O «Herrerazo» e mais nove momentos que fizeram o campeão - TVI

O «Herrerazo» e mais nove momentos que fizeram o campeão

Benfica-FC Porto

Da chegada de Sérgio Conceição ao verdadeiro jogo de duas partes distintas no Estoril: todos os momentos contam, mas estes foram os mais marcantes

Da chegada de Sérgio Conceição ao verdadeiro jogo de duas partes distintas no Estoril: todos os momentos contam, mas estes foram os mais marcantes

1 - Um treinador que veio «para ensinar»

«Não vim para aprender, vim para ensinar». Esta foi uma das frases mais marcantes da apresentação de Sérgio Conceição no FC Porto. Foi o momento que deu início a tudo o que se seguiu. Depois de experiências falhadas com Paulo Fonseca, Julen Lopetegui, José Peseiro e Nuno Espírito Santo, o dragão encontra um líder. Um homem que conhece a casa, ainda com currículo curto mas com uma vontade grande de triunfar, que também ajudou a fazer a diferença.

2 - Braga confirma entrada à campeão

À quarta jornada, o primeiro grande teste da época. Com categoria em casa e de forma sólida fora de portas, o FC Porto tinha ultrapassado as barreiras colocadas por Estoril, Tondela e Moreirense. Vencer em Braga confirmaria uma entrada de candidato. E a armada de Conceição não vacilou. Jesus Corona fez um golaço logo na fase inicial do jogo, o FC Porto controlou até ao fim e até poderia ter ganhado por mais. Manteve o pleno de vitórias, que só cairia em Alvalade, e a liderança da Liga. O dragão estava com fome e era mesmo candidato a campeão.

3- O primeiro empate levou ao grito de Conceição

O FC Porto vinha de sete triunfos seguidos quando chegou a Alvalade. Num jogo em que dominou por completo, algo assumido inclusivamente por Jorge Jesus, não conseguiu manter o ritmo e cedeu os primeiros dois pontos. Terminou sem golos, mas não sem emoção. Na roda que começava a ficar famosa e que os jogadores e equipa técnica faziam no relvado no final de todos os jogos, as câmaras televisivas apanham um grito em forma de confidência de Sérgio Conceição: «Vamos ser campeões!». Os jogadores não desvalorizaram a mensagem e, sete meses depois, fizeram-lhe a vontade.

4 - A maior goleada, com novidade na baliza

Foi a jornada seguinte ao empate em Alvalade, mas tanta coisa aconteceu pelo meio. O FC Porto estreou-se na Taça de Portugal com goleada ao Lusitano Évora (6-0) e foi jogar a Leipzig para a Liga dos Campeões perdendo 3-2. Na baliza, em ambos, José Sá. Se na Taça ninguém estranhou, a continuidade da Champions apanhou toda a gente de surpresa. Na 8.ª jornada, na receção ao Paços de Ferreira, ficava consumada a troca na baliza: Iker Casillas ia para o banco de onde só sairia, na Liga, pela 24.ª jornada. Quando ao jogo, foi mais uma goleada portista, a maior do campeonato: 6-1!

5 - A primeira desilusão a sério no duelo com o Benfica

O FC Porto já tinha cedido pontos com Sporting e Desp. Aves, sendo que, sobretudo o segundo resultado, esteve naturalmente longe de agradar. Mas a primeira grande desilusão da época, num ano em que não abundaram, aconteceu no Dragão frente ao Benfica. O FC Porto não saiu do nulo, tal como acontecera em Alvalade, desperdiçando ocasiões suficientes para vencer, sobretudo na reta final. Era a oportunidade de deixar o rival no tapete, mas os homens de Rui Vitória conseguiram agarrar-se às cordas e só tombaram uma volta depois, quando até parecia bem menos provável.

6 - Estoril: o tal jogo de duas partes distintas

Conhecem a expressão estafada do «foi um jogo com duas partes distintas»? Pois bem, aqui aplica-se na perfeição: a primeira parte do Estoril-FC Porto, da 18.ª jornada, jogou-se a 15 de janeiro e a segunda 21 de fevereiro. Por culpa da bancada norte, cuja segurança em risco levou à interrupção do jogo ao intervalo. Com uma equipa renovada, o FC Porto consumou a reviravolta de 1-0 para 1-3 com golo de Telles (que se lesionou) e bis de Soares, e só precisou de meia parte. Num jogo atribulado pelas inusitadas incidências, o dragão apareceu dominador na segunda parte e no fim ampliou a vantagem no comando para 5 pontos, com 13 jogos por disputar.

7 – Leão abatido e volta olímpica

Comecemos pelo fim: o clássico termina com os jogadores do FC Porto a darem a volta olímpica ao relvado e cantando em uníssono com os adeptos «Eu Quero o Porto Campeão!». O triunfo por 2-1 no Dragão sobre o Sporting (com golos de Marcano e Brahimi) praticamente arredou os leões da luta pelo título. A equipa de Sérgio Conceição venceu o primeiro clássico da Liga, depois de três empates entre os três grandes, e ficou com oito pontos de vantagem sobre Sporting e cinco sobre o Benfica a nove jornadas do final.

8 – A cruz do Restelo e liderança perdida

Após a vitória no clássico frente ao Sporting, o título parecia encaminhado… Parecia. Ninguém esperava, porém, que nas duas deslocações que se seguiram o até então invicto FC Porto perdesse os dois jogos. À derrota por 1-0 em Paços de Ferreira (jornada 26), seguiu-se novo desaire na jornada 28, por 2-0 em casa do Belenenses. A cruz do Restelo pesou nas costas do dragão, que perdeu a liderança e foi ultrapassado pelo Benfica, ficando a um ponto do 1.º lugar, que era seu desde o arranque do campeonato (exceto quando teve jogos em atraso). Impressionante, mesmo assim, foi o apoio do público portista, que proporcionou a melhor casa da época no Restelo (assistência de 12 859 espectadores), que no final, após o desaire, não esmoreceu nos cânticos e aplausos à equipa.

9 – Herrerazo: a acender a luz do campeão

15 de abril: o dia da viragem. A escolher um momento do campeonato, este será sem sombra de dúvida o minuto 89 do Benfica-FC Porto: o momento da redenção de Herrera, que um ano e meio antes havia ficado marcado por um canto que viria a dar um empate num clássico no Dragão frente aos encarnados. Desta vez, no jogo do título, na jornada 30, à entrada da área, o capitão disparou para o golo do clássico e do campeonato. Os dragões vencem, depois de uma segunda parte em que foram superiores, e ultrapassam o Benfica, que fica a dois pontos, a quatro jornadas do fim e com um clássico ainda por disputar. Uma espécie de Maracanazzo na Luz. Ou de momento Kelvin, mas com Herrera. 15 de abril foi o dia do Herrerazo.

10 – Caminho Marítimo para o título

Da partida no Dragão, com milhares de adeptos na despedida, ao regresso ao aeroporto, com uma multidão ainda maior na receção, a festa antecipada do título fez-se na jornada 32. A surpreendente derrota do Benfica na Luz diante do Tondela acelerou a definição do título, que ficaria quase em definitivo encaminhado com o triunfo do FC Porto na Madeira, ilha amaldiçoada nas últimas temporadas. Seis anos depois, os azuis e brancos voltaram a ganhar na Madeira. Um golo de Marega, aos 89’, abriu o caminho Marítimo para o título. Após a chegada apoteótica ao aeroporto do Porto, no passado domingo, a festa haveria de ser consumada com o empate no dérbi, na véspera da celebração no Dragão frente ao Feirense.

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