FC Porto-Desp. Aves, 1-0 (crónica) - TVI

FC Porto-Desp. Aves, 1-0 (crónica)

Uma bebedeira de tédio e melancolia

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Garrafas de alegria e prazer. A alegoria de Sérgio Conceição nunca fez tanto sentido. O stock ter-se-á esgotado rapidamente e na prateleira o FC Porto só encontrou um bourbon de melancolia e uma aguardente de tédio. Não bastasse a pobreza do elixir, o dragão achou por bem exagerar na pinga. Embebedou-se de erros, más decisões e tristeza contra o último da Liga.

Ganhou? Sim senhor, 1-0. Mas terá alguém celebrado estes três pontos no balneário azul e branco? Só por inconsciência ou falta de juízo.

Exceção feita ao golaço de Ivan Marcano (aos 13 minutos, num remate de primeira após bom passe de Otávio) e ao tributo coletivo ao «Bibota» Fernando Gomes, a noite do Dragão foi uma perda de tempo para os que gostam de futebol. De bom futebol.

FICHA DE JOGO E O 1-0 AO MINUTO

O dragão esticou os pés em cima da mesa, numa pose de tasca, meteu o palito no canto da boca e brincou com a própria sobrevivência. O Aves não teve uma grande oportunidade de golo, sim, mas chegou aos 60 minutos com o mesmo número de remates (sete) e beneficiou de pelo menos quatro livres diretos em zonas prometedoras.

Não é fácil explicar este comportamento do FC Porto, uma equipa que faz da dinâmica, da atitude, do ADN de raça as suas imagens de marca. Sem isso, como nesta receção a um Desportivo das Aves que foi acreditando num pequeno milagre, o FC Porto banaliza-se. Torna-se vulgar, um consumidor desregulado de melancolia e tédio.

Podemos questionar as opções de Sérgio Conceição, mas o problema do FC Porto não foi esse. Bruno Costa jogou em vez de Uribe, Alex Telles esteve 56 minutos no banco, Marega continuou na bancada, mas perante tantos passes falhados, tantas hesitações, tanta dificuldade em escolher os melhores caminhos, os nomes pareceram até insignificantes.

O treinador do FC Porto irá garantir que não preparou este Aves com o Rangers no pensamento. É até lógico que isso não tenha, de facto, ocorrido, mas a verdade é que a mensagem não passou da boca de Conceição às cabeças dos futebolistas.

Exceção feita ao guarda-redes Marchesín e aos centrais Pepe e Marcano, foi tudo demasiado mau, tudo demasiado pobre, tudo demasiado feio. Não há ponta por onde pegar nesta exibição, nem atenuantes suficientemente justas para relativizar o que quer que seja.

O FC Porto venceu, segue a dois pontos do líder Benfica, mas deu um ar de desconfiança, de medo, até de desequilíbrio. Como se as garrafas de alegria e prazer tivessem passado do prazo de validade e destruído um organismo que já foi saudável e rijo.

Bourbon e aguardente? Não se metam nisso.

 

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