FC Porto-Benfica, 1-1 (crónica) - TVI

FC Porto-Benfica, 1-1 (crónica)

Profecia de Vitória com estrela de tricampeão

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«O que eu gostava era de marcar aos 94 minutos e ganhar». A profecia de Rui Vitória não se cumpriu em pleno mas o empate tem claro sabor a triunfo. Houve estrela de tricampeão no clássico com o FC Porto (1-1).

O Benfica sai do Estádio do Dragão com os mesmos cinco pontos de vantagem sobre o adversário e nem se importará com o fim de um ciclo de triunfos consecutivos fora de portas. Lisandro López, no período de descontos, anulou o golo de Diogo Jota.

Ora Lisandro, que entrou mais uma vez por lesão de Luisão, foi exemplar no plano defensivo e subiu à área contrária marcar assinar o 1-1 final para lá dos noventa minutos.

FC Porto-Benfica, 1-1 (destaques das águias)

Hector Herrera saiu do banco para entregar o ouro. O mexicano, defendido por Nuno Espírito Santo mas criticado pelos adeptos, tentou acertar com a bola num adversário e cedeu de forma disparada um canto. Daí nasceu o golo do Benfica.

A formação encarnada, que pressionara com intensidade na derradeira etapa da partida, teve nova oportunidade para ser feliz e demonstrou a habitual apetência para bolas paradas. Lisandro ganhou nas alturas e mudou o estado de espírito dos 50 mil adeptos que seguiam o encontro.

O FC Porto teve o jogo nas mãos, merecia algo mais que o empate mas terá de encontrar em si as respostas para a perda de pontos vitais na luta pelo título.

FC Porto-Benfica, 1-1 (destaques dos dragões)

Dragões em cima dos substitutos encarnados

Voltemos ao início. Nuno Espírito Santo surpreendeu com a mudança para o tradicional 4x3x3, procurando claramente tirar partido das alterações forçadas no Benfica.

Maxi Pereira manteve-se no onze do FC Porto e partilhou o flanco direito com Jesús Corona, que travou duelo com Eliseu, substituto de Grimaldo. Herrera foi o sacrificado.

A principal alteração, ainda assim, residiu na colocação de Otávio ao centro, na zona de atuação de Samaris, escolhido por Rui Vitória para o lugar do lesionado Fejsa. O Benfica demorou a assentar o seu jogo e adaptar o processo defensivo a essa variante portista.

Otávio e Óliver, com o apoio de Danilo, garantiam superioridade a meio-campo face a Samaris e Pizzi. Sem capacidade para fazer a ligação entre setores, o tricampeão nacional remetia-se à defesa perante sucessivas investidas portistas.

Diogo Jota dividia-se entre o flanco esquerdo e o apoio a André Silva, Alex Telles garantia profundidade e valeu ao Benfica a inspiração de Ederson (para além de Nélson Semedo) a negar o golo ao FC Porto.

Durante cerca de meia-hora, a equipa de Nuno Espírito Santo dominou o encontro e criou várias oportunidades de golo, com grande destaque para duas perdidas de Jesús Corona.

Ederson brilhou aos pés de Corona

Aos minutos 14 e 24, o mexicano apareceu na cara de Ederson mas o guarda-redes do Benfica levou sempre a melhor. Na primeira ocasião, aliás, a defesa provocou-lhe dores de estômago e vómitos.

Por essa altura, Luisão já se tinha queixado ao banco do Benfica e Lisandro López preparava-se para substituir o capitão. Uma vez mais.

Após a segunda perdida de Jesús Corona, o FC Porto viu uma clara oportunidade de golo ser-lhe negada por mão na bola de Felipe, que viria a assistir André Silva. Lance polémico, já que antes de Felipe, é Mitroglou quem parece desviar a bola com o braço na área encarnada.

O Benfica sofria. Restava o excelente desempenho de Nélson Semedo na direita (e alguns esboços de Gonçalo Guedes), durante largos minutos, até que o ritmo baixou e a equipa visitante logrou respirar. Criou até uma boa ocasião para marcar, num desvio infeliz de Felipe após pontapé de canto, levando a bola a embater no poste da sua baliza.

Intervalo, tudo a zeros.

Diogo Jota de coração azul e branco

Rui Vitória não mexeu, acreditou que os instantes finais da primeira parte seriam o prenúncio de algo melhor para o Benfica. Pelo contrário. Quem mais acertou na etapa inicial viria a abrir caminho para o golo do FC Porto.

Tudo começou em Jesús Corona, até então o pior elemento portista. O mexicano abriu para Diogo Jota na área, pela esquerda, e o jovem conseguiu bailar sobre Nélson Semedo. Seguiu-se um remate seco, para o poste que Ederson desvia cobrir. Culpas para o guarda-redes.

A justiça no marcador chegava no pé esquerdo de Jota, com quarenta minutos de jogo pela frente e a maioria de 50 mil adeptos a rejubilar de alegria. Grande espetáculo no Estádio do Dragão.

O Benfica tinha de fazer o que não fizera até então: assumir a iniciativa. Deixou essa ideia no ar com um bom remate de Samaris para defesa de Casillas, mas a verdade é que o FC Porto continuou a procurar o 2-0.

A superioridade a meio-campo era essencial para o domínio de jogo. Rui Vitória procurou chegar a esse ponto com a troca de Cervi por André Horta, Nuno Espírito Santo respondeu pouco depois com o sacrifício de Jesús Corona – após grande lance do mexicano – para a entrada de Rúben Neves. Foi o primeiro sinal de um recuou no terreno que se revelou fatal para os portistas.

Tirando mais tarde Óliver (muito bem até então) e por fim Diogo Jota, o treinador do FC Porto procurou guardar a baliza mas colocou-a mais próxima da equipa contrária, que teve autorização para subir em bloco.

Benfica a crescer, FC Porto a recuar até ao empate

O FC Porto não permitia grandes oportunidades de golo ao adversário, que teve Raúl Jiménez como derradeiro argumento, mas os últimos minutos foram de crescente pressão encarnada e sucessivos tiros nos pés da formação azul e branca.

Vejamos: Nuno Espírito Santo tira Diogo Jota para colocar Héctor Herrera ao minuto 87. Chega o período de descontos e nada parece mudar. De repente, entre a confusão na direita, Herrera tenta acertar com a bola num adversário e cede de forma disparada um canto. André Horta bate, Lisandro López sobe e marca.

O Benfica anulava a desvantagem ao minuto 92, garantindo um resultado determinante na luta pelo título. Enquanto a formação encarnada festejava com os seus, sabendo que esteve perto de perder no Dragão, Héctor Herrera ficava de braços caídos junto ao grande círculo, sem ninguém em seu redor.

Grande resultado para o Benfica, castigo pesado para um FC Porto que criou mais oportunidades para vencer. Não só estrela, não só azar, talvez uma tendência fatalista para desaproveitar e uma crença que não se abate do lado encarnado.

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