Sp. Braga-Benfica, um salto por dar e um olho num feito especial - TVI

Sp. Braga-Benfica, um salto por dar e um olho num feito especial

Benfica-Sp. Braga

O jogo que é cabeça de cartaz da 31ª jornada vale tanto, entre o anfitrião a precisar de contrariar a evidência de ter ainda um caminho a percorrer nos duelos com os candidatos e as águias que procuram não ceder na luta pelo título e podem igualar um registo com 46 anos

O FC Porto em Vila do Conde, o Benfica em Braga, uma 31ª jornada de pressão máxima. Com o Sp. Braga-Benfica como cabeça de cartaz, o primeiro frente ao quarto classificado, um Sp. Braga que sonha alto, que ainda não chegou onde quer chegar mas ainda olha esta época para o terceiro lugar e pode ter neste jogo uma palavra importante a dizer na luta pelo título. Para isso, a equipa de Abel precisa de contrariar a evidência de ter ainda um caminho a percorrer nos duelos com os candidatos ao título. Frente a um Benfica que sabe ter pela frente um jogo decisivo no mano a mano com o FC Porto e a fazer uma época forte como poucas nos duelos diretos com as outras equipas da frente. Tanto que pode igualar um registo com 46 anos.

O Benfica cedeu esta época apenas dois pontos nos quatro duelos com FC Porto e Sporting, o seu melhor desempenho desde 1993/94. Mas nessa temporada perdeu um dos jogos com a equipa que terminou então no quarto lugar, o Boavista. Se ganhar no domingo ao Sp. Braga, conseguirá então algo que só tinha alcançado em 1972/73, a época em que foi campeão sem derrotas: ceder apenas um empate nos confrontos entre os quatro primeiros classificados.

Nessa altura ganhou todos, menos dois jogos em todo o campeonato: um empate frente ao FC Porto e outro frente ao Atlético. Numa época atípica, em que o FC Porto foi quarto e o Sporting quinto, esse Benfica orientado por Jimmy Hagan também ganhou ambos os jogos ao segundo e terceiro classificados, Belenenses e V. Setúbal.

Foi o FC Porto quem conseguiu igual registo mais recentemente. Em 2010/11 também só perdeu dois pontos nos clássicos, na partida da primeira volta frente ao Sporting. E venceu igualmente ambos os jogos com o Sp. Braga, quarto classificado. Também foi o FC Porto a única equipa até agora a conseguir a sequência real: vencer todos os jogos entre os quatro primeiros. Em 2002/03, a equipa orientada por José Mourinho levou o título depois de ganhar os quatro clássicos de Liga com Benfica e Sporting e vencer também os dois jogos com o V. Guimarães, quarto classificado. Só houve outra equipa a vencer todos os clássicos na mesma época, o Benfica campeão em 1971/72. Mas nessa temporada, em que o Sporting foi terceiro e o FC Porto quinto, as águias não ganharam ambos os jogos ao segundo, o V. Setúbal, e ao quarto, a CUF.

Os duelos entre candidatos têm mesmo peso grande nas contas do título, como se pode ver por estes dados. É verdade que não é preciso recuar muito para encontrar exceções que confirmam a regra: em 2015/16 o Benfica perdeu três dos duelos com os outros «grandes», só venceu o último, frente ao Sporting, e mesmo assim foi campeão. E em 2005/06 o FC Porto de Co Adriaanse também festejou o título depois de perder ambos os clássicos com o Benfica, como aconteceu esta temporada. Se chegar ao fim na frente, o FC Porto de Sérgio Conceição igualará essa proeza.

Mas os resultados que se conseguem frente aos outros candidatos são tendencialmente definidores. E o Sp. Braga tem vindo a crescer, em dimensão e ambição, mas corre atrás neste «campeonato». Se juntarmos os arsenalistas às contas dos duelos entre rivais, eles ficam claramente a perder. Mesmo não contando com todo o lastro histórico e olhando para um período mais curto, fica claro que o Sp. Braga ainda tem esse salto para dar. Nas últimas cinco épocas, o Sp. Braga pontuou sempre menos que os rivais num campeonato a quatro com FC Porto, Benfica e Sporting.

E foi ao Benfica que tirou menos pontos nesse período. Só aconteceu uma vez, em 2014/15, quando era Sérgio Conceição o treinador. Jogava-se a 8ª jornada em Braga e o Benfica até marcou primeiro, um golo de Talisca logo aos dois minutos. Mas Éder igualou antes da meia hora e depois Salvador Agra saiu do banco para fazer o 2-1 final. Nessa temporada, aliás, o Sp. Braga de Conceição ganhou duas vezes ao Benfica de Jorge Jesus: voltaria a vencer dois meses depois, na Luz, para a Taça de Portugal. Mas, de então para cá, o melhor que o Sp. Braga conseguiu em 11 jogos com o Benfica foi um empate na Luz para a fase de grupos da Taça da Liga da época passada.

Como termo de comparação, note-se por exemplo que em casa do Rio Ave, a outra deslocação que ainda terá de fazer até ao final da época, o Benfica venceu três jogos nas últimas temporadas mas perdeu um e empatou outro, este último aliás na época passada.

Na verdade, as últimas épocas voltaram a aumentar o fosso do Sp. Braga para o Benfica. Há uns anos essa distância parecia mais curta: basta recordar a vitória minhota na meia-final da Liga Europa em 2010/11, mas não só. Entre 2004/05 e 2014/15 o Benfica não perdeu o ascendente histórico, mas só por duas vezes venceu o Sp. Braga em ambos os jogos de campeonato. Nas últimas três temporadas ganhou-os todos.

E na primeira volta desta época, quando chegou à Luz no terceiro lugar, a dois pontos da liderança e com um de vantagem sobre o Benfica, o Sp. Braga saiu vergado ao peso de uma goleada das antigas, um 6-2 que foi um duro golpe no seu estatuto de candidato e no discurso ambicioso de Abel e António Salvador.

Somando as derrotas em ambos os jogos com o FC Porto e o desaire da segunda volta com o Sporting, o Sp. Braga perdeu até agora 12 pontos nos duelos com os ditos «grandes». Só pontuou no triunfo da primeira volta frente ao Sporting. Perdeu aí praticamente metade dos pontos que não conseguiu ganhar até agora, um total de 26.

Por aí, o Sp. Braga tem muito caminho a percorrer, até na comparação com outras equipas da Liga. Só nesta época há quatro clubes que tiraram mais pontos a Benfica, FC Porto e Sporting: V. Guimarães, Portimonense, Belenenses e Moreirense.

Abel Ferreira nunca conseguiu vencer o Benfica e tem agora a última oportunidade da época para o tentar. Num jogo que vale tanto, para um lado e para o outro.

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