma equipa na Liga no decorrer da época e Lito foi um deles. Curiosamente, todos conseguiram melhor «performance» no segundo clube. Em Setúbal, de onde saiu por opção para assumir o Boavista, Lito tinha apenas 35.1 por cento dos pontos possíveis. O seu sucessor, Sandro, conseguiu melhorar marginalmente esse registo para manter o clube na Liga.

Também Daniel Ramos orientou dois clubes e teve em Chaves, onde começou a época, um registo muito inferior ao que conseguiu ao comando do Rio Ave: 19.4 contra 45.6 por cento dos pontos possíveis. Por fim, José Mota começou a época no Desp. Aves, onde venceu a Taça de Portugal na época passada, mas saiu ao fim da primeira volta, com 21 por cento dos pontos possíveis. Acabou a temporada no Desp. Chaves, o terceiro treinador dos transmontanos, melhorando esse registo em nove jogos (40.7 por cento), mas sem conseguir evitar a descida, consumada na última jornada. O Desp. Chaves foi o único clube a mudar duas vezes de treinador durante a época. E, embora em ambas o novo técnico tenha conseguido globalmente melhores resultados, no fim das contas não adiantou.

Análise às mudanças de treinador na Liga 2018/19

Sporting

José Peseiro: 8 jogos (5V/1E/2D), 66.7 por cento

Marcel Keizer: 24 jogos (16V/4E/4D), 72.2 por cento

Tiago Fernandes assumiu a equipa em dois jogos da Liga, duas vitórias

Saldo: +5,6 por cento

Marítimo

Cláudio Braga: 10 jogos (3V/1E/6D), 33.3 por cento

Petit: 24 jogos (9V/2E/13D), 40.3 por cento

Saldo: +7 por cento

Desp. Chaves

Daniel Ramos: 12 jogos (2V/1E/9D), 19.4 por cento

Tiago Fernandes: 13 jogos (3V/5E/5D), 35.9 por cento

José Mota: 9 jogos (3V/2E/4D), 40.7 por cento

Saldo: +16.5 por cento; +4.8 por cento

Rio Ave

José Gomes: 13 jogos (5V/4E/4D), 48.7 por cento

Daniel Ramos: 19 jogos (7V/5E/7D), 45.6 por cento

Augusto Gama orientou a equipa em dois jogos, duas derrotas

Saldo: - 3.1 por cento

Benfica

Rui Vitória: 15 jogos (10V/2E/3D), 71.1 por cento

Bruno Lage: 19 jogos (18V/1E/0D, 96.5 por cento

Saldo: +25.4 por cento

Desp. Aves

José Mota: 17 jogos (3V/3E/11D), 21.05 por cento

Augusto Inácio: 17 jogos (7V/3E/7D), 47.05 por cento

Saldo: +26 por cento

V. Setúbal

Lito Vidigal: 18 jogos (5V/4E/9D), 35.1 por cento

Sandro: 16 jogos (3V/8E/5D), 35.4 por cento

Saldo: +0.3 por cento

Boavista

Jorge Simão 18 jogos (4V/4E/10D), 29.6 por cento

Lito Vidigal 15 jogos (9V/1E/5D), 62.2 por cento

Jorge Couto assumiu a equipa num jogo, derrota com o Benfica

Saldo: +32.6 por cento

Feirense

Nuno Manta Santos 20 jogos (2V/8E/10D), 23.3 por cento

Filipe Martins: 14 jogos (1V/3E/10D), 14.3 por cento

Saldo: -9 por cento

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