FC Porto-Deportivo, 4-0 (crónica) - TVI

FC Porto-Deportivo, 4-0 (crónica)

FC Porto-Deportivo Corunha (Lusa)

Vincent e o dragão assassino

Versão revista e aperfeiçoada, upgrade moderno e de eficiência mortal. Para o adversário, pois claro. O novo FC Porto, saído da agitada mente de Sérgio Conceição, é uma mistura prometedora de olhar sanguinário e apetite inclemente. Os adversários que se cuidem, pois então.

Na apresentação oficial aos sócios e simpatizantes, o Depor foi a vítima escolhida, o corpo perfeito para entregar à guilhotina de Vincent, o terrível Aboubakar. Dois golos do regressado camaronês, homem de humores instáveis e muito futebol, outro de Jesus Corona e mais um de Moussa Marega, estes já na segunda parte e com os galegos completamente entregues.

Vamos ser claros: nesta fase da pré-época, com menos de um mês de trabalho, ninguém imaginaria que o FC Porto já estivesse tão bem. Sólido no processo defensivo (herança de 2016/17), avassalador no terço mais avançado. Pouco ou nada de errado a apontar.

FICHA DE JOGO DO FC PORTO-DEPOR

Pensemos numa relação a dois, longa, e naquilo que a define: estabilidade, confiança, cumplicidade, até paixão se a rotina não fizer das suas. Pois bem, é isto que este FC Porto – versão ampliada do anterior, insistimos – já tem para dar e contar.

No onze inicial já definido por Conceição, apenas Ricardo e Aboubakar são elementos novos, e mesmo estes regressados após empréstimos. Numa lógica de aproveitamento do que estava bem feito e implementação de ideias atraentes e ambiciosas, o FC Porto cresce, conquista e já impressiona.

A equipa está tão confiante que já é capaz de colocar 4/5 unidades na área contrária em toda e qualquer jogada. O meio-campo (Óliver está a jogar muito!) pede a bola aos centrais, privilegia o toque curto e a triangulação em progressão, procura os passes verticais e os pés de um dos dois matulões da frente, Aboubakar e Soares.

Aí chegada, a bola abranda e percebe que não lhe falta companhia. Brahimi, Corona, o omnipresente Óliver, várias linhas de passe e o adversário em desassossego. É um futebol muito mais intenso, muito mais direto ao assunto, capaz de afrontar em avalanches sucessivas a defesa oponente.

DESTAQUES DO JOGO: a reconciliação de Aboubakar

Quatro golos completamente naturais, todos germinados na consequência da pressão alta, asfixiante. Sim, este FC Porto corre mais e corre melhor. Pormenor nada despiciendo.

Está tudo perfeito? A esta altura do ano seria uma inconsciência dizer que sim. Danilo Pereira, por exemplo, começou mais tarde a trabalhar e está visivelmente num patamar de forma inferior aos colegas. Errou passes em zonas proibidas (obrigou Casillas a enorme defesa no primeiro tempo) e decidiu mal em algumas transições rápidas.

A temporada é longa, pejada de armadilhas e obstáculos bem sérios. Um mau resultado pode abanar tudo o que anteriormente estiver construído, o lado emocional tem sempre um papel a representar e os restantes candidatos (Benfica e Sporting) darão, com certeza, luta da boa.

Tudo isto é verdade, mas não pode atenuar aquela que é a análise da atualidade: Conceição está a ter o grande mérito de não tocar um milímetro no que estava bem e acrescentar-lhe aquela ponta de atrevimento e volúpia que tanta falta fez ao FC Porto de Nuno E. Santo.

É, como escrevíamos na abertura da crónica, um upgrade de semblante assassino. Uma máquina habilitada a aniquilar. Resta perceber nos próximos ensaios se a fiabilidade faz parte do pacote.           

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