Inaudito ponto do Benfica quando clássico é no Porto - TVI

Inaudito ponto do Benfica quando clássico é no Porto

FC Porto-Benfica (Lusa)

Como em muitas coisas na vida encarnada, o ponto mais tardio era da responsabilidade de Eusébio (e outro)

Melhor do que ninguém, o FC Porto devia saber que um clássico só está ganho na certeza do apito final.

Nem é preciso puxar muito pela memória para contar histórias de golos épicos, arrancados nos descontos pelos azuis e brancos. Na Liga ou fora dela. Em Manchester, como Costinha, por exemplo. E frente ao Benfica, então, nem é preciso mencionar Bruno Moraes, porque na memória de um lado e outro há um nome incontornável.

Neste domingo, uma «pequena desforra» daquele golo de Kelvin surgiu no Dragão. A conjuntura é diferente, claro, e a importância total deste ponto só poderá ser aferida lá à frente, quando se fizerem todas as contas do título.

Um dado é irrefutável, porém. O clássico viu o Benfica obter pontos como nunca o tinha feito no estádio portista. A águia nunca venceu no tempo extra (César Brito, em 1990/91 marcou aos 83 e 85 minutos) mas a partir deste domingo tem no registo uma igualdade arrancada nos descontos.

Há 19 empates na Invicta entre dragões e águias, para a liga, já com o encontro deste domingo. Em quatro ocasiões, o Benfica chegou à igualdade nos últimos minutos do clássico. Nunca tão tarde, ainda assim.

Em 2011/12, a última vez que as duas equipas se anularam no Dragão, Nico Gaitán fez o 2-2 final aos 82 minutos. Mais tarde marcou Ademir, em 1977/78, para uma igualdade (1-1) alcançada ao 83º minuto. 

Nico Gaitán celebra o 2-2 no Dragão: marcou aos 82 minutos, a 23 de setembro de 2011

Entrou César Brito em cena entre os 83 e os 85 do clássico já falado, mas, como em tantas outras coisas na vida encarnada, era responsabilidade de Eusébio o ponto mais tardio do Benfica nas Antas (e Dragão).

Esse feito de 1967/68, o Pantera Negra dividia com Chiquinho Carlos, que em 1986/87 marcou no mesmo minuto 86 (o que significaria que, a três jornadas do fim, manter-se-ia o empate pontual entre as duas equipas e o FC Porto seria campeão, duas jornadas depois, com os mesmos 51 pontos do rival).

Nesta noite, Eusébio e Chiquinho Carlos foram ultrapassados pelo argentino Lisandro Lopez, um nome habituado às redes do recinto, mas com as cores contrárias.

Outra vez o 90+qualquer coisa

Rui Vitória tinha dito que gostava de marcar aos 90+4 e vencer o jogo. Nem fez uma coisa, nem outra. Mas andou lá perto. O resultado é de 1-1, mas o clássico dá melhores sensações a benfiquistas do que portistas e nem será preciso explicar-lhes as razões.

No entanto, há a explicar que deixa de ser mera sorte o Benfica de Rui Vitória resolver as coisas quando a areia se está a esgotar no topo da ampulheta.

O caso mais fácil de lembrar é, precisamente, no Porto. Há 232 dias, o Benfica foi ao Bessa bater o Boavista por 1-0 com Jonas a marcar nos descontos. Mas não foi o último antes deste clássico. Num lance semelhante, Luisão resolveu no último suspiro a 3ª eliminatória da Taça de Portugal, já nesta temporada, com o 1º Dezembro.

No total, desde que Rui Vitória chegou ao Benfica, esta é a 7ª vez que os encarnados solucionam jogos no minuto 90+qualquer coisa. Porque arrancar um ponto no Dragão, nesta altura da Liga e conforme o encontro decorreu, tem de ser sempre visto como a resolução de um problema.

O último golo do Benfica, na Liga, apontado nos descontos aconteceu no Porto, mas o Estádio do Bessa: Jonas garantiu o 1-0 fundamental na luta pelo título

Na temporada passada, o Benfica chegou ao triunfo nos descontos dos jogos com Vianense (2-1, Taça de Portugal), Nacional (1-0, Taça da Liga), Zenit (1-0 e 2-1, Liga dos Campeões), Boavista (1-0, Liga), aos quais se juntam 1º Dezembro (2-1, Taça de Portugal) e FC Porto (1-1) desta época.

Mais do que isso, é a 11ª vez que os encarnados, sob comando de Vitória, somam pontos nos últimos dez minutos dos jogos: aliás, as duas igualdades de 2016/17 foram precisamente assim alcançadas (V. Setúbal na Luz, 1-1, com Jimenez a marcar aos 83).

Na temporada passada, o resultado estava em 1-1 nos jogos com Académica (fora, Jimenez aos 85) e Rio Ave (casa, 3-1, Jonas aos 81 e Jimenez aos 83) quando a equipa chegou ao triunfo; também na Luz, Jonas atirou para 3-2 frente ao Moreirense aos 86 minutos.

Antigamente, falava-se muito daqueles «minutos à Benfica», do início dos encontros. Agora, é preciso contar com os finais, também.

Um campeão nunca se rende. Este que é tri nacional até teve a primeira vitória nos descontos, quando tudo parecia em causa depois daquele mesmíssimo golo de Kelvin: perdia 1-0 com o Gil Vicente na Luz, marcou aos 90+1 e aos 90+2.

Neste domingo, o Benfica alcançou um ponto inédito no mais difícil estádio em que joga em Portugal, dizem os registos.

Continue a ler esta notícia